terça-feira, 5 de março de 2013

Boate assassina Kiss funcionou um ano sem alvará de incêndio do Corpo de Bombeiros


A boate assassina Kiss funcionou durante um ano (entre agosto de 2010 e agosto de 2011) sem alvará de prevenção a incêndio. Isso foi verificado pela jornalista Adriana Irion, ao analisar o histórico de emissão de alvarás que consta no sistema do Corpo de Bombeiros de Santa Maria. O primeiro alvará foi emitido pelos bombeiros em agosto de 2009. Teria de ser renovado um ano depois. Mas, conforme o histórico, só houve nova emissão de alvará de prevenção a incêndio em 11 de agosto de 2011. Ela contatou o comandante regional dos bombeiros, Moises da Silva Fuchs, que disse que a Secretaria de Segurança é que tem todas as informações. A assessoria da secretaria informou que o dado sobre a ausência do alvará já está sendo verificado por Fuchs. Quando ocorreu o incêndio que resultou na morte de 240 pessoas, em 27 de janeiro, a boa assassina Kiss estava, mais uma vez, com o alvará dos bombeiros vencido. Em um dos inquéritos civis do Ministério Público que apuram questões relativas à boate Kiss, há um documento, assinado por um bombeiro, o capitão Alex da Rocha Camillo, que reforça a informação de que a boate não teve, por um ano, o alvará de incêndio. Com data de 25 de outubro de 2011, o documento encaminhado ao Ministério Público diz: "... informo-lhe que, conforme o solicitado, o estabelecimento boate Kiss, PPCI 3106, regularizou as pendências junto a esta seção, sendo expedido o Alvará de Prevenção de Incêndio, em 11 de agosto do corrente ano e posteriormente sendo retirado pela parte interessada no dia 18 do referido mês". O promotor que atuava no caso à época, João Marcos Adede y Castro, disse: "Não lembro dos detalhes, porque já faz algum tempo que estou aposentado, mas o alvará dos bombeiros estava vencido, sim. Foi regularizado em função do inquérito que instaurei. O primeiro alvará emitido pelo Corpo de Bombeiros para a Kiss, em agosto de 2009, teve como base um Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) feito pela engenheira mecânica Jozy Maria Gaspar Enderle, proprietária da empresa Marca Engenharia. Ela depôs à polícia admitindo ter feito o plano. Disse também que foi ela que retirou o alvará junto à Seção de Prevenção a Incêndio (SPI) de Santa Maria. Mas, a repórter Adriana Irion  constatou que o documento foi retirado pelo bombeiro aposentado Clandio Silva Ribeiro, que, à época, tinha um relacionamento com a engenheira. Jozy falou do relacionamento em seu depoimento. O nome de Clandio aparece no sistema dos bombeiros cinco vezes como sendo quem retirou documentos de interesse da Kiss. Jozy também contou à polícia saber que junto à Seção de Prevenção a Incêndio dos "bombeiros existe uma relação das empresas que prestam serviços na área de prevenção contra incêndios". Ela citou nomes de empresas, entre elas, a Hidramix.

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