terça-feira, 1 de outubro de 2013

JOSÉ SERRA PÕE FIM À ESPECULAÇÃO DE QUE PODERIA DEIXA O PSDB. OU: UNIDADE TUCANA É QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Parece — mas convém esperar mais um pouco para ser peremptório a respeito — que uma nuvem de sanidade baixou no PSDB (ou nos vários “tucanatos” que compõem o partido). Em nota publicada no Facebook, José Serra, ex-governador de São Paulo, põe fim às especulações e boatos de que iria deixar o partido. Leiam a íntegra. Volto em seguida. “A minha prioridade é derrotar o PT, cuja prática e projeto já comprometem o presente e ameaçam o futuro do Brasil. O PSDB, partido que ajudei a conceber e a fundar, será para mim a trincheira adequada para lutar por esse propósito. A partir dela me empenharei para agregar outras forças que pretendem dar um novo rumo ao País. O Brasil não pode continuar vítima de uma falsa contradição entre justiça social e desenvolvimento. É preciso pôr fim a esse impasse, que, na verdade, acaba punindo os mais pobres, incentivando a incompetência e justificando erros grosseiros na aplicação de políticas públicas. Temos de ser a voz e o instrumento de milhões de brasileiros que lutam todos os dias por um país melhor, mais justo, mais eficiente e mais decente". 

Voltei

Havia a expectativa de que ele pudesse deixar o ninho original e voar para o PPS, com a possibilidade de disputar a Presidência da Republica por esse partido. Segundo pesquisas, nessa condição, aparece numericamente à frente do tucano Aécio Neves; quando testado como o nome do PSDB, continua na dianteira. Isso em nada diminui o favoritismo do senador mineiro nas hostes partidárias. Será o candidato se quiser. Mas é importante que se lembre: ainda não é. Em política, todos sabem, decisões como essa não são tomadas no chuveiro ou no travesseiro. São sempre precedidas de conversa e negociação. Algum entendimento houve.  Por que me refiro à “nuvem de sanidade”? Porque é evidente que a eventual saída de Serra seria ruim para o PSDB e para a candidatura de Aécio — que, nesse caso, perderia a eventual vantagem da desistência. “Vantagem da desistência”? Ainda que seja uma hipótese remota, é evidente que Aécio ainda pode, se quiser, mudar de planos. Com Serra fora, não teria escolha. Observem: a depender do cenário, um Serra não-candidato pode ser bom para o PSDB, mas também pode ser um problema. Caso a Justiça Eleitoral não conceda o registro à Rede e caso Marina Silva se recuse mesmo a sair candidata por outra legenda, o jogo para a oposição — ou para os adversários de Dilma — fica mais perigoso. Se isso acontecer, Lula fará um esforço descomunal para que Eduardo Campos (PSB) também desista do pleito. O cenário de sonhos do PT é realizar um segundo turno no primeiro. Nessa hipótese, a candidatura de Serra poderia ser fator decisivo par levar a disputa para o segundo turno. Se Marina for candidata, aí, claro, para o PSDB, é melhor caminhar unido. Nada na nota de Serra sai de supetão. Ao deixar claro logo nas sete primeiras palavras que a prioridade é derrotar o PT, empresta ao texto caráter inequivocamente oposicionista e diz aos tucanos que a causa essencial vem antes das aspirações pessoais. Se a lógica política não falhar — e, se falhar, pior para a política, porque a lógica seguirá intacta —, Aécio Neves, que, além de pré-candidato, é presidente nacional do PSDB, deve se manifestar em breve. Terá um excelente motivo para falar em nome da unidade partidária. É bem verdade que os tucanos anunciaram essa unidade em 2002, em 2006 e em 2010 — e não foi verdadeira em nenhuma das vezes. Quem quer que seja o candidato tucano em 2014, essa tal unidade é condição necessária para que se tente chegar lá. Com ou sem Marina, a tarefa é gigantesca. É o mínimo que o partido pode fazer em seu próprio benefício e até em benefício do país, que precisa voltar a conviver com a possibilidade de alternância no poder. Por Reinaldo Azevedo

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