quinta-feira, 12 de setembro de 2013

VACINA CONTRA MENINGITE A É EFICAZ EM TESTE EM LARGA ESCALA

Uma nova vacina contra a meningite A mostrou-se eficiente em testes em larga escala realizados durante uma epidemia da doença em 2012, no Chade, norte da África. Segundo estudo publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet, a vacina foi aplicada em 1,8 milhão de pessoas, que viviam em três regiões do país, em 2011. Entre essa população não foi registrado nenhum novo caso de meningite A durante o surto do ano seguinte. Mesmo levando em conta todos os tipos de meningite, os casos registrados em 2012 caíram 94% em relação ao resto do país. A meningite meningocócica é uma doença de origem bacteriana, que causa a inflamação das meninges, a membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. Ela pode provocar graves lesões cerebrais e ser fatal, se não tratada. Vários tipos de bactérias podem causar a doença, mas a principal é a meningocócica do sorogrupo A, responsável por cerca de 80% a 85% dos casos na África — onde epidemias acontecem regularmente. Crianças e adolescentes são os mais expostos à doença. A nova vacina — que recebeu o nome de MenAfriVac — foi licenciada em 2009, na Índia. A partir daí, começou a ser aplicada em diversos países do Cinturão da Meningite, região africana que se estende do Senegal à Somália e reúne 450 milhões de pessoas em risco de serem infectadas pelo meningocócico de tipo A. Na última epidemia registrada, em 2009, pelo menos 88.000 casos suspeitos foram diagnosticados, incluindo 5.300 óbitos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, mais de 100 milhões de pessoas já foram vacinadas, mas esse é o primeiro teste da eficácia da vacina feito em meio a um surto e em uma escala tão grande. Os pesquisadores compararam o índice de incidência da meningite entre os indivíduos que haviam recebido a vacina no final de 2011, nos três estados no Chade, com indivíduos do resto do país, que não receberam a imunização. Em 2012, a incidência de qualquer tipo de meningite na região vacinada foi de 2,47 para cada 100.000 habitantes, enquanto no resto do país a taxa foi de 43,8 para cada 100.000 — uma redução de 94%. Mais surpreendente ainda, a imunização preveniu completamente a infecção da meningite A na região, mesmo entre indivíduos novos ou velhos demais para receber a vacina. Isso pode ser explicado pelo fato de a vacinação ter diminuído a quantidade da bactéria sendo carregada e transmitida pela população. Segundo os pesquisadores, a vacina pode ajudar a eliminar a doença do Cinturão da Meningite, salvando a vida de milhares de pessoas. "A pesquisa fornece um sinal extremamente encorajador para todos os países que ainda não introduziram a vacina. Nós ainda estamos no meio desse processo de introdução, mas já temos resultados extraordinários", afirmou o diretor do Departamento de Vacinação da OMS, Jean-Marie Okwo-Bele.

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