domingo, 5 de maio de 2013

Delegado confirma, "o Dops sabia da presença de Mengele no Brasil"


O delegado José Paulo Bonchristiano é um arquivo vivo sobre a história do famigerado Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops-SP). Ele chefiou a Divisão de Ordem Política em uma época em que a outra divisão do departamento era comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, símbolo da repressão durante a ditadura militar. Foi ele quem apreendeu as famosas cadernetas com anotações sobre a vida partidária do PCB mantidas pelo líder comunista Luiz Carlos Prestes, em 1964, Bonchristiano também comandou a Operação Ibiúna, que pôs na cadeia toda a direção da União Nacional dos Estudantes, entre os quais o ex-ministro José Dirceu (PT), corrupto e quadrilheiro condenado no processo do Mensalão do PT. Bonchristino conta os bastidores da ação do Dops contra criminosos de guerra. São casos como o de Franz Paul Stangl, o chefe de Treblinka, o segundo maior campo de extermínio nazista, preso em 1967 em São Paulo, e o do médico de Auschwitz, Joseph Mengele. E afirma: O Dops sabia da presença de Mengele no Brasil e só não o prendeu porque ninguém pediu". Diz ele, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo: "O pessoal diz que o Dops só prendia comunista. Nós prendemos o carrasco nazista Franz Paul Stangl. Eu que fiz a prisão dele. Levei para Bonn, na Alemanha. Eu e os investigadores Cara-feia e o Caveira fizemos sozinho. A informação veio daquele judeu que morava em Viena, o Simon Wiesenthal que nos informou. Então nós levantamos e fomos para a Volkswagen, encostamos o carro e a pessoal deles ficou puto e disseram: vocês conhecem nosso pessoal mais do que a gente. O cara ficou conosco e disse: "Ainda bem que eu fui entregue à polícia de São Paulo, se eu fosse entregue aos judeus estava perdido". Eu disse: "Por que, você vai morrer, não vai morrer, um dia?" E ele morreu depois que foi condenado na Alemanha. Ele ficou em um castelo lá e depois que o condenaram a prisão perpétua, ele morreu, em 1971. O (Romeu) Tuma depois quis fazer a mesma coisa que eu fiz depois, mas não conseguiu. Com o Mengele. Mas o Dops não tinha informação de que ele estava no Brasil. Ele passou pelo Brasil várias vezes. Nunca colocamos a mão nele, por que não quiseram pôr a mão nele. Se o Dops quisesse teria prendido. Por que nunca pediram. Com o Stangl quando foi preso, veio a ordem da polícia alemã. E nós cumprimos. Por que lá eles não sabiam onde estava o Mengele. O Tuma quis fazer a onda toda, mas foi tudo errado. Fez isso para ser senador e conseguiu ser senador. Nós tínhamos a informação sobre o Mengele. Se a polícia fosse chamada para fazer antes do Tuma, nós teríamos feito. O Dops era fora de série".

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