quinta-feira, 2 de maio de 2013

COMENTÁRIOS DE VIDEVERSUS EM FACE DA PRISÃO DE LUIZ FERNANDO ZACHIA CAUSAM FUROR, E PEEMEDEBISTAS PEDEM RETIFICAÇÕES


Fiz várias postagens na terça-feira sobre as prisões de dois secretários de Meio Ambiente, o estadual, Carlos Fernando Niedesberg (PCdoB), e o municipal, Luiz Fernando Zachia (PMDB), além do consultor e ex-deputado, também ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Berfran Rosado, do PPS, no governo Yeda Crusius (PSDB). Reproduzi matéria que publiquei no dia 25 de outubro de 2012, poucos dias após as eleições, alertando sobre o risco que representava o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, nomear novamente o ex-deputado Luiz Fernando Zachia como secretário municipal de Meio Ambiente, uma vez que ele responde a processo por improbidade administrativa da Operação Rodin (Detran-RS). Depois disso, apontei que o governo de Fortunati tinha sido montado usando os critério do "sistema busatiano", de "reparte" do poder. Quem se lembra da conversa de Cezar Busatto (também secretário de Fortunati) com o ex-vice-governador Paulo Afonso Feijó, gravada, e tornada pública, vai se lembrar de como o então chefe da Casa Civil de Yeda Crusius relatava a forma como os partidos se financiavam, com os "repartes" do Poder. Ou seja, o PMDB com o Banrisul, o PP com o Daer, e daí por diante. Esses são os governos que reúnem as famigeradas "bases aliadas". São, na verdade, governos de extorsão. Concretamente, não são os partidos que se financiam com esse "reparte" do Poder, são os chefetes políticos que embolsam dinheiro, muito dinheiro, em prol do aumento de seus patrimônios. Apontei que Luiz Fernando Zachia era o dono do lixo de Porto Alegre, o "poderoso chefão" de um órgão que administra contratos no valor de um bilhão de reais. E apontei que ele tinha nomeado para os cargos de direção do DMLU dois ex-comandados seus: André Carus, ex-chefe de gabinete e secretário adjunto, como diretor geral, e Fernanda Barreto Piatelli, como diretora administrativa-financeira. O terceiro cargo em importância no DMLU, ocupado por Rodrigo Chies (todos do PMDB), também foi indicado por Zachia. Falei da esculhambação que é a gestão do DMLU, que se encontra com todos os contratos sob emergência, sem licitação, e o quanto isso é conveniente para o esquema. Terminei citando a viagem dos diretores do DMLU no fim de semana a Salvador, na Bahia, e que, por isso, não tinham sabido das prisões ocorridas no alvorecer de segunda-feira, quando estavam a bordo de avião retornando a Porto Alegre. Então recebi um telefonema na terça-feira, de André Carus, pedindo retificações. A conversa foi longa, mas resumo os três pontos em que ele pede que se esclareça: 1) não é "homem do Zachia", mas "homem do partido", e por essa razão foi indicado para o cargo (invocou todas as assessorias que já prestou, inclusive para o senador Pedro Simon); 2) não participa de esquemas, nem tem vinculação com qualquer "poderoso chefão", e o setor do lixo de Porto Alegre "não é feudo do PMDB"; 3) não é namorado de Fernanda Piatelli, nem formam um "casal". Na máteria, eu havia dito que o "casal" retornava a Porto Alegre na segunda-feira. Poderia em vez disso ter usado o termo "dupla". Muito bem, essas são as retificações solicitadas por ele, e estão feitas. Mas, agora, vem o comentário. Sempre que Luiz Fernando Zachia se enrola em alguma dificuldade, ele nunca tem a ver com o caso. Foi assim durante a Operação Rodin, quando um dos presos foi o diretor administrativo-financeiro do Detran, Herminio Gomes Junior. Era uma notória figura do PMDB ligada a Zachia, inclusive porque os dois eram conselheiros do Internacional. Mas, Zachia tratou de repudiar, desde o primeiro minuto, a vinculação entre os dois e a paternidade por sua indicação para o cargo de diretor financeiro do Detran, atribuindo-a ao partido. Agora, André Carus faz a mesma coisa. É óbvio que o esforço é inútil. Ele diz que não participa de "esquemas". Mas, não