A revista britânica The Economist
usa a ironia para reforçar o descontentamento com o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, em sua edição divulgada nesta quinta-feira. A publicação diz que a
economia brasileira tem apresentado desempenho "medíocre" e, com a
lembrança de que Mantega ficou no cargo mesmo após a revista pedir a saída do
ministro, a publicação diz que "mudou de estratégia". Apesar da
brincadeira, reconhece que, após seguidas frustrações com medidas e o
desempenho da economia, o governo de Dilma Rousseff parece voltar a tomar
decisões para reconquistar a admiração dos mercados. No fim de 2012, a
publicação sugeriu a saída de Mantega para uma mudança de rumo da economia.
"Foi amplamente noticiado no Brasil que a nossa impertinência teve o
efeito de fazer o ministro da Fazenda ficar 'indemitível'. Agora, vamos tentar
um novo rumo. Pedimos para a presidente ficar com ele a todo custo: ele é um
sucesso", diz o texto. Para The Economist, o Palácio do Planalto começou a
se distanciar, no segundo mandato do ex-presidente Lula, de premissas como a
"meta de inflação de um Banco Central que opera com independência de fato,
contas públicas transparentes, meta fiscal rigorosa e uma atitude muito mais
aberta ao comércio Exterior e ao investimento privado". Desde o estouro da crise de 2008, diz o
texto, o governo de Lula e também de Dilma optaram por deixar de lado conceitos
da "economia liberal decadente" e optaram pelo "capitalismo
chinês de Estado". A revista diz que, nessa mudança, a equipe econômica
desistiu de reformas e a presidente Dilma Rousseff "assediou publicamente
o Banco Central para reduzir os juros": "Ela desencadeou uma enxurrada
desconcertante de incentivos fiscais (e aumentos de impostos) para indústrias
favorecidas, mas não conseguiu equilibrar com os cortes de gastos". A
reportagem reconhece, porém, que os sinais mais recentes são de "uma
política mais clara" e cita como exemplos a alta da taxa Selic para conter
a inflação e o fim da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras para
estrangeiros. Em outra reportagem, a revista diz que o Brasil parece
"preso na lama", o crescimento fraco da economia levou o Palácio do
Planalto a "mudar de rumo" e o caminho para reconquistar investidores
é longo. O aumento do juro na semana passada, por exemplo, foi elogiado. Mas a
revista lembra que o Banco Central "vai ter de aumentar as taxas novamente
para levar a inflação para perto do centro da meta". Também há elogios para o fim do IOF na renda
fixa, com a ressalva, contudo, de que o Ministério da Fazenda será acompanhado
de perto para ver se voltará "à retidão" na questão fiscal "depois
de usar a contabilidade criativa para atingir a meta de superávit". Outro
aspecto elogiado foi a intenção de retomar as concessões e o "bem-sucedido
leilão de campos de petróleo". "Será um longo caminho para aumentar a
confiança empresarial e dos investidores e para promover a melhora da
ultrapassada infraestrutura brasileira que o País precisa para crescer".
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