Sem
a presença da Força Nacional, a segurança de trabalhadores e o cronograma
previsto para as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte poderiam estar
comprometidos, avalia o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). Desde o início
da obra, em junho de 2011, o consórcio contabiliza pelo menos 15 episódios de
conflitos como incêndios, invasões e depredações, além de paralisações. “A
importância desse empreendimento para o País, por si só, já justificaria a
presença da Força Nacional. Além disso, pela grandeza do empreendimento, que
tem atualmente 22 mil trabalhadores, esta é uma segurança a mais que damos para
esses brasileiros”, disse o diretor administrativo do CCBM, Marcos Luiz Sordi. O
prejuízo financeiro ainda não pode ser mensurado, por depender de cálculos das
seguradoras. Apesar disso, estimativas apresentadas em agosto de 2012 pela
Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina,
apontavam que cada dia de paralisação total da obra representa um prejuízo de
R$ 12 milhões – ou R$ 360 milhões por mês. Para evitar que manifestações –
algumas delas, segundo o próprio CCBM, motivadas pela disputa entre sindicatos
pela representatividade dos mais de 20 mil trabalhadores da obra – aumentem o
prejuízo, inviabilizem o empreendimento ou coloquem em risco a segurança dos
trabalhadores, o governo federal publicou, no dia 25 de março, uma portaria que
autorizou o envio da Força Nacional à região. A portaria oficializou a atuação
da Força Nacional em grandes obras. Segundo o documento, o objetivo é
"garantir incolumidade das pessoas, do patrimônio e a manutenção da ordem
pública nos locais em que se desenvolvem as obras, as demarcações, os serviços
e demais atividades atinentes ao Ministério de Minas e Energia". O
Ministério da Justiça (MJ) informou que a Força Nacional não faz em Belo Monte
qualquer interferência na relação entre empresas e trabalhadores e que ela atua
em mais seis operações no Pará. Atualmente a Força Nacional está presente nos
canteiros de Pimental e de Canais e Diques, enquanto a Polícia Militar garante
a segurança dos demais canteiros (Belo Monte e Bela Vista). No total, a Usina
de Belo Monte tem quatro canteiros de obras. “Em diversos momentos os próprios
operários manifestaram insegurança para trabalhar diante da atuação de uma
pequena minoria que promove e incita conflitos, mas temos de entender que são
atos isolados”, disse o comandante regional da Polícia Militar de Altamira, coronel
Paulo Garcia. A título de exemplo, o comandante citou o caso de um funcionário
que foi encontrado com dinamite no Sítio Belo Monte, onde ocorreram as últimas
manifestações. “Felizmente conseguimos contornar a situação, mas para quê eles
queriam dinamite dentro de um alojamento? Imagina um acidente com esse material
em um local com milhares de pessoas”, disse. As primeiras máquinas destinadas
às obras chegaram a Altamira em junho de 2011. Segundo o CCBM, em outubro
ocorreu a primeira manifestação de maior proporção, quando manifestantes
ligados a organizações não governamentais contrárias à hidrelétrica obstruíram
o acesso ao Sítio Belo Monte. Em novembro, pela primeira vez os trabalhadores
entraram em greve. No ano seguinte, em janeiro, ambientalistas invadiram o
Sítio Pimental e, em março, uma nova greve de trabalhadores foi iniciada. Uma
outra invasão, seguida de depredação, danificou, em junho, o escritório
administrativo do Sítio Belo Monte. O CCBM informou ter constatado ainda furtos
de equipamentos. Em julho, nova paralisação da produção no Sítio Pimental
devido a uma ocupação de indígenas na Ilha Marciana, e em setembro pescadores
impediram o acesso fluvial do CCBM à área de construção do Sistema de
Transposição de Embarcações nas Ilhas de Serra e Pedra do Sítio Pimental. Nova
invasão de indígenas ocorreu em outubro, paralisando as atividades no Sítio
Pimental, e em novembro um movimento de trabalhadores depredou e incendiou
instalações e veículos no Sítio Belo Monte. No início de 2013, uma outra ação
promovida por indígenas impediu novamente o acesso ao Sítio Pimental. Em março,
produtores rurais e indígenas ocuparam e paralisaram as obras no mesmo
canteiro. No mesmo mês um homem foi encontrado com dinamite no Sítio Belo
Monte, e novas depredações e incêndios de alojamento foram registrados neste
sítio e em Canais e Diques. Em abril, a Central Sindical Popular (Conlutas)
invadiu canteiros e paralisou a produção nos sítios Belo Monte e Pimental.
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