domingo, 21 de abril de 2013

Ataque amplia pressão nos Estados Unidos para tratar preso como "combatente inimigo"


Preso e hospitalizado na noite de sexta-feira, Dzhokhar Tsarnaev, americano de origem chechena, deverá perder seu direito de manter-se calado e de ter advogado a seu lado durante os interrogatórios. Sob a pressão de veteranos senadores, o governo de Barack Obama resistia até este sábado a declará-lo como “combatente inimigo”, tratamento usado especialmente para acusados de terrorismo depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 e banido em 2009. Dzhokhar Tsarnaev rendeu-se ao final de 22 horas de perseguição policial pelas ruas de Cambridge e de Watertown, cidades do subúrbio de Boston. Estava escondido em um barco estacionado em um reboque no quintal de uma casa. Seu irmão Tamerlan, de 26 anos, havia morrido em violento confronto com a polícia na noite anterior. Em circunstâncias normais, Dzhokhar ouviria as acusações de um juiz ainda no sábado. Mas estava internado, recuperando-se de ferimentos graves. A qualificação de Dzhokhar como “combatente inimigo” reacende uma controvérsia nos Estados Unidos, que a aplicou na década passada aos suspeitos de envolvimento com a organização terrorista Al-Qaeda. Se essa opção vier a prevalecer, ele será submetido a uma corte militar, como acontece aos detidos em Guantánamo. Embora Obama tenha identificado claramente Dzhokhar como “terrorista” em seus pronunciamentos sobre a tragédia de Boston, setores da Casa Branca resistem à aplicação do termo “combatente inimigo” e defendem que o caso seja tratado como uma exceção de segurança pública. A razão dessa cautela está no fato de Dzhokhar ser um cidadão americano, mesmo que há apenas sete meses. Como caso de exceção de segurança pública, ele responderia a um tribunal federal, em vez de submeter-se a uma corte estadual. “A minha jornada está começando”, adiantou-se Carmen Ortiz, promotora federal em Boston. As investigações em curso deverão indicar os rumos do processo judicial. Se for comprovado que os irmãos Tsarnaev receberam apoio de organizações extremistas do Exterior, será mais difícil para o governo Obama evitar que Dzhokhar seja qualificado como “combatente inimigo”. O senador republicano John McCain, candidato derrotado por Obama em 2008 e ex-prisioneiro de guerra no Vietnã, insistiu que esse não é um caso comum e defendeu essa qualificação. Para seu colega Lindsey Graham, também da oposição, a tragédia provou que o campo de batalha do terrorismo não está exclusivamente no Exterior, mas também nos Estados Unidos. “O país é um campo de batalha porque os terroristas pensam assim”, disse Graham: “A última coisa que nós podemos fazer é ler para esse suspeito os seus direitos de permanecer calado. Espero que o governo pelo menos considere manter o suspeito como combatente inimigo para propósitos de inteligência". O FBI prosseguiu neste sábado com as investigações sobre o atentado, especialmente sobre as possíveis conexões domésticas ou com organizações terroristas dos irmãos Tsarnaev. Na casa deles, em uma tranquila vizinhança de estudantes e trabalhadores em Cambrige, a polícia encontrou “significativa quantidade” de explosivos caseiros. Alguns desses artefatos haviam sido atirados por eles contra a polícia durante a perseguição.

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