quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ministério da Justiça notifica empresas de leite


O Ministério da Justiça notificou nesta quarta-feira as empresas Italac, Mumu (do Grupo Vonpar), Líder e Latvida para prestarem esclarecimentos sobre o envolvimento na operação “Leite Compen$ado”, que apontou adição de uma substância semelhante à uréia e que possui formol em sua composição. As empresas têm prazo de 10 dias, a partir do recebimento da notificação, para apresentar a documentação técnica e laboratorial pertinente ou, de forma imediata, o recall dos produtos envolvidos, nos termos do Código de Defesa do Consumidor. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é dever do fornecedor trocar o produto que cause risco ao consumidor a qualquer momento e de forma gratuita. Se houver dificuldade, a recomendação é procurar um dos órgãos de proteção e defesa do consumidor. Seis suspeitos seguem presos preventivamente após operação policial realizada nesta quarta-feira para coibir um esquema de adulteração de leite na metade norte do Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com o Ministério Público, João Cristiano Pranke Marx, Angélica Caponi Marx, João Irio Marx, Alexandre Caponi e Daniel Riet Villanova, foram detidos nas cidades de Ibirubá, Selbach e Tapera e encaminhados ao Presídeio Estadual de Espumoso. Leandro Vicenzi, de Guaporé, foi levado ao Presídio Estadual da cidade. Outras duas investigadas, Rosilei Geller e Natália Junges, foram ouvidas e liberadas. Durante o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, também foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de uréia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência. A investigação identificou cinco empresas de transporte de leite suspeitas de adulterarem o material antes de entregá-lo às indústrias. Pelas investigações, depois de pegar o leite com os produtores, os atravessadores adicionariam uréia no leite, a fim de mascararem a adição de água de poço no alimento. Análises identificaram a presença de formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização continua no produto final. Parte dos supermercados de Porto Alegre retiraram nesta manhã de quarta-feira as marcas de leite que sofreram adulteração em sua composição, depois de operação realizada pelo Ministério Público do Estado para desmontar um esquema que adicionava ureia ao produto. Conforme a rede Zaffari Bourbon, apenas uma das marcas com problemas é comercializada pela empresa, e todos os produtos já foram retirados das prateleiras. A rede Walmart, dona das bandeiras Big e Nacional, informa que ainda está avaliando se  existe produtos dos lotes adulterados. No supermercado Asun, no bairro Santana, foram retiradas da loja 528 caixas do leite Latvida. Conforme o gerente Dilson Martinez Laguna, o produto havia chegado há uma semana. Ainda que não fizessem parte dos lotes nos quais foram detectados problemas, saíram das gôndolas por precaução. De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), estão sendo enviados comunicados para que os supermercados suspendam imediatamente a venda dos lotes das marcas envolvidas — Líder/Bom Gosto, Italac, Mumu e Latvida. Conforme a entidade, se o consumidor tiver estes produtos em casa, está no direito de solicitar a substituição no supermercado onde tenha feito a compra, ou a devolução do dinheiro. O tempo médio para um lote de leite esgotar em um supermercado de médio porte é de 30 dias. Como a adulteração ocorria há um ano, as suspeitas são de que consumidores dessas marcas tenham comprado produtos com a adição de uréia. A empresa Latvida foi interditada na manhã desta quarta-feira e proibida de comercializar qualquer tipo de produto. De acordo com o Ministério Público, a medida se deve ao descumprimento de decisão judicial que determinou a proibição da venda de leite do tipo longa vida (UHT, oferecido em caixinhas), a partir de 1º de abril deste ano. A operação policial cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina para desmontar o esquema de adulteração na metade norte do Estado. A empresa Vonpar (fabricante exclusiva da Coca Cola no Rio Grande do Sul), responsável pelo