quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O JORNAL NACIONAL, OS "PACÍFICOS", OS VÂNDALOS E OS FATOS

Não estou pegando no pé nem do Jornal Nacional, da Globo ou de quem quer que seja.. Quem sou nesta vida besta para tanto? A emissora concentra o que há de melhor no país em jornalismo de TV. Mas pode errar, como todo mundo, pelas mais diversas razões. “E quem é o juiz? Você, Reinaldo Azevedo?” Sim, no meu blog, sou eu, ora. Numa página que é minha, alguém tem ideia melhor? O JN fez uma reportagem quase inteiramente correta sobre o quebra-quebra em São Paulo e quase inteiramente errada sobre a pauleira no Rio. Ao pecado da primeira. Separou em dois grupos os manifestantes, como se obedecessem a comandos distintos: os que reivindicavam e os que quebravam. Erro: o protesto em São Paulo foi marcado pelos invasores da Reitoria da USP, liderados pelo PSOL. Recorreram a uma marreta para ocupar o prédio. O protesto era em solidariedade aos professores grevistas do Rio, também liderados pelo PSOL. Afirmar que se tratava de grupos distintos, como se não houvesse hoje uma “joint venture” ideológica entre black blocs e manifestantes, é lutar contra os fatos. No Rio, essa associação é ainda mais escandalosa. Ouvi na reportagem coisas como “vândalos que mais tarde se misturaram aos manifestantes”. O repórter chegou a afirmar, para espanto da lógica, a seguinte barbaridade: “ [Os black blocs] não praticaram nenhum ato violento enquanto estiveram com os manifestantes” . Como??? Então se admite que os black blocs estavam com os manifestantes. Considerando o que querem e o que fazem os ditos-cujos, estavam com os professores por quê, para quê? Quem, em nome da “manifestação pacífica” — expressão que já deve ser a mais empregada da história da Globo em 48 anos — admite a presença desses patriotas?
Polícia ineficaz e na defensiva
Pior: o governador Sérgio Cabral concedeu uma entrevista, com aquela cara de bebê chorão que ele faz às vezes — só falta pedir para o Sérgio Cabral pai pegá-lo no colo e fazê-lo nanar —, para dizer que a polícia havia cumprido a sua função, mas num tom de desculpa, o que foi repetido por autoridades policiais. Mesmo depois de tudo o que se sabe do Rio e que se vê nas ruas, há, atenção!, apenas três pessoas presas. Assim, a gente vê que se trata de uma polícia que, definitivamente, não gosta de prender, seja quando instala UPPs na base do espanta-bandido, seja quando enfrenta delinquentes uniformizados. Mas volto ao ponto. A reportagem ouve uma liderança dos professores, com a camisa vermelha com inscrições em amarelo, que caracterizam o PSOL (e, mais genericamente, o socialismo), e o líder, um sei lá quem, cinicamente, diz que a manifestação dos professores terminou antes do quebra-quebra e que eles não tinham controle do que veio depois. Entendi: então este líder dos professores admite a presença dos black blocs como uma ala do seu desfile de protesto, encerra a manifestação, diz que não tem nada com isso e ainda apresenta a sua versão, que ganhou credibilidade com a editorialização das informações, em rede nacional. Reconhecer o óbvio — o sindicato dos professores passou a operar em parceria com os black blocs — não torna nem mais nem menos justa a reivindicação dos professores. Trata-se apenas de um fato, escancarado nestas duas foto de Christophe Simon, da AFP, uma delas com dizeres contra a Globo, note-se.
O que é preciso para que o JN reconheça a parceria? Que o sindicato dos professores adote oficialmente os black blocs como o seu braço intelectual? Por Reinaldo Azevedo

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