segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Henrique Eduardo Alves é eleito presidente da Câmara


Cercado de denúncias, mas com apoio maciço na base governista e na oposição, o deputado federal potiguar Henrique Eduardo Alves (PMDB) foi eleito nesta segunda-feira o novo presidente da Câmara. O peemedebista recebeu 271 votos, 22 a mais do que o mínimo necessário para ganhar a disputa no primeiro turno. O mandato tem duração de dois anos. Henrique Alves enfrentou três adversários em votação secreta, que entraram na disputa praticamente só para marcar posição: Júlio Delgado (PSB-MG), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Chico Alencar (PSOL-RJ). O trio obteve 165, 47 e 11 votos, respectivamente. Houve 3 votos nulos, e 16 deputados não compareceram à sessão. Integrante mais antigo da Câmara, com 11 mandatos, Alves chegou à Casa em 1971 e tem a biografia marcada por histórias mal-explicadas. Nos últimos anos, ocupou a liderança da bancada do PMDB e dedicou-se a ao papel de capitanear os pleitos de aliados com o governo federal, especialmente a nomeação de cargos e a liberação de recursos por meio de emendas ao Orçamento federal. Nesta segunda-feira, ao subir à tribuna para pedir o voto dos colegas, Henrique Alves não negou as denúncias. Em uma frase ambígua, ele disse que se trata de “labaredas que não chamuscam o alicerce”. A declaração foi uma referência ao peso dos anos que passou na Casa – e, com isso, ao histórico de acordos e leniência com os deslizes que mancham o parlamento. Em seu discurso, o deputado afirmou ainda que não tem o direito de falhar: “Eu não me perdoaria se, depois de ali me sentar, tivesse de dizer a mim mesmo, eu não pude fazer isso, mas outro depois de mim virá e fará’”, afirmou. O peemedebista também prometeu benefícios aos colegas, como a aplicação compulsória das emendas parlamentares, uma distribuição mais equânime das relatorias importantes e o aumento da divulgação da atividade parlamentar na TV Câmara. Ele foi aplaudido pela maioria da Casa. Alves destinou recursos de sua verba indenizatória da Câmara para uma empresa-fantasma ligada a um ex-assessor do PMDB. Oficialmente, a Global Transportes alugava carros para Henrique Eduardo Alves ao custo de 8 300 reais mensais. Na prática, a companhia tem uma sede de fachada e não possui patrimônio. Nem o deputado soube dizer qual carro a Global fornece a seu gabinete. Henrique Eduardo Alves  também direcionou parte de suas emendas parlamentares a uma construtora nada convencional: a Bonacci, com sede de fachada (mais uma vez) e ligada a um ex-assessor dele (mais uma vez). As revelações, entretanto, não foram suficientes para estremecer a candidatura do peemedebista. Nem a oposição rompeu com ele: o PSDB, de olho na divisão dos cargos na Mesa Diretora, não demonstra constrangimento em continuar no barco peemedebista.

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