domingo, 20 de outubro de 2013

EX-PRESIDENTES DO BANCO CENTRAL CRITICAM GOVERNO E PETISTA GUIDO MANTEGA REBATE: "TUCANOS TERIAM QUEBRADO O BRASIL NA CRISE DE 2008"

Dois ex-presidentes do Banco Central, Armínio Fraga e Gustavo Franco, criticaram a flexibilização do tripé da política macroeconômica (superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante), que esta semana foi alvo de debate entre a ex-senadora Marina Silva e a presidente Dilma Rousseff. O colunista de VEJA, economista Rodrigo Constantino, que compareceu ao evento em que os economistas palestraram, no Rio de Janeiro, reproduziu as críticas em seu blog, na quinta-feira. Fraga e Franco comandaram o Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e demonstraram preocupação com as mudanças na política econômica a partir do segundo mandato do presidente Lula. "O Brasil vive, de uns seis ou sete anos para cá, um modelo diferente do que prevaleceu nos 12 anos anteriores", afirmou Arminio a jornalistas, pouco antes da palestra. "Houve uma inversão na política econômica, ela está amarrada na microeconomia e solta na macroeconomia", completou. A amarração na microeconomia se refere às diversas formas de intervenção do governo na economia. O tripé é o lado macroeconômico da política. Gustavo Franco comemorou o fato de Marina Silva demonstrar preocupação com o tripé. "É sinal de que alguma coisa mudou", disse, respondendo ao público. O economista explicou, porém, que o tripé é apenas a "parte operacional" de um conjunto mais amplo de políticas. São eles a responsabilidade fiscal (garantida pelo superávit primário), a qualidade da moeda (expressa no controle da inflação, mas indo além da meta para o IPCA) e a abertura da economia para o Exterior (facilitada pelo câmbio flutuante). No mesmo dia, questionado sobre as afirmações de Gustavo Franco e Armínio Fraga, o ministro Guido Mantega revidou as críticas. "Não dá para alguém que foi do governo, e teve uma inflação média de 8,77% no período dele à frente do Banco Central, dizer que nós temos inflação alta. Ele trouxe esse sistema de metas para o Brasil, mas não cumpriu. Temos um desempenho melhor do que Arminio em matéria de inflação", afirmou Mantega. O ministro disse que os fundamentos macroeconômicos durante os anos de Fernando Henrique Cardoso eram "frágeis", que Arminio deveria ser "mais modesto" ao falar das taxas de juros reais verificadas na gestão Dilma Rousseff, e que se os tucanos estivessem à frente da economia brasileira durante a explosão da crise mundial, em 2008, o Brasil teria quebrado. "As reservas internacionais são um dos pilares dos fundamentos da economia. Antes, elas não pagavam nem por alguns meses de importação, e hoje elas pagam um ano e meio de nossas compras externas, que também têm um volume muito maior agora. Reserva é dinheiro no bolso, e o bolso estava vazio nos anos Fernando Henrique Cardoso".

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