quarta-feira, 3 de abril de 2013

Desembargador paulista afastado do cargo diz que precisa "por a cabeça para pensar"


"Eu confesso que fui apanhado de surpresa com isso", declarou o desembargador Arthur Del Guércio Filho, sobre a denúncia de que pediu R$ 35 mil dos advogados Nagashi Furukawa e Fabiane Furukawa para votar favoravelmente em recurso de interesse de um vereador do município de Bragança Paulista (SP): "Não sei nem o que dizer. Preciso de algum tempo para pensar sobre tudo o que ocorreu e para que eu tenha acesso aos documentos. Não tive acesso a nada até agora". Del Guércio Filho nega que tenha solicitado propina dos advogados: "Isso não tem o mínimo fundamento. Eu recebo todos os advogados em meu gabinete de forma rotineira. Não tenho nenhum tipo de restrição com relação a isso, a receber advogado". Sobre a suposta credora que o estaria pressionando, o desembargador Del Guércio Filho também refutou a denúncia: "Eu não sei de onde quiseram tirar isso. É tudo coisa que eu nem sei o que é. Eu não sei quais foram as alegações para o meu afastamento, não sei quais são os fundamentos". Aos 58 anos de idade, desde 1983 na magistratura paulista, juiz de carreira, Del Guércio Filho chegou ao Tribunal de Justiça em 2005, quando assumiu cadeira de desembargador. Ele está na 15ª Câmara de Direito Público desde 2007. Sob sua relatoria mantém acervo de 1.800 processos. Em 2012 fez dois mil votos. "Eu não quero que deturpem as coisas, para que não fique pior que já está", disse o desembargador. "Estou sendo pego de surpresa por isso preciso por minha cabeça para pensar. São 30 anos de dedicação à magistratura que estão jogando no lixo". Del Guércio disse que é alvo de "rito sumário" e que "nunca viu" um procedimento tão célere, como no seu caso. "Não tive acesso a esse voto do presidente do Tribunal, desembargador Ivan Sartori, que pediu meu afastamento cautelar. Levaram a denúncia ao Órgão Especial sem sequer me perguntar o que tinha acontecido, sem sequer me dar uma chance de falar ou de contra argumentar, alguma coisa assim, nesse sentido". O desembargador destaca que o episódio no qual se vê envolvido é relativo a um vereador do município de Bragança Paulista que teria sido condenado pelo Tribunal de Contas do Estado a devolver uma "determinada importância" aos cofres públicos. O recurso do vereador foi distribuído para a 15ª Câmara de Direito Público, colegiado integrado por Del Guércio.

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