foi acusado disso. O que assegurei é que existe um esquema destina a entregar os contratos de lixo licitados de Porto Alegre para a empresa Revita, do Grupo Solvi, inclusive a futura instalação de usina para queima de lixo e produção de energia elétrica. Então chegamos ao terceiro ponto. Na quinta-feira da semana passada, os dirigentes do DMLU saíram de Porto Alegre em direção a Salvador. Conforme André Carus, foram à capital baiana para visitar o Aterro Sanitário da Batre, que captura o gás para produção de energia. Mas, que curioso: sabem quem é o proprietário do Aterro da Batre? Pois é, é a Revita (o Grupo Solvi), que coleta o lixo de Porto Alegre, e destina as 1.300 toneladas captadas diariamente para seu aterro sanitário em Minas do Leão. Mais grave: André Carus diz que viajou por conta própria, pagou sua passagem de avião, o aluguel do carro em Salvador, o hotel, as refeições. E adiantou que também sua diretora financeira, Fernanda Piatelli, pagou sua passagem, seu hotel, suas refeições, assim como também o diretor operacional do DMLU, Rodrigo Chies. Ora, isso torna as coisas muito mais estranhas e complicadas. Quer dizer, então, que quase toda a diretoria abandona o órgão, em plena quinta-feira, para voltar só na segunda-feira última, sem qualquer autorização, viajando por conta própria, para tratar de interesse privado com a Revita, que tem contratos com o DMLU? Sim, porque, se a viagem não foi oficial, foi privada, e os assuntos que estavam tratando eram de interesse privado, e não públicos. Depois do telefonema para mim, jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, André Carus e Fernanda Piatelli trataram de apagar fotografias de postagens que haviam colocado no Twitter. Providência inútil, claro, porque tudo já havia sido copiado, antes e depois das deletadas. E aí vem o mais grave: André Carus deixou a pista de que havia postado fotografia do Instagran de Carla Chies. Quem é ela: Ora, é a mulher do diretor Rodrigo Chies, que também viajou a Salvador, e que tirou várias das fotos e as publicou. Ou seja, viajaram dois casais, ou um casal e uma dupla, para um longo final de semana em Salvador, onde foram tratar de assuntos privados com a empresa que tem contratos com o DMLU. Com certeza, eles precisarão explicar muito mais este episódio. Agora vem outro episódio, associado também ao caso da prisão de Luiz Fernando Zachia. Na tarde de segunda-feira fiz várias ligações telefônicas para o celular do vereador Valter Nagelstein. A primeira foi às 13h00 em ponto, conforme registro em meu celular. Não obtive retorno. Relatei isso no Facebook. Em face da repercurssão, o vereador respondeu via Twitter, dizendo que já tinha exposto sua opinião sobre o caso Luiz Fernando Zachia em entrevista para a Rádio Gaúcha, que era sua posição oficial. Protestei, com a seguinte nota no Facebook: "CADA DIA QUE PASSA FICO MAIS ESPANTADO COM A GENIALIDADE CRIATIVA DOS POLÍTICOS GAÚCHOS. HOJE, CITO O CASO DO VEREADOR VALTER NAGELSTEIN, PRESIDENTE DO PMDB DE PORTO ALEGRE. LIGUEI VÁRIAS VEZES PARA SEU CELULAR E ELE NÃO ATENDEU. EU LIGAVA NÃO POR QUE GOSTARIA DE SABER COMO ELE ESTÁ PASSANDO, SE JOGOU TÊNIS, SE FOI NADAR NO CLUBE, SE PRATICOU EQUITAÇÃO. NÃO, NADA DISSO, EU QUERIA QUE ELE SE MANIFESTASSE SOBRE A INÉDITA SITUAÇÃO DE UM DOS CABEÇAS COROADAS DO PMDB, LUIZ FERNANDO ZACHIA, MEMBRO DA ALTA NOMENKLATURA DO PARTIDO, ESTAR NA CADEIA, NO PRESÍDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE, COMENDO COMIDA COM GARFINHO DE PLÁSTICO, TOMANDO SUCO EM CANECA, E DORMINDO SOBRE COLCHÃO DE ESPUMA, SOB ACUSAÇÃO DE PRÁTICA DE FRAUDES EM LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS, NA OPERAÇÃO CONCUTARE, CONDUZIDA PELA POLÍCIA FEDERAL. DIANTE DAS NEGATIVAS DO VEREADOR EM ATENDER MEUS CHAMADOS, RELATEI ESTA SITUAÇÃO PELO FACEBOOK. ENTÃO O VEREADOR VALTER NAGELSTEIN ESCALOU AQUELES PÍNCAROS DE INTELIGÊNCIA E ENVIOU RESPOSTA PELO TWITTER, NOS SEGUINTES TERMOS: "@Videversus minha opinião foi dada hj às 15h na