terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Prédio do DOI-Codi em São Paulo pode se transformar em museu


Ao visitar nesta terça-feira o antigo prédio do DOI-Codi, na rua Tutóia, no bairro Paraíso, em São Paulo, a ex-presa política Darci Miyaki disse que não gosta nem de passar perto do local, onde foi torturada durante a ditadura militar (1964-1985). "Depois de 41 anos, é a primeira vez que eu volto para cá”, contou Darci Miyaki, que foi ao prédio em companhia de outros ex-presos políticos para fazer um reconhecimento do local. Posteriormente, eles vão pleitar a transformação do prédio em um museu ou memorial. De acordo com Lúcio França, membro da Comissão dos Direitos Humanos da Seccional da OAB-SP, o objetivo é preservar o prédio do Destacamento de Operações de Defesa Interna-Centro de Operações de Defesa Interna para que, futuramente, sirva como um memorial pelas vítimas ou um Museu da Tortura, como o que existe em Amsterdã, na Holanda. Hoje, o prédio localizado na Rua Tutóia, 921, serve como 36º Distrito Policial da capital e também abriga um estacionamento, onde é deixada a subfrota do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Ele sempre foi uma delegacia de polícia, mesmo quando ali funcionava a Operação Bandeirantes. Na época em que ali funcionou o DOI-Codi, várias personalidades foram torturadas no prédio. Entre elas, a presidente Dilma Rousseff e o jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura no dia 25 de outubro de 1975. Ali também esteve preso o jornalista Marcos Faerman. Para Darci, que permaneceu presa no DOI-Codi (Operação Bandeirantes) durante sete meses e ficou estéril, em consequência das torturas, a preservação da memória trará reconhecimento também para o sofrimento de quem viveu o mesmo drama que ela. As recordações do prédio também emocionaram Clóvis de Castro, que permaneceu 30 dias no DOI-Codi. “A qualquer hora da noite, a gente ouvia barulho de chaves, de um monte de chaves. Era uma expectativa para saber quem é que ia subir para a sala de tortura. E nós atravessávamos aqui o pátio e subíamos para a sala de tortura”, lembrou Castro. A visita do repórter policial Antônio Carlos Fon ao prédio, 44 anos depois da prisão, o fez recordar os diferentes tipos de tortura que sofreu: “Cadeira do dragão, maquininha de choque, pau-de-arara, socos e pontapés". Fon disse que se emocionou pelos companheiros que passaram pelo prédio: "É uma emoção muito grande". É impressionante que até hoje ainda não tenham transformado o local em um memorial, aos moldes do que foi feito em Buenos Aires, nas instalações da ESMA, o maior centro de tortura da ditadura militar argentina.

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