Bancos
suíços suspeitam que Paulo Maluf continuaria lavando dinheiro e bloqueiam
transação de sua empresa, a Eucatex, em Zurique. O UBS em Zurique alertou à
COAF no Brasil sobre “possíveis atividades suspeitas” na tentativa da Eucatex
de transferir a uma empresa uruguaia R$ 47 milhões no final de 2012. A
movimentação foi considerada pela Justiça paulista como um sinal suspeito de
que Maluf continuaria a usar a Eucatex como veículo para lavagem de dinheiro. O
UBS se recusou a autorizar a transferência. Na sexta-feira, o banco Itaú, que
representa o UBS no Brasil, foi intimado a executar a ordem da Justiça de São
Paulo de bloquear os bens até o limite de R$ 519,7 milhões da Eucatex S.A. O
valor corresponderia ao que teria sido desviado pelo ex-prefeito da capital
paulista e deputado Paulo Maluf (PP) e serviria para ressarcir os cofres
públicos por causa de dinheiro supostamente desviado da Prefeitura. A decisão é
da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4ª Vara da Fazenda Pública. A liminar
havia sido pedida pelo promotor Silvio Antônio Marques, da Promotoria de
Justiça de Defesa do Patrimônio Público. A nova suspeita na Suíça sobre Maluf
foi registrada no dia 19 de fevereiro deste ano, quando o Conselho de Controle
de Atividades Financeiras comunicou a tentativa da Eucatex de transferir ações
de sua emissão do banco UBS à empresa uruguaia Cuznar. O banco envolvido na
negociação, o Finter Bank de Zurique, se negou a revelar quem seria o dono dos
valores mobiliários. O alerta foi passado ao COAF pelo Itaú, banco que
representa o UBS no Brasil. O banco brasileiro informou que, no dia 6 de
outubro de 2012, o Finter Bank pediu ao UBS em Zurique fazer a transação de R$
47 milhões da Eucatex aos uruguaios. O UBS, em diversas ocasiões desde então,
solicitou ao Finter Bank informações sobre quem seriam os proprietários das
ações. Cinco meses depois, o UBS ainda não tinha recebido as informações e o
único dado repassado ao maior banco suíço foi que a pessoa envolvida era
classificada no país como PEP – sigla para Politically Exposed People (Pessoas
Politicamente Expostas). Sem informações, o UBS decidiu bloquear a transação
até que ficasse esclarecida sua natureza. Coube então ao Itaú, com base em
cartas assinadas pelos executivos do UBS, Stephan de Boni e Oliver Barcholet,
comunicar às autoridades brasileiras do fato. Para a Justiça paulista, a
mudança de custodiante das ações pela Eucatex foi uma prática que Maluf se
utilizou em diversas ocasiões nos últimos dez anos. Isso envolveu transações de
até US$ 74 milhões em 2001 no mesmo Finter Bank de Zurique, além do uso da
Durant Int, empresa que, em Jersey, já foi identificada como um dos veículos de
Maluf para depositar dinheiro fruto de corrupção.
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