quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PERGUNTAS A JUIZ QUE SE DIZ "PARA A DEMOCRACIA"

O vídeo dos globais e subglobais que convocam a população do Rio para um protesto nesta quinta traz o depoimento de um juiz — João Damasceno — e de uma atriz que justifica, ainda que com interrogações de estilo oblíquo, o quebra-quebra dos black blocs. Diz ela:

“[órgãos de imprensa] só reportam o que é que foi quebrado, o que foi destruído. E eu também acho que tem de parar para pensar o que é que está sendo destruído. São casas de pessoas, como (sic) a polícia joga uma bomba de gás dentro de um apartamento? Não! São lugares simbólicos”.
Eu parto do princípio de que o juiz conhece o sentido das palavras. Como o seu depoimento está lá e como ele não emitiu nenhuma nota contestando o que disse a dita-cuja, infiro que concorde com as palavras da moçoila. Muito bem, juiz Damasceno, conte-me aqui (e, se houver resposta, publico):
– Uma Casa Legislativa é um “lugar simbólico” do quê? Não seria da democracia?
– Uma casa comercial é um “lugar simbólico” do quê? Não seria do empreendedorismo e do trabalho?
– Os equipamentos públicos da cidade são “lugares simbólicos” do quê? Não seriam da vida civilizada, da vida em sociedade, da vida compartilhada?
Eu acho que todo mundo pode e deve viver conforme a sua convicção. Se o juiz Damasceno integra as hostes que entendem que a violência e a depredação são parte da vida política, que renuncie, então, à toga, arcando com as consequências de suas escolhas.
Se ele acha, conforme a revista que serve à associação de esquerda à qual pertence, que os “Poderes do Estado” é que vandalizam, ele tem de deixar a sua condição de agente do poder desse estado — porque é isso o que ele é.
Eu quero saber: quando um banco é depredado, juiz Damasceno, que “lugar simbólico” é esse? É o do capitalismo? Ok. Admito que Damasceno também queira acabar com o capitalismo, mas não pode usar a toga como instrumento do seu anseio.
Aguardo a resposta. Abaixo-assinado não vale. Aprendi que juízes devem ser independentes porque se subordinam a duas instâncias: a) em primeiro lugar, às leis: b) em segundo, à sua consciência. Assim, não me serve resposta de “associação”. Juízes, quando se associam, pensam como corporação, e isso me parece o contrário da Justiça. Por Reinaldo Azevedo

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