sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

PSB: por que não te calas, Lula?


Do projeto político do PSB para 2014, cuida o PSB. O aviso foi dado na quarta-feira por interlocutores do governador pernambucano e presidente do PSB, Eduardo Campos. Enquanto o ex-presidente Lula, como articulador do PT, traça todo tipo de cenário com o intuito de tirá-lo da disputa com a presidente Dilma Rousseff, inclusive acenando com o escanteio de Michel Temer e do PMDB na chapa para acomodá-lo como vice em 2014, o governador madrugou nesta quinta-feira em Brasília para se reunir com a cúpula do partido e traçar sua própria estratégia e um plano de trabalho político para 2013. Como Lula, que pretende retomar suas caravanas pelo País em maio, e Dilma, que já está na estrada, Eduardo Campos percorrerá Estados brasileiros a partir de abril, para participar de seminários e debates com setores diversos da sociedade sobre o que pode ser o embrião de um programa de governo. Nas reuniões internas do partido, estes encontros já foram batizados de “Diálogos do Desenvolvimento”. E os objetivos começam a ser traçados: além do novo federalismo, propor políticas de industrialização e geração de empregos que possam tirar mais rapidamente os pobres da dependência dos programas assistenciais, marca do governo petista. Eduardo Campos não admite que esteja numa espécie de pré-campanha. Todo esforço, diz, é para consolidar o crescimento do partido. Mas nas reuniões de quinta-feira com o comando do PSB ficou claro o desconforto dele e de outros dirigentes com o que classificam, reservadamente, como uma tentativa de Lula de atropelar e tumultuar o jogo. O governador chegou a Brasília às 3h30m da madrugada e teve um café da manhã com colegas da Executiva. Nas conversas políticas, Eduardo Campos mostrou estranheza com as articulações de Lula sem que o ex-presidente tenha falado com ele. À tarde, após sair de uma audiência no Ministério do Planejamento, disse: "Não discuti 2014 com ninguém. Tudo que o Brasil não precisa agora é ficar montando palanque e chapa. Podemos ter em 2014 um ano melhor que 2013, mas primeiro precisamos ganhar 2013. O que precisamos montar agora é canteiro de obras, gerar empregos. À provocação de que petistas tentam empurrar sua entrada na corrida presidencial para 2018, Eduardo Campos joga a cabeça para trás e responde com um sorriso silencioso de quem quer dizer: não posso esperar tanto tempo. Diplomático e cuidadoso, não diz que sim nem que não. Seus colegas de partido, no entanto, estão autorizados a falar. "Respeitamos o presidente Lula e não temos como controlar o que ele fala. Mas nosso compromisso é o de fortalecer nosso partido. E o nosso propósito, claro, é fortalecer nosso principal líder, Eduardo Campos", afirmou Carlos Siqueira, integrante da Executiva Nacional do PSB, após a reunião com o governador. A avaliação feita entre os integrantes da Executiva é que o PSB capitalizou politicamente as eleições para os presidentes do Congresso, saindo em vantagem em relação ao PT e ao PSDB, que se aliaram para eleger Renan Calheiros (PMDB-AL) presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara. O PSB bancou a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) na Câmara, contra o favorito Henrique Alves, apoiado por 20 partidos governistas e de oposição, que teve surpreendentes 165 votos. "A votação de Júlio Delgado só não foi melhor porque não ganhou", comentou Eduardo Campos, rindo muito. Ele disse que não falaria sobre a participação do PSDB no processo, mas ressaltou que o PSB teve uma posição muito clara em defesa da renovação e do fim da velha maneira de fazer política: "Na Câmara, disputamos com um candidato jovem, que representava a renovação. Tivemos uma votação muito bonita, que surpreendeu muita gente. Lá, expressamos uma posição muito clara em defesa da renovação do jeito de fazer política. Não foi possível vencer. Mas se plantaram ali ideias para o futuro". Alfinetando o pré-candidato tucano em 2014, Aécio Neves (PSDB-MG), que no Senado defendeu o voto em Pedro Taques (PDT-MT), mas não fez discurso no dia da eleição, Campos lembrou que os quatro senadores do PSB subscreveram um documento público defendendo a renovação e foram à tribuna contra Renan Calheiros.

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