quinta-feira, 11 de abril de 2013

Justiça bloqueia R$ 520 milhões em bens de Maluf, membro da CCJ; chegou a hora de deflagrar um surto de beijo de língua

Deixem-me ver. A Justiça bloqueou R$ 520 milhões de bens da Eucatex, empresa que pertence ao deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), amigão do PT (cantou “Lula-lá” no ano passado) e do prefeito Fernando Haddad, um notável progressista. Paulo Maluf, a exemplo de patriotas como os mensaleiros petistas José Genoino e João Paulo Cunha, é membro titular da mais importante comissão da Câmara dos Deputados: a de Constituição e Justiça. Caso se pergunte aos petistas como isso é possível, eles dirão que é da natureza do jogo, coisa do “presidencialismo de coalizão”. E, nesse caso, tudo é, então, permitido. Maluf não vira alvo dos petistas e das esquerdas porque, agora, está com eles. Essa gente é assim: desde que o antigo inimigo faça as devidas reverências, ela se oferece como lavanderia de reputações. Marilena Chaui, aquela que já comparou Lula a uma deusa grega, decidiu: Maluf não é mais uma acusado de corrupção; segundo ela, o homem pertence agora a uma nova tradição: a dos engenheiros. Por causa de duas ou três declarações infelizes, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) motivou uma espécie de surto de beijo na boca — sem língua, claro!, que beijo político tem de ser coisa asséptica, pudica… Maluf na CCJ, com o seu passado, deveria dar início, no mínimo, a beijos de indignação os mais molhados. Tudo é uma questão de senso de proporção, não é mesmo? Segue texto da VEJA.com. "A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de cerca de 520 milhões de reais em bens da Eucatex S/A Indústria e Comércio, empresa controlada pela família do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), hoje deputado federal. Segundo o Ministério Público, autor do pedido de bloqueio, a medida visa impedir que a família do ex-prefeito transfira bens da Eucatex para uma outra empresa, evitando o pagamento de indenizações por supostos desvios que aconteceram na administração de Maluf na capital paulista, estimados em cerca de 500 milhões de reais. O processo corre em segredo de Justiça. A decisão judicial, da 4ª Vara da Fazenda Pública, afirma, entretanto, que o bloqueio poderá ser revertido caso acarrete a quebra da Eucatex. No ano passado, a família Maluf registrou uma nova empresa, chamada ECTX, e anunciou que iria transferir para ela parte dos bens da Eucatex. Segundo a promotoria, a medida pretende blindar as propriedades e evitar o pagamento de ações que Paulo Maluf responde. Desde a criação da nova empresa, no ano passado, a Eucatex já teria transferido 320 milhões em bens para ECTX, de acordo com o Ministério Público. Nos últimos anos, a Justiça brasileira determinou em diversas ocasiões o bloqueio de bens da família Maluf, entre eles propriedades dos filhos do ex-prefeito, mas a Eucatex, apesar de ter sido apontada como um dos destinos das verbas desviadas da prefeitura, vinha sendo poupada. Fundada em 1951, a Eucatex é uma das maiores produtoras de pisos, divisórias, chapas de madeira, tintas e vernizes do Brasil. Tem mais de 2.400 funcionários e, em março deste ano, teve o valor de mercado avaliado em 790 milhões de reais. A família Maluf detém quase 60% das ações ordinárias (com direito a voto) da Eucatex, segundo informações do site da empresa. Já o conselho é presidido por Otávio Maluf, filho mais velho ex-prefeito. Também compõe o conselho Flávio Maluf (que acumula ainda a função de diretor-presidente), o ex-ministro da Fazenda, Delfim Neto, e Heitor Aquino, ex-secretário dos ex-presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo. (Por Reinaldo Azevedo)

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