sábado, 10 de agosto de 2013

NUMEROS DA PESQUISA DATAFOLHA INDICAM QUE A SOBERANA BOLIVARIANA PETISTA DILMA ROUSSEFF COMEÇA A RECUPERAR PARTE DO PRESTÍGIO

Do jornalista Reinaldo Azevedo - Posso não gostar do resultado — e, de fato, não é segredo pra ninguém, não gosto —, mas acho que a governanta Dilma Rousseff começou a recuperar parte da sua popularidade. Nunca mais deve alcançar os 65% de “ótimo e bom”, mas tem como ir além dos atuais 36%, conforme aponta pesquisa Datafolha, publicada na Folha deste sábado. No fim de junho, só 30% consideravam o seu governo ótimo ou bom. Ganhar seis pontos percentuais em apenas um mês não é um mau resultado. Especialmente porque não aconteceu nada de novo para que houvesse essa ascensão. Ocorre — e, neste ponto, sempre arrumo uma confusão danada — que também não havia acontecido nada de novo para a despencada. O mês de junho ainda requer um estudo cuidadoso, a ser conduzido, com todo respeito aos sociólogos, por historiadores. Se aumentou o número de pessoas que consideram seu governo ótimo e bom, é possível que tenha havido também um aumento dos que estão dispostos a apostar na sua reeleição. Vamos ver os cenários pesquisados pelo Datafolha. Espero que, desta feita, se tenha deixado de lado a “pré-candidatura” — que não existe, nunca existiu nem existirá — de Joaquim Barbosa. Entre os que ganham até dois salários mínimos, 41% consideram a gestão de Dilma ótima ou boa; acima de 10 mínimos, só 29% fazem essa avaliação. Melhor para ela. Há mais eleitores que ganham até dois mínimos do que os que recebem acima de 10. É bem possível que, nesse grupo mais abastado, as esperanças se voltem para Marina Silva. O rancor contra os políticos é mais acentuado nessa faixa — e, para muita gente, Marina não é política; tratar-se-ia apenas de uma pessoa que quer o nosso bem, um espírito da floresta, como Anhangá… Também conta a favor da recuperação de Dilma a queda acentuada da parcela que acha que as manifestações de rua lhe trarão mais benefícios pessoais do que prejuízos: de 65% para 49%. Ainda é alta, mas também declinante, a fatia que acredita que os protestos são positivos para os brasileiros: de 67% para 52%. Parece que esse estado de eterna mobilização, com os óbvios transtornos provocados no dia a dia, começa a cansar. Dilma não tem pela frente uma sequência de boas notícias — assim como elas lhe faltaram em julho. Talvez as férias escolares e do trabalho tenham tornado alguns brasileiros menos rigorosos. Ocorre que esse descontentamento que chegou às ruas com pauta tão ampla — e, por isso mesmo, difusa — tende a se esvanecer sem apontar, necessariamente, caminhos novos. Vamos ver o que diz o cenário eleitoral. Dilma certamente lidera as preferências. E é bem possível que Marina tenha se consolidado no segundo lugar. Tomara que não! Mas que os tempos são favoráveis a esse cenário de pesadelo, ah, isso são! Se for assim, não pensem que Deus vai nos acudir. Desde o Velho Testamento, ele recomenda que se tome cuidado com as escolhas. O Datafolha testou sete cenários — incluindo aqueles que já classifiquei de absurdos: com Joaquim Barbosa. Mas, sei lá por quê, deixou de pesquisar um deles, muito mais plausível: com José Serra como o candidato tucano, mas sem Barbosa. Ainda volto ao assunto. Vamos aos dois primeiros cenários, no cotejo com a pesquisa anterior, que é dos dias 27 e 28 de junho. O levantamento de agora foi feito nos dias 7 a 9 deste mês.
CENÁRIO 1 – Péssimo resultado para Aécio
Dilma – vai de 30% para 35%
Marina – vai de 23% para 26%
Aécio – cai de 17% para 13%
Campos – vai de 7% para 8%
Comento
A Folha fez 2.615 entrevistas. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Como se nota, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (Rede) avançam além dela. Cresceram. Eduardo Campos (PSB) fica estacionado. O resultado é péssimo para o tucano Aécio Neves. O jornal afirma que ele oscilou na margem de erro, mas a informação é incorreta. Ele caiu. A menos que se opere com o estranho critério de encavalar as margens da pesquisa anterior e desta. Nesse caso, na de junho, ele poderia ter entre 15% e 19% e, agora, entre 11% e 15%. Mas não é assim que os especialistas fazem a análise. Fosse assim , o jornal não poderia sustentar, como sustenta, corretamente, que Marina cresceu. Afinal, encavalando-se as margens de erro, ela poderia estar no mesmo lugar, já que, em junho, poderia ter entre 21% e 25% e, agora, entre 24% e 28%. Acho que fui claro. O resultado é especialmente ruim para o tucano porque, no período, foi alçado à condição de porta-voz do maior partido de oposição, teve um programa político na TV direcionado só para ele e é tratado pela imprensa como “o” candidato tucano. Como se percebe, Dilma começa a recuperar parte do seu prestígio, e Marina Silva se torna, de longe, a figura política que mais lucrou com as manifestações de rua. Na pesquisa dos dias 6 e 7 de junho, ela tinha apenas 14% das intenções de voto.
