domingo, 10 de março de 2013

Caos logístico deve atrasar vendas de soja da próxima safra


Os crescentes custos de logística no Brasil e o caos do escoamento dos grãos para a exportação neste ano deverão provocar mudanças no modelo de precificação da soja brasileira já na safra 2013/14, com maior lentidão nas vendas antecipadas ao longo deste ano. Uma safra recorde de grãos está a caminho dos portos e filas de caminhões já se formam nas principais estradas de acesso. Além disso, a espera de navios para se embarcar soja e milho e outros produtos agrícolas pode chegar a 40 dias, numa sinalização do que serão os problemas dos próximos meses e seus consequentes custos. Neste ano, além do histórico problema logístico, agravado pela grande safra, o setor exportador do Brasil ainda lida com uma nova legislação que regulamenta o trabalho de motoristas de caminhão, reduzindo o número de horas que cada profissional pode trabalhar e encarecendo o frete rodoviário. Tudo isso se converte em custo para a cadeia produtiva, incluindo multas pagas pelos comerciantes pelos atrasos para embarques das mercadorias nos navios. Outro efeito do atraso nos embarques é que está caindo sensivelmente o prêmio da soja pago pelos compradores. Os elevados preços obtidos com a oleaginosa têm levado cada vez mais produtores a fecharem a venda antecipada da produção, em busca de garantir rentabilidade, mas para a próxima temporada isso pode ser diferente. Em janeiro de 2012, antes mesmo do início da colheita, 51% da safra brasileira de soja já estava negociada. Em janeiro de 2013, com a oleaginosa em um dos maiores preços da história, esse índice havia pulado para 69%. Para a próxima safra será difícil calcular os custos reais do transporte e, para evitar riscos e prejuízos, as empresas deverão considerar as estimativas mais pessimistas. Uma das consequências diretas da menor venda antecipada deverá ser o atraso na decisão de compra de insumos, como fertilizantes e sementes, levando também estes mercados a ter mais instabilidade. Consultores do setor fazem um cálculo preocupante sobre a capacidade dos portos brasileiros de exportar toda a soja que os compradores internacionais esperam, após uma redução dos estoques mundiais em decorrência das quebras na safra dos Estados Unidos, da Argentina e da região Sul do Brasil, em 2012. Ele projeta que o Brasil deverá ter demanda para embarcar 40 milhões de toneladas de soja, que também vai competir com espaço nos terminais com 26 milhões de toneladas de milho a serem exportados neste ano safra. A avaliação é de que a capacidade de embarques de grãos do Brasil seria de 9 milhões de toneladas por mês, consideradas as melhores movimentações que os terminais brasileiros já registraram em algum momento no passado. A capacidade do Brasil seria para embarcar 75 milhões de toneladas por ano, descontando os meses em que não há grãos nos portos devido à entressafra e sem considerar interrupções causadas por greves e chuva. O número é muito próximo dos 66 milhões de toneladas da soma de soja e milho. Com bases nestes números, os portos brasileiros precisariam operar com 90% de eficiência daqui para a frente, mas, a média histórica é de eficiência de 70%.

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