terça-feira, 3 de setembro de 2013

ASSESSOR DO MINISTÉRIO DO TRABALHO É PRESO POR RECEBER PROPINA DE R$ 30 MIL

A Polícia Federal prendeu em flagrante nesta terça-feira um assessor do segundo escalão do Ministério do Trabalho. O funcionário público  recebeu 30.000 reais, em dinheiro, como propina. O flagrante foi feito em um hotel no centro de São Paulo. Apesar de trabalhar para uma secretaria da pasta, o servidor era "bem próximo ao poder", segundo o delegado da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), Alberto Ferreira Neto, e tinha cerca de 20 anos de carreira. Trata-se do oitavo preso na Operação Pronto Emprego, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A Polícia Federal também cumpriu 38 mandados de busca e apreensão, dois em gabinetes do ministério, coordenadas por Neto e pelo chefe da Delefin, delegado Rodrigo Sanfurgo. Equipes da Polícia Federal monitoravam o servidor desde segunda-feira, quando ele viajou de Brasília para São Paulo, onde desembarcou no Aeroporto de Congonhas. Ele foi detido com os 30.000 reais, distribuídos nos bolsos de um paletó e na carteira, após uma reunião com diretores do Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), ONG que recebe verba do ministério para manter centros de qualificação profissional. O assessor foi responsável por assinar aditamentos do convênio entre o Ministério do Trabalho e o Ceat. Segundos os delegados, a ONG é a que mais recebe recursos do ministério em São Paulo e teria aditamentos irregulares, acima do teto de 25% do valor inicial do contrato.  "É uma relação (entre o servidor e a ONG) que beira a promiscuidade", disse Neto: "Ele recebeu esse dinheiro do diretor da organização". A Ceat, de fato, mantinha centros de apoio a trabalhadores, mas subcontratava empresas prestadoras de serviço "escolhidas a dedo". Eram cerca de dez empresas dos próprios diretores da ONG. Uma delas chegou a receber 18 milhões de reais. Dessa forma, o dinheiro do Ministério do Trabalho recebido pela ONG voltava para o bolso dos diretores da entidade e não era gasto por completo. Ao todo, a ONG recebeu, desde 2009, cerca de 47,5 milhões de reais do Ministério do Trabalho. A Polícia Federal ainda não sabe a quantia total desviada. Para os delegados, ficou comprovado desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Os presos temporariamente responderão por formação de quadrilha, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro e podem pegar até 37 anos de cadeia, estima a Polícia Federal. Entre eles está a presidente da ONG Ceat, Jorgette Maria de Oliveira. A Polícia Federal fez buscas na casa dela, em São Paulo, onde encontrou carros de luxo como Audi e Land Rover. O dinheiro "lavado" estava sendo usado pela diretoria da Ceat em atividades de comércio exterior, de acordo com a investigação. "Eles estavam importando mercadorias da China para revender em lojas na região da 25 de Março. Era questão de dias para começarem a vender", explicou o delegado. Segundo Neto, a investigação não é um desdobramento das irregularidades que derrubaram o ex-ministro Carlos Lupi (PDT), demitido da pasta em dezembro de 2011. A Polícia Federal ainda não encontrou vínculos com partidos, embora a Jorgette tenha sido filiada ao PDT, que controla a pasta.

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