quinta-feira, 30 de maio de 2013

DE PERTO, PIBINHO É AINDA PIOR DO QUE DE LONGE. OU: OPOSIÇÃO TEM A CHANCE DE ENCONTRAR UM DISCURSO. OU: PETISTAS VOLTAM A LEMBRAR QUE TÊM LULA NO BANCO...

Se, visto meio de longe, o PIB do primeiro trimestre é ruim, visto de perto, ele é muito pior. Comparado o primeiro trimestre deste ano com o último do ano passado, a expansão foi de apenas 0,6%. O agropecuária, no entanto, cresceu 9,7%. Ainda que a base de comparação seja fraca porque 2012 não foi um ano especialmente bom, o resultado é excepcional e impede que o país vá para o buraco. Não obstante, não custa notar à margem, é o setor da economia que mais tem de se haver com os ditos “movimentos sociais” insuflados por Gilberto Carvalho, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Enquanto os agricultores e pecuaristas investem, uma parte do governo sabota. Mas voltemos ao leito. A agropecuária continuará a crescer 10%, não importa o que aconteça com o resto do Brasil? É pouco provável. De todo modo, não é mera coincidência o fato de o setor que menos depende de “estímulos” e feitiçarias dos “çábios” — porque especialmente focado no mercado externo ser o que mais avança. A indústria brasileira, apesar das desonerações de Guido Mantega, recuou 0,3%. O ovo de Colombo do petismo era uma situação internacional favorável — o que acabou com o segundo movimento da grande crise —, que permitiu ancorar a economia no consumo. Isso deu os “çábios” — inclusive à grande “çábia”, quando gerentona do governo, a impressão de que estávamos no melhor dos mundos. Privatizações, estímulo ao investimento, reformas… Nada disso era necessário. O negócio era sair por aí batendo bumbo. O modelo ancorado no consumo se esgotou. E agora? Agora? Eles não sabem bem o que fazer. A aceleração da inflação faz com que as pessoas comprem menos e usem menos serviços, setor que teve expansão modestíssima. Para atacar a inflação, forma-se o consenso de que é preciso elevar os juros. Mas elevar os juros faz com que a economia se desacelere ainda mais, e seu desempenho já é medíocre. Vamos ver o que vem pela frente. O governo começa a ficar acuado. Em situações assim, os feiticeiros que se escondem nos porões dos palácios sempre pensam em encontrar algum bode expiatório. E a gente conhece a ligeireza dessa gente em inventar e apontar conspirações. Vejam o caso da Caixa Econômica Federal e a bagunça no pagamento do Bolsa Família.  Há dez anos as oposições estão em busca de um discurso — não que faltem motivos. Eles estão aí, de sobra. Mas o fato é que a suposta “eficiência” econômica era vista como um redutor de todas as questões — e falar sobre o futuro parecia coisa de gente pessimista. Chegou a hora de organizar a prosa. Não com o intuito de ganhar a eleição, que isso tem de ser encarado como consequência. Chegou a hora de falar em alternativas. Os petistas tentarão jogar a massa dos pobres — convertidos em supostos “classes-médias” — contra a oposição. O momento é delicado. Para apear o PT do poder, será preciso conciliar a eficiente crítica ao modelo com a construção de valores alternativos, área em que os adversários do PT são espantosamente ruins. Sem essa segunda parte, a crítica cai no vazio porque será engolida pela propaganda oficial. Vamos ver. Acaba de me contar um interlocutor que, em setores ainda isolados do PT, mas muito ativos dentro da legenda, já há quem tenha voltado a falar na “reserva estratégica”, na “arma secreta”. Atende pelo nome de “Lula”. Como não cansa de lembrar Gilberto Carvalho, nenhum partido teria “no banco”, pronto para ser escalado, alguém como ele. É claro que a simples menção de que possa ser ele o candidato do partido em 2014 já é uma forma de tentar intimidar as oposições. Por Reinaldo Azevedo

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