segunda-feira, 17 de junho de 2013

SÓCIOS DO GRUPO JBS ESTÃO BRIGANDO NA JUSTIÇA POR TRANSFERÊNCIA DE COTAS

O grupo Bertin, com negócios em infraestrutura, energia e alimentos, abriu guerra na Justiça contra a holding J&F, da família do empresário Joesley Batista. Desde 2009, os dois grupos são sócios na JBS, o maior conglomerado do setor de carnes do mundo. Quatro anos depois de a empresa ter incorporado o frigorífico Bertin, no entanto, a situação entre os parceiros se deteriorou. Na segunda-feira, a empresa Tinto, que representa a família Bertin, entrou na Justiça com ação cautelar em que faz graves acusações. E virou suas baterias contra a J&F. Cotas do fundo Bertin-FIP, por meio do qual a família participa da JBS, teriam sido desviadas de forma "escabrosa" e "criminosa" para uma empresa com sede no Estado de Delaware, nos Estados Unidos: a Blessed LLC. Essa empresa, dizem os representantes da família Bertin, seria da J&F. "Nós trabalhamos com a hipótese de que a Blessed pertence à família Batista", diz o advogado Antonio Carlos Velloso Filho, do escritório Sergio Bermudes, que atua na causa. De acordo ainda com as acusações, assinaturas de integrantes da família Bertin teriam sido falsificadas, em uma "tramóia" para que as cotas fossem transferidas. Elas valeriam R$ 900 milhões, mas teriam sido transferidas por apenas R$ 17 mil, dizem os advogados. Pior, afirmam eles: as cotas garantiam um empréstimo de R$ 100 milhões do grupo Bertin no Banco do Brasil. E o BB correria agora o risco de levar um calote. Na terça-feira, 11, o juiz Fernando Cúnico, da 5ª Vara Cível de São Paulo, deferiu o pedido de liminar dos Bertin e bloqueou a comercialização das cotas. O grupo diz que isso é só o começo: eles pretendem mover uma ação maior contra a Blessed LLC, de ressarcimento de perdas e danos "pelo ilícito praticado". "Não acusamos ninguém pela falsificação das assinaturas. Mas que alguém falsificou, é fato", diz o advogado Velloso Filho. A J&F nega categoricamente que seja dona da Blessed LLC. Diz que não tem nada a ver com a empresa, que estaria na verdade mais ligada à própria família Bertin. De acordo com documentos do site oficial da JBS, destinados a informar investidores, a Blessed integra o fundo Bertin FIP, justamente aquele em que a família Bertin tem cotas. A J&F diz ainda que a dívida de R$ 100 milhões do grupo Bertin com o Banco do Brasil B é de responsabilidade exclusiva da família que o controla, e ela deve responder pelo débito. Em maio, a família Bertin preparou notificação a Joesley Batista, presidente da J&F e controlador da JBS, informando que poderia adotar medidas legais para questionar a operação de incorporação da Bertin pela JBS. A família dizia se considerar prejudicada por ter hoje participação menor do que a estipulada na época em que a negociação foi efetivada. Natalino Bertin, um dos integrantes da família, foi afastado das negociações e substituído pelo irmão, Reinaldo. A fusão entre as operações dos dois grupos, anunciada há quatro anos, foi apoiada pelo governo federal. Em 2007, o BNDES comprou cerca de R$ 4 bilhões em ações dos frigoríficos JBS e Bertin, o que ajudou a viabilizar a fusão dos dois grupos em 2009. O BNDES ficou com 27% das ações da empresa resultante da operação.

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