leite da marca Mumu, divulgou nota esclarecendo que a empresa "atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria-prima exigidos pelo Ministério da Agricultura" e que está à disposição para novos esclarecimentos. Então tá..... acredite quem quiser. Segundo a Italac, "o problema foi pontual, ocorrido no Rio Grande do Sul, e aconteceu no transporte do leite cru entre a fazenda e o laticínio, antes de ser industrializado". Então tá... Em nota, a LBR, responsável pela marca Líder, afirmou que segue todas as regras de fiscalização do Ministério da Agricultura. Então tá...... fica evidente que essas empresas são responsáveis junto com os bandidos, porque não têm sistema de controle de qualidade. Responsável pela operação Leite Compen$ado, o promotor Mauro Rochemback qualificou o crime como pior do que tráfico de drogas: "Porque no tráfico o consumidor em geral sabe o que está consumindo. Nesse caso estamos adquirindo um produto sem saber a sua qualidade". Mas, é ainda mais canalha do que imagina o promotor, porque o leite é um alimento básico, principalmente para crianças. E o formol, adicionado ao leite, é cancerígeno e se acumula no organismo humano. Conforme o promotor, a presença de formol foi identificada ainda em abril do ano passado, em testes periódicos feitos pelo Ministério da Agricultura. Em agosto, análises de controle de qualidade teriam apontado nova adulteração do leite. Em janeiro, o Ministério Público teria sido acionado. Conforme o promotor, a fraude acontecia em três núcleos: em Horizontina, Guaporé e Ibirubá. Embora não haja indicativos de participação da indústria no esquema, o promotor afirmou que as empresas terão de responder por não terem controlado a qualidade do produto recebido. "Como fazia cerca de 30 anos que não existia indício de adição de uréia no leite, as indústrias podem ter relaxado no controle de qualidade", apontou o promotor. Conforme Rochemback, o esquema se dava após o leite sair da propriedade e antes de chegar no entreposto, local de resfriamento do produto. A adulteração era feita no próprio caminhão. Para lucrar cerca de 10% além dos 7% já pagos sobre o leite cru, algo como R$ 0,95 no litro, essas empresas colocavam, na proporção: um quilo de uréia para 90 litros de água em mil litros de leite. A estimativa é de que o esquema tenha fraudado mais de 100 milhões de litros de leite no período de um ano. Conforme o Ministério Público, a uréia é adicionada para mascarar a adição de água no produto. Um dos núcleos investigados é em Guaporé, na Serra gaúcha. O empresário Leandro Vincenzi, preso na manhã desta quarta-feira, era o responsável pelo esquema de adulteração do leite antes da entrega para indústria. Conforme o Ministério Público, o empresário tem uma frota de 30 caminhões de coleta e um do posto de recebimento. Em um ano, a frota de Vincenzi teria transportado cerca de 43 milhões de litros de leite. Em Ibirubá, foram presas outras quatro pessoas suspeitas de participar do esquema. Conforme o Ministério Público, membros de uma mesma família adicionavam, além da uréia, água de um poço artesiano localizado nos fundos de uma propriedade. Em Tapera, foi preso o médico veterinário Daniel Rieth Villanova, responsável pelo recebimento de leite em um unidade em Selbach. O técnico é suspeito de repassar a fórmula para a família de Ibirubá adulterar do produto. No mesmo esquema, estariam envolvidas as funcionárias de uma cerealista, Rosilei Geller e Natália Junges, suspeitas de avisar os adulteradores sobre a fiscalização do Ministério da Agricultura. Em Horizontina, um vereador presidente de uma cooperativa também está envolvido no esquema de adulteração do produto antes da entrega para indústria. Conforme o Ministério Público, o parlamentar não chegou a ser preso. Os investigados poderão responder ao crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal. A pena mínima é de quatro anos de reclusão. Veja lista dos suspeitos, presos nesta quarta-feira: Ibirubá - João Cristiano Pranke Marx, Angélica Caponi Marx, Alexandre Caponi, João Irio Marx; Tapera - Daniel Rieth Villanova; Selbach - Rosilei Geller, Natália Junges; Guaporé - Leandro Vincenzi.

Nenhum comentário: