domingo, 7 de julho de 2013

RITUAL DE LAVAGEM DO CAIS DO VALONGO HOMENAGEIA ESCRAVOS QUE DESEMBARCARAM NO PORTO NO SÉCULO 19

Com trajes de festa, flores, atabaques, tambores e agogôs, mães de santo e representantes do candomblé cumpriram na quinta-feira o ritual da lavagem simbólica do Cais do Valongo, na zona portuária do Rio de Janeiro, onde desembarcaram mais de meio milhão de africanos escravizados, em meados do século 19. A primeira lavagem ocorreu no ano passado, durante a inauguração do espaço. Para a presidente do Centro Cultural Pequena África, Mãe Celina de Xangô, que coordenou o ritual, a lavagem do Cais do Valongo deveria entrar para o calendário oficial de festividades da cidade. “O Cais do Valongo não é apenas municipal, como também estadual, federal, ele é mundial, pois para cá vieram escravos de vários países, várias tribos. Pretendo, enquanto viva for, estar a frente desse ritual”, disse. “Celebramos o passado, mas também a vida, sempre pedindo aos ancestrais que nos dêem força, nos dêem paz”. Mãe Celina explicou que as cantigas, os batuques do ritual são os mesmos da época dos escravos que por ali passaram e que a reprodução dessas manifestações é uma forma de celebrar a vida e trazer alegria aos ancestrais. Construído em 1811, o Cais do Valongo foi redescoberto em 2009 por arqueólogos, durante as obras da Zona Portuária. É considerado o maior porto de escravos das Américas. Em 1843, o local foi soterrado para se tornar o Cais da Imperatriz e assim receber dona Teresa Cristina, para se tornar a esposa de Dom Pedro II. O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp), Alberto Gomes Silva, explicou que parte dos centenas de milhares de artefatos encontrados na área do Cais do Valongo farão parte do acervo permanente do Centro Cultural José Bonifácio, na região portuária, que está sendo restaurado.

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