domingo, 15 de setembro de 2013

PETISTA PRESO NO PARANÁ, ACUSADO DE ESTUPRO DE MENORES, É SUSPEITO DE INTIMIDAR TESTEMUNHAS

Ex-assessor da ministra da casa Civil, Gleisi Hoffmann, o petista Eduardo Gaievski, preso sob a acusação de estupro de vulnerável, é suspeito de comandar, em parceria com seu advogado, um esquema de intimidação de testemunhas para que as imputações contra ele sejam retiradas. Gaievski foi prefeito do município paranaense de Realeza por dois mandatos, entre 2005 e 2012, e, segundo denúncia do Ministério Público, oferecia dinheiro e cargos públicos a meninas pobres em troca de sexo. As vítimas, em geral, são menores de idade, algumas com 12 anos na época dos crimes. O site de VEJA teve acesso a uma série de mensagens de e-mail trocadas entre Gaievski e o advogado dele, Rafael Seben, entre os dias 4 e 5 de setembro. Na época, Gaievski estava preso no Centro de Triagem da Polícia Civil em Curitiba. Ainda assim, negociava com o defensor quais vítimas poderiam ser abordadas para retirar as acusações de crime sexual. O ex-prefeito foi denunciado 17 vezes por estupro de vulnerável (pena de oito a quinze anos) e também pelos crimes de estupro e assédio sexual. No dia 5 de setembro, Gaievski dá as coordenadas para a atuação do advogado. Às 11h47, o ex-prefeito informa que o depoimento de uma das vítimas pode ser revertido e dá a senha para conseguir mudar a versão da adolescente: “Quem paga faculdade é a prefeitura”, escreve ao advogado. Seben parece confiante e no mesmo dia, às 18h09, informa que pedirá para o “Fafo” “agilizar” o plano. “Estamos na luta. Hoje é pra ser um dia muito importante (para convencer duas vítimas). Fafo é Edmundo Gaievski, irmão do ex-prefeito. Às 22h11, o advogado Rafael Seben informa que conseguiu um novo caminho para abordar outra vítima. “Arrumamos outro jeito de chegar nela, através de um menino do centro juvenil. Até sábado tá tudo certo”, diz. Mais tarde, ainda no dia 5 de setembro, Gaievski sugere nova investida contra testemunhas. Às 22h17, envia mais uma mensagem ao advogado: “A Seloi talves (sic) tenha que procurar (nome da vítima) no assentamento, né?”. Maria Seloí Becker é funcionária pública da prefeitura e seria uma das aliciadoras que atuavam em nome do ex-prefeito. Gaievski continua e sugere que uma psicóloga que atendeu uma das vítimas seja abordada para tentar convencer uma testemunha a atuar agora de forma favorável ao ex-prefeito. “Arriscado procurar psicóloga que atendeu ela em (cidade de) Quedas? Dizendo que é parente ou alguém que seja amiga da mãe da A.C.?" Em depoimento ao Ministério Público, o aposentado João Pontes, avô de uma das vítimas, afirma que foi ameaçado a deixar um terreno da prefeitura caso as declarações de sua neta não fossem retiradas do processo. Pontes morava com sua esposa e dois filhos há nove anos no Viveiro Municipal, em Realeza, e foi instruído, no dia 3 de setembro, pelo secretário de Administração da prefeitura, Fernandes Borges, a convencer a neta a retirar a denúncia contra o ex-prefeito. Diante da negativa, um dia depois, João Pontes recebeu notificação do atual prefeito de Realeza, Milton Andreolli (PT), para desocupar em 30 dias o imóvel onde morava. O advogado Natalício Farias, que representa quatro vítimas do ex-prefeito, pediu na sexta-feira à Justiça que determine a prisão de quatro pessoas envolvidas com a possível coação de testemunhas, ordenada por Gaievski de dentro da cadeia. Na lista estão Fernando Borges, secretário de Administração de Realeza, o advogado Rafael Seben, Maria Seloí Becker e Edmundo Gaievski. "Colocaram a estrutura da prefeitura à disposição deles para fazer a coação às testemunhas", diz o advogado.

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