sexta-feira, 6 de setembro de 2013

PT TENTA ABAFAR CASO DO PRESO POR PEDOFILIA E ESTUPRO DE MENORES, EX-ASSESSOR DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA, EDUARDO GAIEVSKI, PARA NÃO PREJUDICAR CANDIDATURA DA PETISTA GLEISI HOFFMAN AO GOVERNO DO PARANÁ

Desde a denúncia contra Eduardo Gaievski, ex-assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, por abuso sexual de menores, o PT tem adotado o silêncio como estratégia para abafar o caso. O objetivo é evitar que o alarde sobre o episódio afunde as pretensões eleitorais da ministra Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Um dia após VEJA ter revelado que Gaievski era investigado pela Justiça de Realeza, cidade no interior paranaense onde foi prefeito, a Casa Civil afastou o assessor até a conclusão das investigações sobre as circunstâncias e a veracidade das denúncias. No último sábado, após o ex-prefeito ter sido preso por estupro de vulnerável, Gleisi emitiu um comunicado oficial pelo qual tentou se distanciar da figura do assessor nomeado por ela. “Jamais compactuei ou compactuarei com crimes, ignorando-os ou acobertando-os", disse ela.  Ao site de VEJA, antes de ser preso, Gaievski negou as acusações de oferecer dinheiro a meninas pobres em troca de sexo e afirmou ser vítima de perseguição política promovida por adversários. Na contramão da estratégia dos demais ministros-candidatos, que têm aproveitado agendas com a presidente para estar presentes nos estados que aspiram ao governo, a ministra da Casa Civil não voltou ao Paraná desde que a denúncia tornou-se pública. Na cúpula do PT paranaense, a orientação é pregar o discurso de que o caso já é página virada. “A imagem de Gaievski não está vinculada ao partido. O que ele fez está apenas vinculado à pessoa dele. Ele era filiado e cometeu um crime. Nós o afastamos, não há o que fazer”, afirmou o presidente estadual do PT, Ênio Verri: “Não temos mais o que falar sobre isso". O silêncio do PT, porém, não será capaz de sanar o impacto do caso no Paraná, na avaliação de políticos locais. O deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) resume como o caso chegou ao Estado de Gleisi: “Foi um tsunami aqui no Paraná. O Gaievski era um dos principais assessores da ministra. Ele cuidava de todos os prefeitos. Uma eleição de governador é feita em cima de prefeito”, conta. “A marca desta figura trouxe uma grande dificuldade para a candidatura dela", analisa o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). O episódio deve colocar a ministra da Casa Civil no alvo dos protestos marcados para o 7 de setembro no Paraná. Apesar de considerar o caso "mais policial do que qualquer outra coisa", o deputado estadual petista Tadeu Veneri, admite que o governo falhou ao observar apenas o lado profissional de Gaievski em sua nomeação para assessor da Casa Civil. “É uma situação grave, ninguém pode negar que houve uma falha de estrutura. As análises de contratação do assessor da Casa Civil foram feitas de forma superficial. Não tomaram cuidado de avaliar além do currículo de Gaievski”, diz. Pessoas que conhecem o município de Realeza e que acompanharam a trajetória de ex-assessor especial afirmam que sua fama e seu histórico controverso eram notórios na cidade. Mas, como o petista era um prefeito respeitado e considerado bom administrador, o assunto acabou sendo ignorado e visto como uma questão pessoal. Considerado como uma pessoa ambiciosa, Gaievski almejava chegar a deputado estadual e se aproximou do Planalto visando dar essa guindada em sua carreira política. “Várias pessoas com história dentro do partido alertaram sobre sua figura, sua personalidade e suas atitudes abusivas e temerárias. Para nós, do PT, é triste. É lamentável”, manifestou-se, em nota pública, o deputado federal Assis do Couto. O parlamentar, um dos poucos petistas a contestar o episódio, afirmou que o PT devia pedir desculpas à sociedade. O caso Gaievski soma-se aos demais obstáculos enfrentados por Gleisi para chegar ao Palácio do Iguaçu.

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