quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A PETRALHADA QUE VÁ PATRULAR A VOVOZINHA METRALHA. NO CASO DO CADELEAKS, OU SE REVELE A INVESTIGAÇÃO INTEIRA OU CESSEM OS VAZAMENTOS. SIGILO COM VAZAMENTO É COISA DE ESTADO POLICIAL BOLIVARIANO


A petralhada que vá patrulhar a Vovó Metralha em vez de vir encher o meu saco, atribuindo-me coisas que não escrevi. Alguém enfiou a mão no dinheiro público em licitações dos trens e do metrô em São Paulo, endossando a formação de cartel? Cadeia no valente, depois do devido processo legal e se ficar provada a falcatrua. Sou tão tucano quanto petista ou pecedobista… Todos os partidos que estão aí são expressões da democracia — embora alguns deles não a acatem como horizonte último —, mas nenhum deles, como diriam aqueles, ME representa. Não representam a mim, mas representam a outros (NOTA: olhe o objeto direto preposicionado aí — recado a um leitor que me dirigiu uma pergunta sobre o assunto…). Por isso eu critico a turminha que levanta cartazes com essa frase estúpida. Adiante. Eu não pedi impunidade pra ninguém nem neguei que tenha havido irregularidades. Até porque, a exemplo da esmagadora maioria dos brasileiros, não conheço o processo. O que afirmei, sim, e continuo a sustentar é que existem circunstâncias que apontam para uma outra tramoia — na hipótese de que o direcionamento das licitações tenha mesmo acontecido. É um absurdo que o governo de São Paulo não conheça o processo. “É que existe o sigilo!” Sigilo? Qual sigilo? O vazamento está por aí, em todo canto. E não, como fica evidente, do processo inteiro, até porque é impossível. Há uma cuidadosa seleção de partes que são tornadas públicas, que, curiosamente, não trazem o nome de ninguém. Virou coisa, como a imprensa noticia, de “governos do PSDB”. A intenção de criminalizar todas as gestões tucanas fica mais do que evidente. Pior: sustenta-se que “o governo sabia”. Quem é “o governo”? Que figura é essa? Os governadores sabiam? Teriam dado o aval? Ninguém me patrulha, não! E não vou ficar aqui fazendo o joguinho das compensações. No dia em que me sentir compelido a essa prática covarde, paro de escrever. Cadeia para eventuais ladrões do dinheiro público em São Paulo. Cadeia para eventuais ladrões do dinheiro público onde quer que estejam. Mas não me peçam para endossar esses procedimentos típicos de repúblicas bolivarianas, especialmente quando um José Eduardo Cardozo, chefe funcional do Cade, vem a público para declarar a excelência do órgão e silencia sobre o vazamento. Em editorial, o Estadão sugeriu que o governador Geraldo Alckmin fez mal em ter recorrido à Justiça para conhecer o processo. É mesmo? Fez mal por quê? Então já não se deve garantir nem mais instrumentos que possam instruir ou a defesa ou, atenção!, a eventual punição de culpados que possam estar por aí? Pra cima de mim, não! Golpeadores da democracia dos mais diversos quilates, ao longo da história, recorreram às acusações de corrupção para liquidar adversários políticos. Tanto mais cuidado se deve tomar quanto mais próximos do poder estiverem os que apontam as irregularidades. Vejam como funcionam as coisas na Venezuela de Chávez/Maduro, na Bolívia de Evo Morales e no Equador de Rafael Correa. Eu não vi o governador Geraldo Alckmin ou qualquer outro tucano a passar a mão na cabeça de larápios, como Lula já fez. Se alguém viu, me conte, aponte. Mas vi, sim, e faz todo sentido, um secretário de estado a acusar o Cade de se comportar como polícia política, no que está coberto de razão. Seria porque o órgão investiga licitações havidas em São Paulo? Não! A acusação se deve ao fato de que, sem sombra de dúvidas, montou-se uma central de vazamentos — e o objetivo dessa operação, que é ilegal, é político. De resto, eu não me sinto obrigado a provar à patrulha petralha que sou uma pessoa de bem. Olho as companhias dessa gente e quem são os seus heróis, e, definitivamente, não há a menor chance de que eles me acolham. E há o fato adicional de que não quero ser acolhido por eles. Meu blog não depende, para existir, da aprovação daqueles que o detestam. Tampouco busco ganhar essa gente. Se me leem, e leem, é porque querem, não porque eu tente cooptá-los. Cadeia para larápios, sim!, onde quer que estejam. Mas reitero que, da forma como se dão as coisas, por enquanto, ainda que todos os crimes tenham acontecido, escolheu-se o caminho da chicana, da politicagem e da mobilização de uma estrutura do estado para perseguir inimigos políticos. Quem disse, para ir para o extremo, que os motivos dos fascistas eram sempre falsos? Às vezes, até eles lidavam com a verdade. O problema é que essa verdade servia à farsa. Não cabe ao PSDB, ao PT, a partido nenhum, defender bandidos. Mas cabe a qualquer partido — e a qualquer pessoa sensata — defender as regras do estado democrático e de direito. Revele-se o inteiro teor da investigação ou cessem os vazamentos selecionados. Uma coisa e outra são próprias das democracias de direito. Sigilo combinado a vazamentos industriados é coisa de estado policial bolivariano, né, José Eduardo Cardozo? E não haverá petralha nesta terra capaz de me intimidar com sua patrulha boçal. Se existem bandidos em São Paulo, que parem de escondê-los, ora! Vão patrulhar a Vovó Metralha! Por Reinaldo Azevedo

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