sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NOBEL DE ECONOMIA DIZ QUE O FED (BANCO CENTRAL AMERICANO) SE TORNOU UM GRANDE "HEDGE FUND"

A política de estímulos desenhada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para resgatar a economia dos Estados Unidos do buraco ainda não se provou efetiva – e, além disso, transformou o Fed num imenso hedge fund. A afirmação foi feita pelo vencedor do Nobel de Economia Thomas Sargent, PhD em Harvard e professor da Universidade de Nova York. Segundo Sargent, o fato de o banco central americano atuar no mercado financeiro comprando títulos de bancos como forma de injetar liquidez nas instituições e, assim, estimular o crédito, o transforma num fundo de investimentos. Os hedge funds são fundos que investem em ativos de risco e atuam no mercado de derivativos. “Antes, a atuação do Fed era muito limitada, quase que essencialmente regulatória. Agora, ele imprime dinheiro para comprar ativos arriscados. Quem faz isso são os hedge funds. O Fed é, hoje, o maior hedge fund dos Estados Unidos”, afirmou Sargent durante o 6˚ Congresso de Mercados Financeiro e de Capitais da BM&FBovespa. Para o economista, que tem uma opinião cética em relação aos efeitos positivos da política de estímulos aplicada nos Estados Unidos, ainda não se pode afirmar que o crescimento da economia americana em 2013 se deve ao sucesso do programa de compra de títulos. “Eu simplesmente não sei se o crescimento se deve a isso. E creio que ninguém deve saber ao certo, ainda”, afirmou. O banco central americano injeta mensalmente 85 bilhões de dólares na economia por meio da compra de papéis no mercado financeiro. “O Fed está comprando ativos que ninguém mais está comprando e ainda afirma que não é arriscado”, diz Sargent, com certo ar de indignação. Uma mudança de cadeiras na autoridade monetária americana deve acontecer em breve. O anuncio do novo nome deverá ser feito pelo presidente Barack Obama ainda em setembro. Mas Sargent, que ganhou o Nobel pelas pesquisas que desenvolveu sobre causa e efeito na Macroeconomia, acredita que, independentemente do novo chefe do órgão, pouca coisa mudará. “Uma vez, perguntaram a mesma coisa a Milton Friedman (economista que aconselhou diversos presidentes dos Estados Unidos e ganhador do Nobel). Ele disse que para qualquer um que entrasse, pouca coisa mudaria. Fico com a mesma resposta”, afirma o economista.

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