domingo, 22 de setembro de 2013

PETISTA ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA ERA LOBISTA DE ESQUEMA QUE LAVOU 300 MILHÕES, DIZ A POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal acusa um assessor da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC), de envolvimento com a quadrilha suspeita de pagar propina a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão municipais. Relatório de inteligência da Operação Miqueias diz que Idaílson José Vilas Boas Macedo atuava como lobista do esquema, tendo feito negociações dentro do próprio Palácio do Planalto. Ele é filiado desde 1999 ao PT de Goiás e foi nomeado em 25 de março do ano passado, com salário bruto de R$ 9,6 mil, assessor especial na Secretaria das Relações Institucionais, pasta vinculada à Presidência da República. A nomeação foi assinada pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR). O preenchimento dos cargos de confiança mais altos precisam do aval dela. Segundo as investigações da Operação Miqueias, deflagrada na quinta-feira, Idaílson intermediava negociações entre prefeitos e um "pastinha", como são chamados os aliciadores do esquema. A Polícia Federal pediu a prisão do assessor de Ideli, além do bloqueio de suas contas bancárias e de buscas em sua casa. O pedido de prisão foi negado pela Justiça. Ele é acusado de tráfico de influência e formação de quadrilha. Para a Polícia Federal, que flagrou transações de Idaílson em grampos, há uma "intrínseca" relação entre ele e a organização criminosa. O assessor teria atuado, por exemplo, para facilitar o acesso do "pastinha" Almir Bento aos prefeitos de Itaberaí (GO) e Pires do Rio (GO). Numa das ligações interceptadas, o pastinha Almir Bento marca encontro entre Idaílson e o prefeito de Pires do Rio (GO) dentro do Palácio do Planalto, orientando-o a falar apenas de "assuntos técnicos". "Fala de projetos, essas coisas", afirmou Bento, segundo transcrição da Polícia Federal. O inquérito diz ainda que o aliciador se apresentava como integrante da Casa Civil, supostamente a pedido do assessor palaciano. "Os diálogos interceptados não deixam dúvidas de que Idaílson atuava em favor da organização criminosa em comento, intermediando encontros entre prefeitos - especialmente dos municípios de Pires do Rio e Itaberaí, ambos localizados no estado de Goiás -, e a organização criminosa em comento", sustenta a Polícia Federal. Com trânsito no Planalto, Idaílson integrou comitiva da presidente Dilma Rousseff em viagem a Salvador, neste ano, segundo o inquérito. Veja trechos das gravações:
Prefeito - Almir!
Almir - Oi!
Prefeito - Você me ligou?
Almir - Liguei. Agora para você ir lá não dá não né?
Prefeito - No Idaílson?
Almir - É!
Prefeito - Um minutinho por favor.
(ouve-se o prefeito perguntar: Quer ir lá no Idaílson agora? Uma voz de mulher pergunta: ele vai atender nós agora? O prefeito volta a falar com Almir)
Prefeito - Ele vai atender nós, assim, agora ô...
Almir - Agora. Agora.
Prefeito - Vai. Então vamos lá.
Almir - Você sabe cheg...
Prefeito - Mas você vai lá comigo ou você quer que eu vou lá?
Almir - Dá um pulinho lá. Sabe chegar lá?
Prefeito - Onde que é mesmo lá ô, irmão? Deixa eu pegar o endereço aqui.
Almir - é lá no Palácio, na SRI.
Prefeito - E lá não tá tendo greve não? Manifestação?
Almir - Tá não. Tá não. Eu vou te mandar o endereço certinho agora.
Prefeito - Pode falar.
Almir - Tá bom?
Prefeito - Ah, você manda por mensagem?
Almir - Vou te mandar por mensagem. Pode ir lá, para lá.
Prefeito - Então tá bom. Falou.
Segundo diálogo
Prefeito - Oi, Almir.
Almir - Ai lá, o sr. trata só assuntos técnicos, tá?
Prefeito - Como é que é?
Almir - Só assuntos técnicos lá.
Prefeito - Ah, então tá bom. Beleza.
Almir - Fala de projetos, essas coisas.
Prefeito - Então tá bom então, viu!

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