rádio gaúcha, portanto é publica". MAS, NÃO É MESMO GENIAL? EU NÃO SABIA QUE ELE HAVIA CONTRATADO A RÁDIO GAÚCHA COMO SUA PORTA-VOZ. QUER DIZER, VEREADOR VALTER NAGELSTEIN, PRESIDENTE DO PMDB DE PORTO ALEGRE, QUE TODA VEZ QUE EU QUISER SABER ALGUMA COISA DO SEU PARTIDO, O PMDB, OU ALGUM PARLAMENTAR DO SEU PARTIDO, DEVO ENCAMINHAR A PERGUNTA PARA A RÁDIO GAÚCHA, E DEPOIS FICAR COM O RADINHO COLADO NO OUVIDO, PARA OUVIR SE O NOBRE EDIL SE DIGNARÁ A RESPONDER? É ISSO AÍ MESMO? VEREADOR VALTER NAGELSTEIN, O SR. NOMEOU A RÁDIO GAÚCHA A PORTA-VOZ DE SUAS MANIFESTAÇÕES? EU SÓ QUERO SABER, ASSIM COMO TODOS OS GAÚCHOS. MAS, HÁ UMA COISA CURIOSA NISSO TUDO. O VEREADOR VALTER NAGELSTEIN É NORMALMENTE MUITO ELOQUENTE, FALA COM ENORME FLUÊNCIA. POR QUE, AGORA, SE TORNOU TÃO FRUGAL, TÃO ESPARTANO, EM RELAÇÃO A ENTREVISTAS, SÓ AS CONCEDENDO PARA A RÁDIO GAÚCHA?" Esta postagem teve centenas de "curtidas", "compartilhamentos" e "comentários". Ilustrei a nota com uma foto do vereador em evento social, ao lado de sua mulher, Andréa Rahmme Nagelstein, colhida do Facebook. A publicação da nota, e sua repercussão, provocou reações. às 23h38 desta quarta-feira, ingressou na minha caixa de entrada do Facebook a seguinte mensagem: "Andréa Nagelstein - Olá, Vitor. Temos amigos em comum e notei que estou nessa foto, mas não quero que outras pessoas a vejam. Você poderia removê-la? Obrigado". Respondi quase imediatamente, às 23h42: "Cara Andréa, fui ver a tua página no Facebook, e constatei que esta foto aparece quatro vezes lá, em destaque. Ou seja, você faz questão que ela se torne absolutamente pública. Por qual motivo desejaria que eu a retirasse da minha postagem? Na verdade, a postagem é referente ao teu marido, o vereador Valter Nagelstein. Como é pública, está bastante publicizada por ti, pensei que não haveria problema em utilizá-la. Mas, se estiver causando constrangimento, eu a retirarei, é claro". Na sequência, às 23h53, entra na minha caixa de entrada mensagem do próprio vereador Valter Nagelstein, presidente do PMDB de Porto Alegre: "Olá, Vitor, esta foto é pessoal e prefiro que seja mantida em particular. Você poderia removê-la?" Respondi: "Muito bem, se você assim acha (embora ela esteja amplamente pública no Facebook), eu a retirarei logo em seguida, substituindo-a por outra". Ele retrucou: "Use foto minha no exercicio do meu mandato, se quiser, não fotos pessoais. E lamento que vc tenha me envolvido nesse lamaçal, não é coisa de gente de Bagé". Somos ambos originários de Bagé, mas as semelhanças param por aí. Eu não envolvi ninguém em coisa alguma. Ele é que está envolvido, queira ou não queira, já que é presidente do PMDB de Porto Alegre. É responsável pelas nomeações de seu partido. Agora, se é uma "Rainha da Inglaterra", que reina mas não manda, precisa esclarecer isso ao povo de Porto Alegre, para que não seja confundido com as pessoas que usaram o PMDB e o envolveram no lamaçal. Se não foi Valter Nagelstein, então quem foi? Aproveitei a oportunidade em que ele tinha me procurado, por meio do Facebook, para fazer os questionamentos que pretendia ter realizado por telefone, na segunda-feira, quando ele não me atendeu, e perguntei: "Aproveitando, qual é a posição do diretório municipal do PMDB de Porto Alegre a respeito da diretoria do DMLU? Vai apoiar a diretoria indicada pelo Zachia? Caro Valter, eu não te envolvi em lamaçal algum, quem se envolveu no lamaçal foi o Zachia, quiçá o PMDB". E ainda acrescentei: "Quero te dizer que tem outra bronca a caminho. Na terça-feira me ligou o André Carus, pedindo a retificação de informações que dei, vinculando o lixo ao Zachia. Também disse que o Carus estava viajando em fim de semana para "visitar aterro sanitário" em Salvador. Eu capturei as fotos do Twitter dele e da suposta namorada dele, a diretora financeira, Fernanda Piatelli. E falei que o casal (no sentido de dupla), não tinha sabido das prisões do poderoso chefão protetor deles, porque estava a bordo de avião na manhã