quarta-feira, 2 de outubro de 2013

FASCISTAS INVADEM DE NOVO A REITORIA DA USP DE MARRETA NA MÃO. E UM POUCO DE DIDATISMO COM UMA DIRETORA DO DCE QUE RESOLVEU PRIVATIZAR A UNIVERSIDADE

Vejam agora esta foto de Danilo Verpa, da Folhapress.

Sabem o PSOL, aquele partido de doces de coco como o deputado federal Jean Wyllys (RJ), o senador Randolfe Rodrigues (AP) e o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ), todos eles tornados verdadeiros bibelôs de parte considerável do jornalismo? Então… O partido manda no DCE da USP. E o faz com tal graça e apuro democrático que, em 2011, na iminência de perder a eleição “para a direita”, os valentes deram um golpe, adiaram o pleito e prorrogaram o próprio mandato. Huuummm… Ninguém pode acusá-los de querer democracia, não é? Eles são, afinal de contas, socialistas! Muito bem! Voltemos à foto. São estudantes — ou que nome tenham, já que não vejo livros ali — da USP quebrando a porta da Reitoria da universidade com uma marreta. Cerca de 400 deles invadiram o prédio nesta terça e prometem manter a ocupação, sem prazo para sair. As paredes internas foram pichadas. São todos amantes do pensamento… Os invasores, liderados pelo DCE, querem que a eleição do reitor, prevista para o fim do mês, seja direta. Informa a Folha:
“No fim da tarde, a USP divulgou mudanças nas eleições. A escolha caberá a uma Assembleia Universitária, formada pelo Conselho Universitário, por conselhos centrais (das unidades), conselhos dos institutos e museus e outros. O processo também passou de dois turnos para turno único e haverá uma consulta em caráter apenas informativo à comunidade da USP (o que inclui alunos e funcionários). A lista tríplice –um dos pontos de crítica dos alunos– não sofreu alterações. Nesse sistema, os nomes dos três candidatos mais votados passam pelo Conselho Universitário, que os envia ao governador do Estado. Ou seja: cabe ele a escolha do reitor. O atual, João Grandino Rodas, era o segundo na lista de 2008.”
Pois é… Luísa Davola, estudante de Letras e diretora do DCE, achando que estava tendo uma grande sacada, resolveu falar ao jornal: “A gente escolhe até o presidente da República, por que não podemos escolher o reitor da USP, que é pública?”. A pergunta é triste porque expressa uma deficiência de formação e informação democráticas cuja cura não é simples nem é rápida. Requer leitura, estudo, reflexão, bibliografia, coisas para as quais os socialistas de hoje não têm tempo, ocupados que estão em ter ideias e invadir prédios… Vamos ver se consigo ser didático com a moça. Justamente porque a USP é pública, moça, ela não é privada — e isso quer dizer que não pertence aos estudantes, aos professores e aos funcionários. Os “donos” da USP são todos os moradores do estado de São Paulo, que aqui trabalham e recolhem seus impostos. As democracias delegam ao conjunto dos cidadãos a escolha dos governantes e do Poder Legislativo justamente porque os países, a exemplo das instituições públicas, pertencem a todos e não pertencem a ninguém em particular. Atenção, dona Luísa Davola! O colégio eleitoral do estado de São Paulo tem 31 milhões de eleitores, que escolhem aquele que governa mais de 40 milhões de pessoas. Quando os votantes vão às urnas, estão escolhendo também o homem que vai indicar o reitor das três universidades públicas que lhes pertencem. É a senhora, dona Luísa, que está tentando usurpar um direito; é a senhora que está tentando cassar de 40 milhões, representados pelos 31 milhões com direito a voto, a competência legal para cuidar dos destinos das instituições universitárias. A USP deve ter perto de 100 mil alunos, 15 mil funcionários e uns 6 mil professores. Esse colégio é inferior ao número total de votos obtidos pelos dois vereadores mais votados da cidade de São Paulo — faço essa lembrança só para lhe dar uma noção de grandeza. Uma universidade, moça, não é uma corporação, um modelo muito próprio dos regimes fascistas — sim, eu sei que a diferença entre o fascismo e o socialismo é só de inflexão, não de essência. Outra foto de Danilo Verpa, da Folhapress, chamou a minha atenção. Vejam.
“Quem tem medo da democracia”? Não se trata de medo, mas de ódio. Os que recorrem à marreta como argumento certamente a odeiam. Os que querem cassar de 41 milhões um direito em nome dos interesses de uma minoria certamente a odeiam. Ah, sim: os 400 invasores também decretaram uma “greve geral”. Isto mesmo: 400 decidiram que mais de 120 mil pessoas vão parar. Não vão, é claro! É só a minoria barulhenta se aproveitando do excesso de tolerância da maioria silenciosa. É só a truculência dos maus ocupando o espaço deixado pela omissão dos bons. Por Reinaldo Azevedo

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