segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Delegado confirma suicídio do ator Walmor Chagas


A Polícia Civil de Guaratinguetá divulgou nesta segunda-feira um laudo provisório que indicou vestígios de pólvora na mão direita de Walmor Chagas, o que sustenta a hipótese de suicídio. A informação foi confirmada por Antonio Luiz Marcelino, delegado do 2° Distrito Policial de Guaratinguetá. "O perito ainda vai dar o laudo definitivo, mas não resta dúvidas de que foi suicídio", afirmou. O caseiro João Arteiro de Almeida, que encontrou o corpo de Walmor, também passou pelo exame residuográfico e o resultado foi negativo. Walmor foi encontrado morto na última sexta-feira em sua chácara na cidade do interior de São Paulo, com um tiro na cabeça. Ele estava sentado em uma cadeira e portava um revólver calibre 38 sobre o colo. A Polícia Civil ainda aguarda o resultado de uma necrópsia e da perícia no local da morte. Além disso, um inquérito que averigua o motivo que levou Walmor a se matar está em andamento. É quase uma bobagem continuar com essa investigação. Walmor Chagas estava sofrendo com diabete, estava praticamente cego, e tinha dificuldades de movimentação. Assim, decidiu que não valia a pena continuar a viver dessa forma, sem dignidade, o que é compreensível em um ator e intelectual, uma pessoa altamente sensível. Segundo Marcelino, empregados, familiares e vizinhos serão ouvidos e a investigação deve terminar em 30 dias. Para o empresário e amigo de Walmor, Antônio Carlos Cardoso, o ator tirou a própria vida porque estava muito doente e não queria dar trabalho para amigos e parentes. "Acredito que seu suicídio foi resultado da sua teimosia, não queria ser um peso para ninguém. Ele na verdade quis escolher a hora de sua própria morte", disse. O corpo de Walmor foi cremado em uma cerimônia reservada para amigos e parentes no Cemitério Parque das Flores, em São José dos Campos, no sábado. Uma das poucas declarações da família foi da irmã Jussara Chagas, que mora em Porto Alegre. "Ele foi muito importante para a cultura do país", comentou ao deixar a capela onde foi feita a cremação do corpo. As cinzas do ator deverão ser jogadas na Serra da Mantiqueira. Gaúcho da cidade de Alegrete, Walmor Chagas nasceu no dia 28 de agosto de 1930. Ele se mudou para São Paulo nos anos de 1950 para apostar no cinema. Seu primeiro filme foi "São Paulo S.A." (1965), de Luís Sérgio Person, ao lado de Eva Wilma. Além de "Cara ou Coroa", no ano passado, Walmor pôde ser visto também em "A Coleção Invisível", de Bernard Attal. No cinema, deixou como legado os longas "Valsa para Bruno Stein" (2007), "Asa Branca - Um Sonho Brasileiro" (1980) e "Beto Rockfeller" (1970), entre outros. Na TV, ele começou com uma participação no programa "Grande Teatro Tupi", da TV Tupi, em 1953. Mas sua estreia como ator foi na Globo, em 1974, na novela "Corrida do Ouro". Entre os folhetins da Globo em seu currículo estão "A Favorita" (2008), "Pé na Jaca" (2006), "Esperança" (2002), "Selva de Pedra" (1986) e "Vereda Tropical" (1984). Na Record, ele fez "Os Mutantes: Caminhos do Coração" (2007). Em 1992, ele também foi apresentador do programa "Você Decide". Walmor Chagas fundou, em 1952, o Teatro das Segundas-Feiras, com Ítalo Rossi. A primeira peça foi "Luta Até o Amanhecer", de Ugo Betti. Entre as principais peças estão "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?" (1965), "Esperando Godot" (1969) e "Um Equilíbrio Delicado" (1999). Com mais de 60 anos de carreira, ele atuou em cerca de 40 peças, 20 filmes e 30 novelas. Walmor era viúvo da atriz Cacilda Becker, com quem teve uma filha, Maria Clara Becker Chagas.

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