quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Militar diz que vazou dados ao WikiLeaks para revelar abusos dos Estados Unidos


O militar americano Bradley Manning admitiu nesta quinta-feira que divulgou dados confidenciais do governo dos Estados Unidos ao site WikiLeaks. Ele reconheceu o crime, mas disse que o fez para poder revelar abusos cometidos nas guerras do Afeganistão e do Iraque. Manning está preso desde 2011, acusado de 22 crimes, dentre eles vazamento de informação e traição aos Estados Unidos devido ao vazamento de informações ao site comandado por Julian Assange. A divulgação de documentos pelo WikiLeaks foi o maior vazamento de dados da história americana. Em declaração de 35 páginas no tribunal militar onde será julgado, o soldado reconheceu dez dos 22 crimes, incluindo o vazamento de informações: "Eu acredito que se o público em geral tem acesso à informação, isso pode levar a um debate doméstico sobre o papel dos militares e da política externa em geral". Os dez crimes que admitiu possuem pena combinada de 20 anos de prisão. Porém, Manning negou ter cometido outros 12 delitos, incluindo o de traição aos Estados Unidos e fornecimento de informação ao inimigo, usando como argumento a necessidade de revelar os excessos dos militares americanos: "Sabia que tinha conseguido algo que me permitiria ter a consciência tranquila". O militar é acusado de divulgar milhares de documentos e informações do Exército sobre operações nas guerras do Iraque e do Afeganistão, comunicações do Departamento de Estado, informações sobre a base militar de Guantánamo e alguns vídeos. Dentre eles estão as imagens da morte de cem civis após um bombardeio de um helicóptero Apache no Iraque, em 2010. No vídeo, os militares demonstraram frieza e prazer com a ação, além de usar vocabulário depreciativo para descrever os iraquianos. Manning disse que tentou primeiro filtrar essa e outras informações para entregá-las aos jornais "Washington Post" e "New York Times", dois dos mais importantes nos Estados Unidos, além do portal Politico. Ambos rejeitaram a fonte. Ele disse que acabou escolhendo o WikiLeaks após ter conversado com uma pessoa pela internet, que usava um pseudônimo, mas que acredita ser o fundador do site, Julian Assange. O militar atribuiu a sua curiosidade e interesse por geopolítica a filtragem das informações sigilosas que, para ele, não causaria nenhum dano.

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