domingo, 14 de abril de 2013

Sem Força Nacional, segurança e obras de Belo Monte estariam comprometidas, diz consórcio


Sem a presença da Força Nacional, a segurança de trabalhadores e o cronograma previsto para as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte poderiam estar comprometidos, avalia o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). Desde o início da obra, em junho de 2011, o consórcio contabiliza pelo menos 15 episódios de conflitos como incêndios, invasões e depredações, além de paralisações. “A importância desse empreendimento para o País, por si só, já justificaria a presença da Força Nacional. Além disso, pela grandeza do empreendimento, que tem atualmente 22 mil trabalhadores, esta é uma segurança a mais que damos para esses brasileiros”, disse o diretor administrativo do CCBM, Marcos Luiz Sordi. O prejuízo financeiro ainda não pode ser mensurado, por depender de cálculos das seguradoras. Apesar disso, estimativas apresentadas em agosto de 2012 pela Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina, apontavam que cada dia de paralisação total da obra representa um prejuízo de R$ 12 milhões – ou R$ 360 milhões por mês. Para evitar que manifestações – algumas delas, segundo o próprio CCBM, motivadas pela disputa entre sindicatos pela representatividade dos mais de 20 mil trabalhadores da obra – aumentem o prejuízo, inviabilizem o empreendimento ou coloquem em risco a segurança dos trabalhadores, o governo federal publicou, no dia 25 de março, uma portaria que autorizou o envio da Força Nacional à região. A portaria oficializou a atuação da Força Nacional em grandes obras. Segundo o documento, o objetivo é "garantir incolumidade das pessoas, do patrimônio e a manutenção da ordem pública nos locais em que se desenvolvem as obras, as demarcações, os serviços e demais atividades atinentes ao Ministério de Minas e Energia". O Ministério da Justiça (MJ) informou que a Força Nacional não faz em Belo Monte qualquer interferência na relação entre empresas e trabalhadores e que ela atua em mais seis operações no Pará. Atualmente a Força Nacional está presente nos canteiros de Pimental e de Canais e Diques, enquanto a Polícia Militar garante a segurança dos demais canteiros (Belo Monte e Bela Vista). No total, a Usina de Belo Monte tem quatro canteiros de obras. “Em diversos momentos os próprios operários manifestaram insegurança para trabalhar diante da atuação de uma pequena minoria que promove e incita conflitos, mas temos de entender que são atos isolados”, disse o comandante regional da Polícia Militar de Altamira, coronel Paulo Garcia. A título de exemplo, o comandante citou o caso de um funcionário que foi encontrado com dinamite no Sítio Belo Monte, onde ocorreram as últimas manifestações. “Felizmente conseguimos contornar a situação, mas para quê eles queriam dinamite dentro de um alojamento? Imagina um acidente com esse material em um local com milhares de pessoas”, disse. As primeiras máquinas destinadas às obras chegaram a Altamira em junho de 2011. Segundo o CCBM, em outubro ocorreu a primeira manifestação de maior proporção, quando manifestantes ligados a organizações não governamentais contrárias à hidrelétrica obstruíram o acesso ao Sítio Belo Monte. Em novembro, pela primeira vez os trabalhadores entraram em greve. No ano seguinte, em janeiro, ambientalistas invadiram o Sítio Pimental e, em março, uma nova greve de trabalhadores foi iniciada. Uma outra invasão, seguida de depredação, danificou, em junho, o escritório administrativo do Sítio Belo Monte. O CCBM informou ter constatado ainda furtos de equipamentos. Em julho, nova paralisação da produção no Sítio Pimental devido a uma ocupação de indígenas na Ilha Marciana, e em setembro pescadores impediram o acesso fluvial do CCBM à área de construção do Sistema de Transposição de Embarcações nas Ilhas de Serra e Pedra do Sítio Pimental. Nova invasão de indígenas ocorreu em outubro, paralisando as atividades no Sítio Pimental, e em novembro um movimento de trabalhadores depredou e incendiou instalações e veículos no Sítio Belo Monte. No início de 2013, uma outra ação promovida por indígenas impediu novamente o acesso ao Sítio Pimental. Em março, produtores rurais e indígenas ocuparam e paralisaram as obras no mesmo canteiro. No mesmo mês um homem foi encontrado com dinamite no Sítio Belo Monte, e novas depredações e incêndios de alojamento foram registrados neste sítio e em Canais e Diques. Em abril, a Central Sindical Popular (Conlutas) invadiu canteiros e paralisou a produção nos sítios Belo Monte e Pimental.

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