terça-feira, 27 de agosto de 2013

PETISTA ASSESSOR DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA, COM PRISÃO DECRETADA POR ESTUPRO E PEDOFILIA, DIZ QUE ELE É A VÍTIMA

Vinte quarto horas antes de ter a prisão preventiva decretada pela Justiça, o assessor especial da Presidência da República, o petista Eduardo Gaievski concedeu uma entrevista a VEJA. Acusado de abusar de menores de idade, Gaievski, que despachava no quarto andar do Palácio do Planalto, está foragido desde a última sexta-feira. Seus advogados tentam revogar o decreto de prisão emitido pelo Fórum de Realeza, no Paraná, cidade que ele comandou de 2005 a 2012. Uma investigação do Ministério Público e da polícia reuniu depoimentos de menores acusando o ex-prefeito petista de oferecer dinheiro e emprego na prefeitura em troca de favores sexuais. Segundo os depoimentos, o assessor pagava entre 150 e 200 reais a meninas pobres da cidade para manter relações sexuais com elas. Exonerado do cargo no último sábado, Gaievski era encarregado de coordenar importantes programas sociais do governo, como o de combate ao crack e o de construção de creches. Ele se diz vítima de perseguição política promovida por adversários.
- O senhor está sendo acusado de abusar sexualmente de menores.
- Para trabalhar na Casa Civil eu apresentei todas as certidões negativas. Fui ao Tribunal de Justiça, fui à Comarca de Realeza e não tinha nenhuma acusação contra mim. Estou sendo vítima de perseguição política.
- Quem está perseguindo o senhor?
- Denunciei toda a máfia da minha prefeitura, da cidade. Denunciei a promotora, o delegado, porque vendiam bebida alcoólica dentro das escolas. Eu combato o álcool. Tenho família, tenho 27 anos de casado. Tenho honradez, idoneidade.
- Há vários depoimento de menores que dizem que o senhor pagou por favores sexuais.
- Jamais, jamais...
- Consta que no inquérito existem mais de vinte testemunhas.
- O que quero é me defender, mostrar que não fiz isso. Não concordo é com tentarem me destruir pessoalmente. Por que não tem nenhum processo, por que não me processaram? Por que não me pegaram em flagrante? Era só me seguir.
- Entrevistamos três meninas que confirmaram as acusações.
- Imagina numa cidade que é desse (sic) tamainho. Por que não me prenderam? Quando você começa a denunciar, que você entra nessa desgraça da política, você arruma inimigos, porque todo mundo quer assaltar a prefeitura. A promotora lá é mulher do delegado. Um dia falei para o delegado: “Doutor, a cidade inteira está comentando que o senhor está cobrando propina daquele motel para deixar a prostituição correr".
- O senhor chegou a formalizar essa denúncia?
- Não. Estava esperando eu ser denunciado primeiro, o que nunca aconteceu. Tenho tudo gravado. As armações que fizeram. Tenho noção de três a quatro pessoas que a promotora levou para depor. Tem uma funcionária que demiti entre as pessoas que me acusam. A mãe dela me ligou. Ela foi lá na promotora chorar as pitangas. Tem uma médica que demiti. Foi lá, dizendo que eu não tinha pago. Mandei ela fazer a denúncia.
- Seriam mais de vinte testemunhas.
- Você está falando de uma cidade de 16.000 habitantes e você está falando de vinte pessoas. Duvido que tenham conseguido arrumar vinte adolescentes contra mim. Por que não me deram um flagrante? 'Vamos pegar ele aqui, com uma bendita menor'.
- O senhor chegou a denunciar essa “armação” da promotora contra o senhor?
- Eu estou esperando que me denunciem. Quando me denunciarem... Por que não me denunciam? Até o dia 21 de janeiro, quando vim aqui conversar com a ministra Gleisi, não tinha nenhum processo contra mim.
- O senhor nunca teve acesso à investigação?
- Não tenho acesso a nada, porque não foi feita denúncia. Eu não tenho nada a ver com isso. Eu sou a vítima. Você está me dando o direito de me defender. Eu fui reeleito com 84% dos votos, numa cidade pequenininha. Falar em vinte meninas desse jeito, não tem como.  Eu não tenho medo, porque eu não fiz coisa errada.

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