A Justiça boliviana
libertou, por volta das 20 horas desta quinta-feira (horário de Brasília), sete
dos 12 brasileiros torcedores do Corinthians presos no país. Detidos em 20 de
fevereiro, acusados de participação na morte do torcedor boliviano Kevin
Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador durante a partida com o San
José, pela Libertadores da América, eles eram mantidos na cidade de Oruro, a
230 km de La Paz. Os brasileiros soltos são: Tadeu Macedo Andrade, Fabio Neves
Domingos, Tiago dos Santos Ferreira, Hugo Nonato, Raphael Castilho de Araújo,
Cléber de Souza Cruz e Danilo Silva de Oliveira. Segundo o Itamaraty, os sete
foram libertados por falta de provas. Os outros cinco presos, de acordo com
informações passadas pela Justiça boliviana, ainda não tiveram seus casos
específicos analisados. A tendência é de que eles também sejam soltos nos
próximos dias. Permanecem detidos: Leandro Silva de Oliveira, Reinaldo Coelho,
José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefeire e Cleuter Barreto Barros. A
legislação boliviana estabelece a marca de três anos como prazo máximo para
prisões preventivas, limite que nem sempre é respeitado: pelo menos dez
brasileiros estão encarcerados na Bolívia há mais tempo do que isso. Em
novembro do ano passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recebeu
o alarmante diagnóstico de que o sistema prisional boliviano é um dos mais
retrógrados da América Latina. O uso indiscriminado da prisão preventiva pelo
Judiciário da Bolívia chegou a tal ponto que atualmente 84% da população
carcerária do país é formada por detentos nesta condição. Os corintianos
continuaram presos mesmo depois que um menor de idade, sócio da torcida Gaviões
da Fiel, se apresentou à Justiça brasileira como autor do disparo fatal. Em
maio, ele prestou depoimento ao promotor Alfredo Santos no consulado boliviano
em São Paulo. O promotor levou à Bolívia as digitais do menor e fotos com a
posição dos torcedores na arquibancada do Estádio Jesus Bermudez. Esse material
foi decisivo para a liberdade dos sete torcedores. O advogado dos 12
corintianos, Sérgio de Moura Ribeiro Marques, defende a tese de que Kevin foi
atingido antes mesmo de o jogo começar. Isso porque ele diz ter conversado com
bombeiros bolivianos que alegam que o resgate de uma pessoa ferida na
arquibancada demora, no mínimo, oito minutos para ser realizado. O procedimento
incluiria o aviso do acidente, o deslocamento para pegar a maca e seguir até o
local do incidente, abrir espaço entre dezenas de torcedores, colocar o corpo
na maca, descer as rampas e escadas do estádio e chegar à porta de saída.
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