quinta-feira, 9 de maio de 2013

Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra vai depor na Comissão da Verdade


O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, de 80 anos, deverá prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade nesta sextafeira, em Brasília, segundo afirmou seu advogado, Paulo Alves Esteves. O militar foi convocado pelo colegiado no último dia 26. O grupo quer ouvir o coronel sobre as acusações de que ele teria participado de crimes e violações aos direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985). Ustra comandou, de setembro de 1970 a janeiro de 1974, o DOI-Codi de São Paulo, o maior órgão de repressão aos grupos de esquerda envolvidos na luta armada contra a ditadura. Ele é acusado de comandar sessões de tortura em presos políticos no local, o que ele nega. Inicialmente, o advogado de Ustra havia afirmado que o militar tentaria ser dispensado da obrigação de comparecer à comissão, argumentando que tudo que ele poderia falar sobre o assunto já está dito em seus livros. No início desta tarde, o advogado afirmou à reportagem que Ustra temia ser vítima de desmoralização, e por isso tentou evitar o depoimento, mas que depois mudou de idéia e que, "se ele sentir que tem segurança de ir sem ser ofendido, ele vai depor". Caso não compareça, Ustra poderá responder pelo crime de desobediência. Mesmo se comparecer, ele terá o direito de não responder às questões da Comissão da Verdade. "Tudo que ele tinha para falar ele já escreveu", disse o advogado. Ustra é autor dos livros "Rompendo o Silêncio" (1987) e "A Verdade Sufocada" (2006), em que conta sua versão sobre os anos do regime militar e os crimes cometidos pela esquerda. Em abril, Ustra recusou convite da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo para prestar depoimento, com o mesmo argumento de que tudo que teria a dizer sobre o período já está em seus livros. Ustra é réu em uma ação na Justiça Federal pelo suposto crime de sequestro qualificado contra o corretor de valores Edgar de Aquino Duarte, em junho de 1971. Uma segunda denúncia do Ministério Público Federal contra Ustra, pelo desaparecimento do líder sindical Aluízio Palhano, em 1971, não foi aceita, e a Procuradoria vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. No dia 29 de abril, o Ministério Público Federal denunciou Ustra e o delegado aposentado Alcides Singillo pelo crime de ocultação do cadáver do estudante de medicina Hirohaki Torigoe, de 27 anos, morto em janeiro de 1972, em São Paulo. A Procuradoria aguarda confirmação da Justiça Federal sobre a aceitação da denúncia.

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