terça-feira, 2 de abril de 2013

Ministério Público denuncia oito pessoas pelo incêndio na boate assassina Kiss


O Ministério Público gaúcho apresentou denúncia contra oito pessoas pelo incêndio da madrugada de 27 de janeiro, que matou 241 pessoas na boate assassina Kiss. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira, na sede do Ministério Público, em Santa Maria. Agora, o parecer do Ministério Público, que tem 30 páginas, será encaminhado ao Judiciário. Desde o dia 22 de março, quando a Polícia Civil entregou o inquérito referente a investigação da tragédia, os promotores criminais Joel Dutra, Maurício Trevisan e David Medina analisaram as mais de 13 mil páginas que compõem o documento.  No caso destas pessoas indiciadas pelos cinco delegados responsáveis pela investigação, em sua interpretação, os promotores encontraram provas suficientes para oferecer a denúncia. Neste primeiro momento, os promotores denunciaram os envolvidos mais diretamente no incêndio. Uma segunda etapa da denúncia poderá abranger os demais indiciados criminalmente. A denúncia será encaminha ao juiz da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, Ulysses Fonseca Louzada. A partir do recebimento, o juiz dá vista a defesa, que tem 10 dias para se manifestar. Após a manifestação da defesa, Louzada decide se aceita ou não a denúncia. Se o juiz acatar o pedido, os acusados pelo Ministério Público passarão de acusados para réus. Confira a lista dos denunciados pelo Ministério Público:
Denunciados por homicídio doloso (podem ir a júri popular) e tentativa de homicídio, Homicídio qualificado por fogo, asfixia e torpeza
1 - Elissandro Spohr, o Kiko (preso), 30 anos. Empresário de  era um dos sócios da Kiss. Natural de Santa Rosa, morava em Santa Maria com a namorada, que está grávida. Chegou a cursar duas faculdades na cidade natal (Artes Visuais e Administração), mas não se formou em nenhuma. Já trabalhou como ator e na empresa GP Pneus, que tem vínculo com sua família. Além de dono da Kiss há quatro anos, também era cantor da banda Projeto Pantana.
2 - Mauro Londero Hoffmann (preso), 47 anos, empresário e um dos sócios da Kiss. Nascido em Santa Maria, vive com a companheira e tem uma filha. Na década de 80, formou-se em Administração pela UFSM. Morou em São Paulo e na Europa, e voltou a Santa Maria, onde começou a vida de empresário da noite. Em 1989, abriu o bar Grafiku's. Tornou-se sócio e depois dono da boate Expresso 362, e da Bus Club. Na mesma época, manteve outras casas, como a Grecos. Em 1996, ano em que a Bus Club incendiou, começou a trabalhar com raspadinhas e loterias instantâneas. Depois, fundou o Absinto Hall, que foi bar na Rua Coronel Niederauer e, depois, boate no Monet Plaza Shopping, onde funcionou até janeiro deste ano. Nos anos 2000, criou o Absinto Arena que fechou. Em 2012, virou sócio da Kiss e, recentemente, havia aberto a Cervejaria Floriano.
3 - Luciano Bonilha Leão (preso), 35 anos, produtor da banda Gurizada Fandangueira. Natural de Porto Alegre, é casado, tem Ensino Fundamental completo e era responsável por projetar o palco e deixá-lo pronto e em condições para o show. Cuidava da segurança da banda. Também trabalhava como telemoto em Santa Maria.
4 - Marcelo de Jesus dos Santos (preso), 32 anos. Vocalista da banda Gurizada Fandangueira. É casado e mora em Santa Maria. Além de músico, durante a semana também trabalhava como azulejista.
Denunciados por fraude processual
5 - Gerson da Rosa Pereira, oficial do Corpo de Bombeiros, o major é chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros. Segundo a polícia, teria incluído documentos na pasta referente ao PPCI da Kiss após o incêndio.
6 - Renan Severo Berleze, 31 anos, é natural de Santa Maria. Sargento dos bombeiros, tem Ensino Superior incompleto e é casado. Berleze atua no 4º CRB há 10 anos. Inicialmente, trabalhou em combate a incêndios. No entanto, desde 2005, o militar atuava na Seção de Prevenção a Incêndio (SPI). Ele não trabalhou na madrugada do incêndio, mas foi indiciado pela Polícia Civil por incluir documentos na pasta referente ao PPCI da boate.
Denunciados por falso testemunho
7 - Elton Cristiano Uroda, ex-sócio da boate Kiss
8 - Volmir Astor Panzer, contador da GP Pneus, empresa da família de Kiko. Tentou omitir quem era o sócio investidor da Kiss
O Ministério Público solicitou o arquivamento em relação a três pessoas indiciadas pela Polícia Civil suspeitas de envolvimento com o incêndio na boate Kiss. Os promotores entenderam que em relação a Ricardo de Castro Pasche - gerente da Kiss -, Luiz Alberto Carvalho Junior - secretário do Proteção Ambiental de Santa Maria -, e Marcus Vinicius Bittencourt Biermann - funcionário da prefeitura de Santa Maria -, não há indícios mínimos de prática de crime. Agora, cabe a Justiça aceitar o pedido ou remeter a situação ao procurador-geral do Ministério Público, Eduardo de Lima Veiga, que pode oferecer a denúncia, encaminhar o caso a outros promotores, ou até concordar com o arquivamento. Quatro indiciados pela Polícia Civil, que não foram denunciados pelo Ministério Público nesta terça-feira, terão novas investigações feitas contra eles pela Polícia Civil. Ângela Aurelia Callegaro - irmã de Kiko -, Marlene Teresinha Callegaro - mãe de Kiko-, Miguel Caetano Passini - atual secretário de Mobilidade Urbana de Santa Maria -, e Beloyannes Orengo de Pietro Júnior - chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana -, serão investigados a fim de terem responsabilidades apuradas no incêndio que resultou em 241 mortes em 27 de janeiro. "Eles tiveram contribuição afetiva no cenário que resultou nas mortes", afirmou o promotor Maurício Trevisan.

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