terça-feira, 8 de outubro de 2013

CARRÕES EXIBIDOS PELA POLÍCIA FEDERAL NÃO ERAM DO DOLEIRO, CONFORME APONTOU A POLÍCIA FEDERAL, REVELA ADVOGADO

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, “Kakay”, que defende o doleiro Fayed Traboulsi e obteve sua soltura na segunda-feira, criticou nesta terça-feira o que chama de “espetacularização” da Operação Miquéias, exibindo a apreensão de carros de luxo que, logo se verificou, não pertenciam ao seu cliente, ao contrário do que a Polícia Federal informou aos jornalistas e tornou a Operação Miquéias destaque no noticiário em todo o País, com imagens de um verdadeiro desfile de Ferraris, Mercedes, Lamborghinis, etc. Segundo Kakay aqueles carrões não pertencem ao doleiro, e sim a clientes de sua loja de automóveis, que os deixaram em consignação para venda. Por isso os veículos logo foram devolvidos e recolocados em exposição na própria loja do doleiro, a Z-8, e em outras lojas concorrentes. O criminalista, considerado um dos mais importantes do País, explicou também que os suspeitos presos foram vítimas de um grave erro na condução da investigação. É que o caso foi investigado ao mesmo tempo em dois inquéritos, um na Polícia Federal e outro na Polícia Civil do Distrito Federal, ambos presididos por uma delegada federal. Essa duplicidade gerou uma confusão sobre de quem era a competência para atuar no caso, se da Justiça Comum ou da Justiça Federal. Além disso, a prisão preventiva dos acusados havia sido solicitada e recusava 20 dias antes, e as autoridades que a solicitaram novamente não informaram esse detalhe no novo pedido, finalmente acolhido. Almeida Castro afirmou que o juiz Evandro Neiva de Amorim, da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, surpreendido pelas informações que ignorava, tomou uma decisão técnica ao soltar na segunda-feira cinco presos: Fayed Traboulsi, Marcelo Toledo, Sandra Maria da Silveira, Carlos Marzola e Flávio Júnior. A Polícia Federal investigou os envolvidos durante um ano e meio por meio das contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas. Na ocasião, verificou-se a existência de uma holding de empresas que consistia em um serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos. Mas a Polícia Federal também teria monitorado telefoneas de Fayed por mais de um ano, o que seria ilegal, na visão do criminalista. “A lei prevê monitoramento de quinze dias e mais quinze”, esclareceu. Segundo a Polícia Federal, a quadrilha lavou cerca de R$ 300 milhões, sendo que R$ 50 milhões vieram da aplicação indevida de recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social administrados por prefeituras. Dentre as prefeituras envolvidas estão as de Manaus; Ponta Porã e Murtinho, em Mato Grosso do Sul; Queimados, no Rio de Janeiro; Formosa, Caldas Novas, Águas Lindas, Itaberaí, Pires do Rio e Montividiu, em Goiás; Jaru, em Rondônia; e Barreirinhas, Bom Jesus da Selva e Santa Luzia, no Maranhão.

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