quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SIEMENS DIZ QUE PODE RESSARCIR COFRES PÚBLICOS DE SÃO PAULO

Leiam o que vai na VEJA.com: "O presidente da Siemens no Brasil, Paulo Ricardo Stark, afirmou nesta quinta-feira que a empresa está disposta a um acordo para ressarcir os cofres públicos caso seja comprovada a formação de um cartel para vencer as licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de São Paulo. Em depoimento à CPI dos Transportes Coletivos da Câmara Municipal de São Paulo, Stark disse que a empresa investigou seus grandes contratos com órgãos públicos e não encontrou indícios de pagamento de propina. “A Siemens está disposta a discutir o acordo e possíveis ressarcimentos no momento em que forem apuradas as responsabilidades da empresa e das demais empresas nesse possível cartel”, disse Stark. “Investigamos todos os grandes contratos e todos os contratos com os órgãos públicos, e não encontramos qualquer evidência de formação de cartel ou de pagamento de propina em outros contratos que não os que são parte da delação feita pela Siemens”, completou. O esquema foi delatado pela própria Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que apura denúncia de formação de cartel em cinco licitações envolvendo o Metrô e a CPTM, em São Paulo, e um contrato com a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal. “A apuração de quais as penalidades que vão ser cabíveis nesse caso também é responsabilidade dos órgãos competentes que vão apurar os danos e quais são as penalidades que se aplicarão à empresa”, declarou Stark, mais tarde, em entrevista". A gente fica sabendo que a Siemens está disposta a ressarcir os cofres públicos caso se comprove algum prejuízo em razão da possível formação de cartel no caso do metrô e trens. Que bom, não é? O que é realmente fabuloso é saber que a gigante tem negócios bilionários com o governo federal, especialmente na área de energia, e que nada foi encontrado que diga respeito aos companheiros, que habitam, como é sabido e por definição, o Olimpo dos éticos. Chamam a atenção, dado o surrealismo, os métodos a que recorreu a Siemens, segundo confessa o seu presidente. Constatada, então, a suspeita de que a empresa poderia ter se envolvido na formação de cartel, havia um caminho: chamar os entes responsáveis do governo de São Paulo, fazer a confissão-denúncia e se oferecerem os elementos necessários à investigação. Como a empresa se diz agora uma fanática da transparência, se nada fosse feito para apurar a responsabilidade de agentes públicos (e, suponho, da própria Siemens), aí, sim, então ela poderia apelar ao Cade cobrando a… investigação também de si mesma. Mas quê… A gente deve entender que, movida pelo mais puro, cristalino e atilado senso ético, resolveu partir logo para o Cade, outro ninhal de virtuosos interessados na livre concorrência, como sabe Vinícius Carvalho, o chefão, que já foi subordinado de Simão Pedro, o petista diretamente interessado na denúncia. Outro aspecto ao qual se dá pouca importância nesse impressionante roteiro: segundo se entende, o primeiro crivo para saber se houve ou não formação de cartel, então, foi a própria Siemens. Examinando lá a sua papelada, chegou à conclusão de que, no caso dos trens e do metrô de São Paulo, pode ter havido alguma irregularidade — na relação com o governo federal, ah, nesse caso, não! Entendo. Assim, deduz-se que está submetido à investigação do Cade apenas aquilo que a própria Siemens quer que esteja. “Compliance” assim nunca se viu antes na história destepaiz, tão cheio de “complicity”. Acho que nem na história da Alemanha… Por Reinaldo Azevedo

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