CENÁRIO 2 – O do absurdo
Dilma – de 29% para 33%
Marina – de 18% para 22%
Aécio – de 15% para 12%
Joaquim Barbosa – de 15% para 11%
Campos – de 5% para 6%
Comento
É um dos cenários aloprados. Talvez sirva apenas para registrar uma certa queda no prestígio de Joaquim Barbosa, nada mais. Ele não será candidato. Não entendo por que insistir nessa possibilidade. Serve também para notar que, com ou sem Barbosa, Aécio varia pouco. O Datafolha testou três cenários com Lula como candidato do PT. Vamos a dois deles.
CENÁRIO TRÊS – sem Barbosa
Lula vai de 46% para 51%
Marina oscila de 19% para 20%
Aécio cai de 14% para 11%
Campos vai de 4% para 5%
CENÁRIO QUATRO – Com  Barbosa
Lula cresce de 45% para 50%
Marina vai de 14% para 17%
Joaquim cai de 13% para 10%
Aécio cai de 12% para 9%
Campos oscila de 4% para 3%
Comento
Bem, se candidato do PT, Lula se elege no primeiro turno
O Datafolha testou três outros cenários e adotou um critério que não pode ser explicado pela lógica convencional. Talvez exista alguma outra. Vamos a eles. Vocês certamente notarão algo de estranho no curso da leitura.
CENÁRIO 5 – Com Serra e Aécio disputando e Dilma como candidata
Dilma – 32%
Marina – 23%
Serra – 14%
Aécio – 10%
Campos – 6%
Comento
Nesse caso, o tucano José Serra disputaria, então, por outro partido, uma vez que Aécio Neves seria o candidato do PSDB. A Folha diz que eles obtêm resultados semelhantes… Huuummm… Com a margem de erro, Serra teria entre 12% e 16%, e Aécio, entre 8% e 12%. A “semelhança” (um conceito estranho às pesquisas) se daria só no extremo das margens — inferior de um e superior do outro. Pouco plausível. Esse é um cenário, digamos, possível? É.
CENÁRIO 6 – Serra como candidato tucano, mas com Barbosa
Dilma – 32%
Marina – 21%
Serra – 15%
Joaquim Barbosa – 11%
Campos – 5%
Comento
Qual é o problema desse cenário, a exemplo de outros em que entra Joaquim Barbosa? Não há a menor possibilidade de ele se realizar. O presidente do STF não será candidato. Ponto final!
CENÁRIO 7 – Com Lula, Serra, Aécio e Barbosa
Lula – 46%
Marina – 16%
Serra – 9%
Aécio – 8%
Barbosa – 8%
Campos – 3%
Comento
É a mais baixa pontuação de Lula. Nesse caso, a eleição no primeiro turno correria algum risco, ficando na margem de erro: 46% contra 44% na soma dos adversários. De novo, note-se, não vai acontecer porque:
a) Barbosa, definitivamente, não se cândida;
b) Lula dificilmente se candidatará.
Há muita coisa a escrever sobre a pesquisa. Vejam os três cenários acima. Se vocês olharem a página impressa da Folha, constatarão que os cenários que incluem Serra estão espremidos no canto da página, como a sugerir: “Isso não vai acontecer”. Pergunto: será Serra menos candidato potencial do que Barbosa? Ora… Por que o Datafolha não testou — e parece absurdo que não o tenha feito — cenários plausíveis em que Serra seja o candidato do PSDB? Alguém dirá: “Ora, Reinaldo, testou, sim; é o cenário 6”. Mas aí não vale, porque este inclui Barbosa como candidato, o que não se realizará. Também se poderia dizer: “Seria um teste inútil porque está definido que o candidato é Aécio”. Bem, definido mesmo, convenham, nada está — nem mesmo que Dilma será a candidata (ou não se testaria o nome de Lula, certo?). De resto, se o Datafolha considera que Aécio é o candidato e pronto, para que, então, testar o cenário 6, em que Serra aparece como o nome tucano? Em síntese, caso aconteça de Serra ser o nome tucano, o cenário plausível da disputa é com Dilma como candidata do PT —  ou Lula, o que é menos provável. Em qualquer hipótese, Barbosa não estará na disputa. E esses cenários não está aí. “Ah, mas a a gente acha que não vai acontecer…” É? E uma eleição com Barbosa, alguém acha que vai? A escolha do Datafolha pode se explicar de vários modos, menos pela incompetência. Eles sabem o que fazem por lá. Resta, então, a curiosidade. Por Reinaldo Azevedo

Um comentário:

CAntonio disse...

Eu acho incrível que jornalista de tanta influência ainda acreditem nas Pesquisas. É quase impossivel crer que nenhum jornalista ainda se perguntou quantos são os pesquisadores; quais sãos as empresas terceirizadas contratadas para fazer as pesquisas (ou alguém acha que o Instituto manda um pesquisador de avião com despesas pagas para fazer apenas uma pesquisa no interior do Brasil?). Cada vez mais eu acredito que o Brasil não tem mesmo jeito; se nenhum profissional se digna a fazer perguntas é porque o pais já está moribundo. Nem me atrevo a inquirir um jornalista a respeito das URNAS ELETRÔNICAS: na certa me denunciarão ao TSE.