de segunda-feira voltando de Salvador. Ele quis me convencer de que tinha ido fazer uma viagem privada, com o dinheiro dele, que comprou as passagens, alugou o carro em Salvador. E que a Fernanda Piatelli também comprou as passagens com o dinheiro dela. E a mesma coisa o diretor da Divisão de Fiscalização, o tal de Chies. Problema: logo em seguida eles limparam as fotos do Twitter, mas nem todas. Mas, esqueceram de avisar a mulher do Chies, que viajou junto, também, e que publicou as fotos no Instagram. É óbvio que todas as fotos já tinham sido copiadas, bem como printadas as páginas em que eles se gabavam da viagem. Viajaram na quinta-feira. Uma das postagens da Fernanda Piatelli no Twitter mostra que ela estava no Aeroporto do Galeão, na manhã da última sexta-feira. Como você é advogado, político, presidente do partido, deve saber das complicações dessa situação. Quer dizer que dirigentes de uma autarquia pública resolveram viajar por sua própria conta, sem autorização do prefeito ou de quem quer que seja, e vão tratar de assunto privado em Salvador? Sabe o que eles disseram que foram fazer lá em Salvador? Visitar o aterro sanitário da Batre, que é da Revita, a mesma empresa que coleta o lixo de Porto Alegre, e que recebe o lixo de Porto Alegre em seu aterro em Minas do Leão". À 00h09 da madrugada desta quinta-feira, recebi o retorno com  a seguinte mensagem de Valter Nagelstein: "Nunca lhe faltei o respeito. Sua atitude foi absurda envolvendo meu nome nesse escandalo das prisões, postando foto minha. Não tenho nenhuma ligação sua no meu telefone - e a sua mentira gerou mais de 100 compartilhamentos!!!! Tá maluco Vitor? Me deixe fora, se for pra me prejudicar e tiver razões, faça, senão me esqueça". Ainda retruquei, às 00h10: "Ou seja, foram tratar de assunto privado, o lixo, em viagem privada, sendo dirigentes de órgão público que opera o lixo, e visitar um aterro da empresa que presta serviços para que eles dirigem? O que te parece?" Ele deu a seguinte resposta: "Não sou o prefeito e não coordeno o Carus. De novo, lhe encareço, me deixe fora disso!" Fiz a última tentativa de pergunta, inutilmente, às 00:14, porque ele não me respondeu. A pergunta era: "Assim seja, embora você seja o presidente do partido, e sejam homens do seu partido, que estejam envolvidos com isso. Mais, o Carus me disse que não era "homem do Zachia", que sua indicação tinha sido pelo partido. Como és o presidente, então deves ter sido o responsável por essa indicação. Não é assim?" Obviamente, em nenhum momento estive tentando envolver Valter Nagelstein nesse "lamaçal". O que cobrei dele, e é uma obrigação dele, é que comente sobre o falo de um alto nome da nomenklatura do seu partido, Luiz Fernando Zachia, estar preso no Presídio Central de Porto Alegre, envolvido nesse "lamaçal". Eu não indiquei Zachia para o cargo de secretário municipal de Meio Ambiente. Pelo contrário, critiquei em 25 de outubro de 2012 que José Fortunati pretendesse fazer isso. Valter Nagelstein sabe perfeitamente bem disso. Entretanto, como presidente do partido, ele indicou Zachia para o cargo. Se não foi ele, quem foi então? Ele precisa fazer esclarecimentos, sim.

Um comentário:

BREDER disse...

Vitor, a propósito do Zachia, me vem uma lembrança. Nos anos 90 ele era diretor de futebol do Internacional. Era a última partida do campeonato gaúcho, um Gre-Nal e o Inter conseguiu o resultado de que precisava, vitória ou empate, não me lembro. Mas não sei porque havia no ar uma desconfiança a respeito de doping no time dele. O que o Zachia fez? Em vez de levar os jogadores para o exame, sumiu com o time inteiro e eles, então, não fizeram o exame. Ganhou o campeonato gaúcho desta maneira. Ok, o fato que você narra é política e envolve dinheiro, o outro esporte e faz muito tempo. No entanto, para mim, ficou uma má impressão. Alguma coisa de malandragem porca, desonestidade esportiva. Enfim, na minha cabeça, uma coisa linkou com a outra e as duas me cheiram muito mau.