O impasse em torno da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2011, que define a competência para
a investigação criminal, levou nesta quarta-feira à Câmara representantes do
Ministério Público e das polícias Federal e Civil. Eles se reuniram com o
presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que defendeu a
busca de um acordo entre as partes. Henrique Alves disse que pretende pautar a
votação da PEC para o início de junho. Segundo ele, os policiais federais e
civis e o Ministério Público terão o mês de maio para negociar e buscar um
consenso em relação à proposta. A PEC, que pretende limitar os poderes de
investigação criminal às polícias Federal e Civil, foi aprovada na comissão
especial e está pronta para ser votada em dois turnos pelo plenário da Câmara.
Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol),
Paulo Roberto D’Almeida, que participou da reunião, a PEC não é da
“impunidade”, como tem sido denominada pelos representantes do Ministério
Público. “Ela é a PEC da legalidade. Se o Ministério Público investigar, quem
vai fiscalizar os fiscais da lei”, perguntou ele. De acordo com o delegado, os
constituintes foram sábios ao definir na Constituição o papel de cada um: “a
defesa defende, o Ministério Público acusa, a Justiça julga e a polícia
investiga os casos – nem em defesa nem em acusação”. De acordo com o presidente
do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais, Oswaldo Trigueiro, com a PEC as
polícias já “em situação de desestruturação” vão ficar ainda mais
sobrecarregadas. “A consequência será a impunidade”, ressaltou. Ainda segundo
Trigueiro, se a PEC for aprovada como está, o Ministério Público vai perder o
poder de investigar. “O Ministério Público deixa de investigar aquilo que ele
hoje detém um conhecimento magnífico, que é a questão do combate à corrupção,
dos crimes contra a administração pública, sonegação”, declarou. A presidente
em exercício da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, Norma
Cavalcanti, disse que a PEC 37 é um “desserviço “ ao País. “É uma PEC que vai
aumentar a impunidade. É a PEC da insensatez. Estamos sendo punidos pelo nosso
trabalho correto nesses 25 anos de Constituição Cidadã”, disse. O
Procurador-Geral de Justiça da Amazônia, Francisco Cruz, destacou que se a PEC
for aprovada como está, limitando os poderes do Ministério Público de fazer
investigações, “estaremos fragilizados”. Segundo ele, o Ministério Público tem
sido um instrumento forte da sociedade, principalmente contra atos de corrupção
na administração pública.
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