sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SUSPEITO DE RECEBER PROPINA, EX-DIRETOR DA CPTM ELEVOU VALOR DE CONTRATOS DO CARTEL

Suspeito de receber propina em contas da Suíça, o ex-diretor de operações e manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Roberto Zaniboni, assinou cinco contratos de aditamentos com as multinacionais acusadas de integrar o cartel de trens. Os acordos foram fechados pelo engenheiro entre outubro e dezembro de 2002, nos governos tucanos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Os aditamentos elevaram gastos da estatal em 11,6 milhões de reais, em valores da época. Na mesma ocasião, segundo o Ministério Público da Suíça. Zaniboni recebeu "numerosos pagamentos" que somaram 836 000 dólares na conta Milmar, de sua titularidade, no Credit Suísse, em Zurique. Promotores e procuradores que rastreiam contratos de estatais paulistas avaliam que os extratos bancários indicam o primeiro caso concreto de corrupção na investigação sobre o alcance dos casos Alstom e Siemens - multinacionais investigadas por formação de cartel para obter a supremacia em licitações da CPTM e do Metrô, no período de 1998 a 2008. Um dos aditamentos que Zaniboni subscreveu, em 20 de dezembro de 2002, fez subir em 4,13 milhões de reais o contrato com a Alstom para prestação de serviços de revisão geral com fornecimento de materiais de 29 trens da CPTM. O valor original do contrato, que fora fechado em 21 de agosto de 1998, saltou de 19,49 milhões de reais para 23,62 milhões de reais. No mesmo dia em que aditou o contrato da Alstom, Zaniboni fez outros dois acordos, um com a Inepar e o outro com a Bombardier - o primeiro representou acréscimo de 3,08 milhões de reais; o segundo, de 3,13 milhões de reais. A investigação mostra o caminho da propina até a conta de Zaniboni. A Alstom fez depósitos na França em favor de duas offshores sediadas no Uruguai, controladas pelos irmãos Arthur Teixeira Gomes e Sérgio Meira Teixeira - suspeitos de terem agido como lobistas e consultores da multinacional. Os aportes foram realizados no período entre 22 de setembro de 1999 e 20 de dezembro de 2002. Os ativos de Zaniboni têm origem em propinas que teriam sido pagas ao engenheiro antes dos aditamentos, segundo o Ministério Público. "Foi possível comprovar no período entre maio de 2000 e dezembro de 2000 pagamentos isolados dos indiciados Gomes Teixeira e Meira Teixeira a tal João Roberto Zaniboni que foi, entre 1999 e 2003 diretor da CPTM, uma companhia estadual de São Paulo", diz relatório dos investigadores suíços.

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