terça-feira, 23 de julho de 2013

DJALMA SANTOS, BICAMPEÃO MUNDIAL, NA SUÉCIA E NO CHILE, MORRE EM UBERABA AOS 84 ANOS

Nos tempos em que lateral tinha como principal função defender, ele foi um visionário. Sua saúde privilegiada e a técnica das mais apuradas ajudaram muito nos avanços ao ataque. Resumo da ópera: duas das cinco estrelas que os brasileiros carregam no peito foram conquistadas com o suor e o brilho de Djalma dos Santos. No futebol, virou apenas Djalma Santos. Neste 23 de julho de 2013, o craque visto por muitos como o melhor lateral-direito de todos os tempos, deixou a vida, aos 84 anos, em Uberaba, interior mineiro, onde morava há duas décadas. Ele morreu às 19h30  em decorrência de uma pneumonia grave e instabilidade hemodinâmica, culminando com parada cardiorrespiratória. Ele estava hospitalizado desde o dia 1º de julho. Bicampeão mundial em 1958 e 1962 e presente nas duas finais, na Suécia e no Chile, Djalma atuou no Palmeiras, Portuguesa e Atlético-PR. Também esteve nas Copas de 1954 e 1966. Na década de 1950, Djalma Santos dava sinais do que seria imprescindível para o lateral moderno. Com vigor físico irretocável, o lateral-direito, então posição de defesa, fazia investidas ao ataque e voltava para recompor a linha defensiva. Os laterais perto da área adversária se transformavam em escanteios, pois Djalma Santos os cobrava dentro da área. O acidente em que teve a mão direita prensada por uma máquina o impediu de fazer alguns movimentos, mas, nos arremessos, Djalma transformava o braço em uma alavanca que impulsionava a bola para dentro da área. A lateral direita, porém, só surgiu na vida de Djalma graças a um concorrente. Na Lusa, Djalma foi meia até 1949, quando Brandãzinho chegou ao time e forçou a ida do bicampeão mundial para a latera direita, onde se consagraria. O meio-campista inclusive foi um dos responsáveis, juntamente com Djalma Santos, pelos anos de glória da Portuguesa. Com as excelentes atuações na Lusa, Djalma foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez em abril de 1952. Era o caminho para a primeira Copa do Mundo, dois anos depois. Apesar do gol de pênalti contra a Hungria, a mais temida do Mundial da Suíça e que estava sob a batuta de Puskas, o Brasil foi derrotado por 4 a 2, no jogo conhecido como a Batalha de Berna por conta da pancadaria entre os jogadores das duas equipes. A curiosidade ficou por conta do pênalti convertido por Djalma naquela partida. Foi quase uma ordem dos colegas: "Todo mundo ficou com medo de bater. Saíram e mandaram eu cobrar. Dei sorte de fazer o gol. Mas, se eu perco aquele pênalti, até hoje seria julgado". Quatro anos depois, Djalma voltaria a vestir a camisa do Brasil em uma Copa do Mundo, desta vez na Suécia. E com um final diferente. Reserva durante praticamente toda a competição, ele teve a chance de disputar a decisão depois da contusão do titular, De Sordi. E bastaram os 90 minutos daquela partida para a consagração. Com atuação impecável na final, na vitória por 5 a 2 contra a Suécia, Djalma foi eleito o melhor lateral-direito da competição. No Chile, ele foi sempre titular de uma equipe que já chegou à disputa como uma das favoritas. Mesmo sem Pelé, contundido, o Brasil sagrou-se bicampeão mundial. O lateral-direito foi eleito para o time dos sonhos da Copa. No ano seguinte, foi o único brasileiro a integrar a seleção da Fifa, que fez amistoso com a Inglaterra. Em 1966, disputou sua última Copa do Mundo. Fez parte, inicialmente, da pré-lista de 47 jogadores convocados pelo técnico Vicente Feola. Sobreviveu ao corte que reduziu o número para 22. Mas naufragou com a Seleção. Participou das duas primeiras partidas: vitória de 2 a 0 sobre a Bulgária, com gols de Pelé e Garrincha, e derrota de 3 a 1 para a Hungria. Ficou fora de nova derrota por 3 a 1, desta vez para Portugal, em jogo que eliminou o Brasil da disputa, uma das maiores decepções da história das Copas.

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