quinta-feira, 25 de abril de 2013

Simon ataca Dilma de maneira virulenta, o que está por trás disso é a reeleição dele para o Senado Federal


O senador Pedro Simon (PMDB) produziu um virulento discurso na terça-feira à noite, no Senado Federal. Ele denunciou o "casuísmo" contra sua ex-colega Marina Silva, e disse: "Dilma é política vulgar e sem credibilidade". Simon falou para um Senado boquiaberto com a virulência dos ataques. O senador comparou o governo Dilma Rousseff ao governo dos marechais, mas considera que ele é ainda pior, porque produz casuísmos autoritários em plena democracia. A fala do senador gaúcho introduz um elemento altamente complicador na tentativa de líderes do PMDB do Rio Grande do Sul, que batalham para afivelar o apoio a Dilma Rousseff, inclusive para sua reeleição. A reunião-jantar convocada pelo vice Michel Temer para 130 prefeitos, deputados estaduais e federais, pode ter sido implodida com este discurso de Simon.  O senador pelo PMDB gaúcho, Pedro Simon, não poupou palavras nesta quarta-feira para criticar a ação coordenada pelo PT e operada pelo governo. No plenário do Senado Federal, Simon afirmou que Dilma começa a perder a credibilidade, algo que se um dia existiu foi apenas e tão somente por causa das esmolas sociais que garantem os resultados dúbios das pesquisas de opinião: "Dilma começa a perder a credibilidade, aparecendo como política vulgar ao tentar impedir que Marina crie partido, enquanto o PT esquece sua história e se submete ao Palácio". De acordo com o texto do projeto de lei em questão, parlamentares que ingressarem em novos partidos não carregarão o tempo de rádio e TV e os recursos proporcionais que detinham em suas siglas de origem. A nova norma é considerada casuísmo por Simon, porque atinge principalmente o partido que Marina Silva tenta criar, “Rede de Sustentabilidade”. Há pouco tempo foi permitida a criação do partido de Kassab, porque vinha apoiar o governo e agora mudam-se as regras para tirar Marina Silva do jogo eleitoral. Fato é que a preocupação de Dilma Rousseff, que vem perdendo a confiança da população, está não apenas em Marina Silva, mas em todos os que acenam com candidaturas de oposição, como é o caso do governador Eduardo Campos (Pernambuco), presidente nacional do PSB. Considerando o fato de que Dilma Rousseff dificilmente vencerá a eleição de 2014 no primeiro turno, uma aliança dos adversários na segunda etapa da corrida presidencial colocaria a presidente em situação de extrema dificuldade. O projeto, que limita a criação de novos partidos e atrapalha a candidatura da ex-ministra Marina Silva, foi considerado por Simon "um pacote de abril de quinta categoria", em referência ao conjunto de leis editadas em 1977 pelo então presidente militar Ernesto Geisel, que, entre outras coisas, fechou temporariamente o Congresso. "Talvez tenhamos de nos referir à marechala presidente. Talvez, daqui a pouco, ela tenha de aparecer com um casaco diferente, que pode até continuar sendo vermelho, sua cor preferida, mas com estrelas. O pacote de abril da dona Dilma começou, e o pior é que quem começa não volta para trás e se acostuma", disse. A diferença, disse o senador, é que naquela época o Brasil vivia uma ditadura. Agora, na democracia, "nos entregar é ato de covardia". O senador acredita que a presidente petista está "perdendo a credibilidade" e "se deixou ludibriar pela paixão do cargo e para se manter no cargo, custe o que custar".  Apesar da indesmentível influência que possui dentro do PMDB do Rio Grande do Sul, o senador Pedro Simon há algum tempo não vive o dia a dia do Partido e desde sempre tratou com pouco caso as questões paroquiais. Sua influência atual resume-se ao discurso ético, que nem sempre é considerado suficiente para um Partido que também é desafiado a apresentar propostas e efetivá-las no dia a dia dos debates políticos estaduais.  Mas, os virulentos ataques do senador Pedro Simon contra a presidente Dilma Roussef, a quem chamou de “marechal” e “política vulgar”, em decorrência do casuísmo usado pelo Planalto para impedir a criação do Partido de Marina Silva, não interfirirá na organização do encontro que terá no dia 8 o vice-presidente Michel Temer com 130 prefeitos, deputados e dirigentes partidários no Palácio do Jaburu. O jantar com o vice foi articulado pelo presidente do PMDB do Rio Grande do Sul, Edson Brum, e por Eliseu Padilha. A pauta continuará sendo o apoio a Dilma na reeleição de 2014. O balão de ensaio lançado na segunda-feira por Eliseu Padilha, acenando com acerto até mesmo no Rio Grande do Sul, foi repelido por quase todos os deputados e dirigentes partidários, mas mais ainda pela base. O apoio a Dilma poderá até sair, mas antes disto o Planalto terá que fazer o pedido formal e garantir protagonismo ao PMDB do Rio Grande do Sul (cargos estaduais, ministério e estatais). O discurso de Pedro Simon contra Dilma significa várias coisas: 1) uma resposta a Dilma e ao PT de que qualquer conversa sobre a atuação do PMDB do Rio Grande do Sul deve passar por ele; 2) a sinalização explícita de que ele pode fazer um grande estrago contra a campanha de Dilma e do PT, se insistirem em jogá-lo para escanteio e retirarem dele o interesse em concorrer novamente ao Senado Federal, reelegendo-se, de preferência, sem qualquer oposição, como tem feito desde sempre; 3) em última hipótese, ele poderia abrir uma enorme cisão no PMDB do Rio Grande do Sul, associando-se com o novo PPS de Roberto Freire e José Serra, a Mobilização Democrática, com o partido de Marina Silva e ainda com o PSB de Eduardo Campos. Aí, sim, Dilma teria o Rio Grande do Sul contra ela. E não é difícil de colocar o Estado contra ela, já que Dilma trata o Rio Grande do Sul a pão, água e sal. Nem a prometida segunda ponte do Guaíba teve sequer uma linha de desenho estabelecida até agora. Resultado do discurso: Pedro Simon entrou no jogo, o que é um grande complicador para quem pensou que já o tinha jogado para fora da raia.

Nenhum comentário: