segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ALÔ, ORGANIZAÇÕES GLOBO! PEGUEM A "LISTA DE MIRIAM LEITÃO" E COMECEM A CORTAR CABEÇAS EM NOME DO RADICALISMO DE CENTRO! OU: NÃO FAREI COM MIRIAM UM LATIDO DE SURDOS!


Miriam Leitão está pronta para comandar os expurgos na Rede Globo em nome do radicalismo de centro
Miriam Leitão está pronta para comandar os expurgos na Rede Globo em nome do radicalismo de centro
Abaixo, em vermelho, o artigo da jornalista Miriam Leitão no Globo. Respondo em azul.*O Brasil não está ficando burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores que transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos. Por falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais.
Vocês verão que Miriam Leitão inclui a mim e a Rodrigo Constantino, que é também articulista de O Globo, onde ela escreve seu texto, na “direita hidrófoba”. Miriam Leitão é intelectualmente covarde. Há alguns anos, a canalha da Internet financiada por estatais faz um trocadilho grotesco com o seu nome e a chama de “Miss PIG”, numa alusão à “Miss Piggy”, a simpática porquinha. Vocês já entenderam a falta de graça da coisa: “PIG (porco; Leitão)-Piggy”. “PIG” é também a sigla a que alguns vagabundos recorrem para designar um certo “Partido da Imprensa Golpista” — como se todos os veículos de comunicação e todos os articulistas da chamada “grande imprensa” tivessem um ponto de vista comum. Como resta evidente, isso é mentira.
É mentira, mas deixa muitos covardes assustados. Eu, confesso, não me assusto. No dia em que essa gente falar bem de mim, aí, sim, vou me preocupar. Miriam Leitão nunca respondeu. Miriam Leitão nunca contra-atacou. Miriam Leitão nunca escreveu uma vírgula contra a canalha a soldo da Internet. Ela decidiu fazê-lo só agora. Covarde que é, no entanto, resolveu atacar também a mim e a Constantino. Ou por outra: Miriam Leitão só consegue responder à esquerda a soldo da Intenet se criticar também o que ela chama de “direita hidrófoba”. Miriam Leitão, em suma, precisa de um país burro para que ele possa parecer independente.
É tão falso achar que todo o mal está no PT quanto o pensamento que demoniza o PSDB. O PT tem defeitos que ficaram mais evidentes depois de dez anos de poder, mas adotou políticas sociais que ajudam o país a atenuar velhas perversidades. O PSDB não é neoliberal, basta entender o que a expressão significa para concluir isso.
Nunca escrevi aqui, o arquivo está à disposição, que “todo mal está no PT”. Na verdade, desconheço quem pense essa bobagem.  O que sempre escrevi é outra coisa: “O PT não inventou a corrupção; o seu mal é tentar transformá-la em categoria de pensamento”. Dos mais de 40 mil posts publicados neste blog, algumas centenas são dedicadas a demonstrar que é uma bobagem chamar o PSDB de “neoliberal”. Na verdade, eu nem reconheço a existência dessa categoria. Assim, nada do que escrevo habitualmente no blog diverge de Miriam Leitão nesse particular.
A ele [ao PSDB], o Brasil deve a estabilização e conquistas institucionais inegáveis. A privatização teve defeitos pontuais, mas, no geral, permitiu progressos consideráveis no país e é uma política vencedora, tanto que continuou sendo usada pelo governo petista. O PT não se resume ao mensalão, ainda que as tramas de alguns de seus dirigentes tenham que ser punidas para haver alguma chance na luta contra a corrupção. Um dos grandes ganhos do governo do Partido dos Trabalhadores foi mirar no ataque à pobreza e à pobreza extrema.
Até aqui, não teria divergência nenhuma com Miriam Leitão porque os meus textos — que são públicos — não negam isso. Ao contrário. Por uma questão de honestidade intelectual, é preciso fazer uma ressalva que ela não fez: a esmagadora maioria dos tucanos reconhece alguns méritos do PT, mas os petistas, ao contrário, jamais reconheceram méritos do PSDB. Ao contrário. Lula inventou a farsa da “herança maldita”. Qualquer pessoa razoável sabe que a herança foi bendita — inclusive aquela de que o PT se aproveitou, a estabilização da econômica, para tocar o seu projeto.
Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate. São maniqueísmos que não veem nuances e complexidades. São emburrecedores, mas rendem aos seus inventores a notoriedade que buscam. Ou algo bem mais sonante.
Começo pelo fim do trecho. “Algo mais sonante”, minha senhora, é aquele dinheiro que certos consultores de ONGs e empresas ganham para fazer terrorismo ambiental.  “Algo mais sonante” é aquela bufunfa que se recebe em palestra antevendo o apocalipse caso os ouvintes não adotem as ideias do consultor… Vá pentear macaco, dona Miriam Leitão! Quer falar de coisas sonantes? Eu topo!
Agora vamos às palavras. Como está definido neste blog e no glossário de “O País dos Petralhas I”, o “petralha” é um tipo específico de petista. Nunca escrevi — e já disse isso na televisão —  que todo petista é petralha.  O petralha é aquele que justifica o roubo em nome do partido; é aquele que explica a safadeza em nome da causa; é aquele que diz ser necessário fazer determinadas lambanças para construir o partido. Não estou emprestando agora esse sentido à palavra, que já entrou no dicionário. Está registrado, reitero, em livro.
Quanto à palavra “privataria”, dizer o quê? Que eu saiba, é uma criação de Elio Gaspari. Ele inventou “privataria”; eu inventei “petralha”. Gaspari escreve na Folha, onde também escrevo (e já divergi dele dezenas de vezes, sem nunca ofendê-lo pessoalmente) e no Globo, onde Miriam publica seus textos. Gaspari fale por si. Eu discordo da expressão; não acho que tenha havido “privataria” no Brasil, mas também não acho que ele tenha criado a palavra para ganhar dinheiro, como sugere Miriam. Reitero: É MAIS FÁCIL GANHAR DINHEIRO DANDO PALESTRA SOBRE O APOCALIPSE AMBIENTAL. É MAIS FÁCIL VENDER O FIM DO MUNDO.
Quanto às questões emburrecedoras, daqui a pouco.
Tenho sido alvo dos dois lados e, em geral, eu os ignoro por dois motivos: o que dizem não é instigante o suficiente para merecer resposta e acho que jornalismo é aquilo que a gente faz para os leitores, ouvintes, telespectadores e não para o outro jornalista. Ou protojornalista. Desta vez, abrirei uma exceção, apenas para ilustrar nossa conversa. Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como “rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.
Tola. Prepotente. Reitero o que já publiquei em outro post. Em sete anos e meio, Miriam Leitão teve o nome escrito neste blog 29 vezes. Atenção! Com 40.065 posts e 2.286.143 comentários, há VINTE E NOVE MENÇÕES (estão todas reunidas aqui). Dessas 29, 14 são meras referências (“Fulano disse para Miriam Leitão que…”). Em sete das vezes, elogio a jornalista. Em oito posts, contesto opiniões suas — contesto, sem ofensa. O arquivo está aí, e vocês podem fazer a pesquisa.
Acontece que Miriam acha que só se pode discordar dela “rosnando”. Observem que ela nem cita o meu nome, como se isso fosse conspurcar a limpeza de seu texto. Quem rosna é cachorro. Se eu chamá-la de cadela, isso resolve alguma coisa? O debate se transforma num latido de surdos. Suzana Singer, ombudsman da Folha, chamou-me, vocês sabem, de rottweiler. Miriam está dizendo que não há nada de mal nisso. Segundo esta senhora, fiz por merecer o xingamento.
O link vai acima. Tentem achar uma só ofensa que eu tenha dirigido a Miriam. Não há. Ela escreveu, certa feita, um texto mentiroso afirmando que o novo Código Florestal estimularia ocupações urbanas irregulares, por exemplo. Proveique era mentira e cobrei que se retratasse. Ela não o fez. Jamais me perdoou. Evidenciei que a lei que cuida da ocupação de áreas urbanas é outra. Estava desinformada. Confundia a militância ambiental — que, em matéria de moeda sonante, costuma ser muito rentável — com os fatos. Ela não respondeu. Porque não havia o que responder. Agora vem o trecho mais desonesto de seu artigo.
Certa vez, escreveu uma coluna em que concluía: “Desculpe-se com o senador, Miriam”. O senador ao qual eu devia um pedido de desculpas, na opinião dele, era Demóstenes Torres.
O texto a que ela alude está aqui. Nunca estive com esse político. Nunca apertei a sua mão. Falava, sim, com ele ao telefone, como falo com outros — Miriam também. Assino cada linha daquele post. Cobrei que ela se retratasse porque afirmou uma porção de bobagens sobre a questão racial no Brasil, matéria em que é de uma espantosa desinformação. Reitero: se tiverem tempo, leiam o post. Nesse artigo, mais uma vez, não a ataco, mas divirjo. Ao contrário. Reconheço méritos. Escrevo lá, por exemplo: “A jornalista de economia Miriam Leitão é um dos alvos costumeiros do subjornalismo a soldo que toma conta da Internet. Mais de uma vez, sua reputação profissional foi atacada de maneira vil pelos tontons-maCUTs, especialmente nos tempos em que ela ficou praticamente sozinha na defesa da sobrevalorização cambial. À época, eu achava que ela estava equivocada — o que ficou claramente evidenciado. Mas nunca considerei que fosse má fé. Às vezes, as pessoas erram. Seu prestígio profissional, felizmente, sobreviveu a um erro histórico. Sinal de que ela tinha e tem qualidades que podem suportar uma escolha errada. Quando se erra de boa-fé, sempre há a chance para corrigir as falhas. Miriam, é verdade, nos tempos da sobrevalorização cambial, não abria muito espaço para o contraditório. Havia sempre a sugestão nada leve de que os que se opunham à sua teoria gostavam mesmo era de farra, de inflação, de gastança.
É um texto de 8 de março de 2010. O então senador Demóstenes combatia a política de cotas. Isso quer dizer que todos os que se opõem à proposta estão comprometidos com as lambanças daquele político? A sugestão é de uma desonestidade asquerosa. Mais: à época, Miriam afirmou que ele havia sustentado que os escravos eram corresponsáveis pela escravidão. E ele não o havia feito.  Cobrei, sim, que ela se desculpasse pelo argumento falacioso. Depois de achar que faço por merecer ser chamado de cachorro, Miriam escreve um parágrafo abjeto tentando me ligar a Demóstenes, sem deixar claro aos leitores do que se trata. Aquele texto  de 2010 de Miriam segue sendo mentiroso. As ligações do então senador com Carlinhos Cachoeira não tornaram verdade uma mentira.
Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed terá uma mulher no comando.
Além de exibir um constrangedor desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma grosseria: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?” Mostrou que nada tem na cabeça. Não acho que sou importante a ponto de ser tema de artigos. Cito esses casos apenas para ilustrar o que me incomoda: o debate tem emburrecido no Brasil. Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no campo das ideias: com dados, fatos e argumentos.
É um trecho de impressionante vigarice intelectual. Miriam Leitão já apoiou o ataque que sofri de Suzana Singer, que me chamou de “rottweiler”; ela mesma afirmou que rosno — nada menos! —, mas diz que gosta é do debate de ideias. Ora, cadê os artigos em que a ataco? Onde estão? Por que ela não os exibe? Miriam Leitão não suporta é ser contestada. A propósito: ela se refere, no trecho acima, a Rodrigo Constantino, como ele mesmo deixa claro em seu post a respeito. Não custa perguntar: “Dona Miriam, o que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?”. Prove que a senhora tem algo na cabeça e nos explique. Existirá um jeito “feminino” de conduzir a instituição? Como se vê, desonestidade intelectual, por exemplo, não tem sexo.
Isso ajuda o leitor a pensar, escolher, refutar, acrescentar, formar seu próprio pensamento, que pode ser equidistante dos dois lados. O que tem feito falta no Brasil é a contundência culta e a ironia fina. Uma boa polêmica sempre enriquece o debate. Mas pensamentos rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz.
Se Miriam Leitão tiver um mínimo de honestidade intelectual, um pouquinho que seja, vai apontar trechos dos meus textos em que incorro na violência retórica gratuita, como ela faz comigo. Quem diz que o outro rosna só porque ousou discordar apela à “contundência culta é à ironia fina”???  Ora, tenha mais pudor, minha senhora!
O mais interessante é que esse seu texto bucéfalo foi freneticamente reproduzido pelos blogs e sites financiados por gestões petistas e por estatais, os mesmos que a chamam  de “Miss PIG”; os mesmos que costumam fazer trocadilhos grotescos com seu nome; os mesmos que a acusam de, como direi?, escrever o que escreve por motivos “sonantes”. Miriam nunca reagiu. Ela precisava de um bom pretexto para responder aos esquerdistas cretinos que a achincalham. Para demonstrar que é isenta, atacou também a “direita”. Assim, pode posar de “radical de centro”.
No fim das contas, dona Miriam Leitão está é pedindo a minha cabeça e a de Constantino. Segundo diz, a “direita hidrófoba” ganha cada vez mais espaço na mídia. É mesmo? Vamos cobrar de Miriam que dê os nomes que compõem tal grupo. Ela poderia dar início a seu macarthismo às avessas fornecendo à própria direção das Organizações Globo a lista de profissionais que incorrem nesse pecado. Afinal, convenham: se limparmos a maior empresa de comunicação do país dessa escória, já será uma profilaxia e tanto, não é? Assim, pergunto — e espero que ela tenha coragem intelectual de apontar:
– quais são os nomes que integram a “direita hidrófoba” na Rede Globo?
– quais são os nomes que integram a “direita hidrófoba” no jornal O Globo?
– quais são os nomes que integram a “direita hidrófoba” na GloboNews?
– quais são os nomes que integram a “direita hidrófoba” na, para ser mais amplo, Globosat?
Vamos lá, Rainha de Copas! Comece por propor uma limpeza na própria casa. Não sem antes demonstrar como essa tal “direita hidrófoba” ameaça a liberdade de expressão no Brasil. Não sem antes demonstrar como essa “direita hidrófoba” ameaça cassar concessões do grupo. Não sem antes demonstrar como essa “direita hidrófoba” persegue nas ruas os jornalistas do grupo. Não sem antes demonstrar como a “direita hidrófoba” manda recados.
Num desses blogs financiados por estatais, publicou-se certa vez:
“Bem, falando-se da FSP, nossa sorte é q esse jornal vende apenas 300 mil exemplares num universo de quase 190 milhões de brasileiros… Ainda é pouco! Do contrário teríamos de eliminar a balas (sic) seres do naipe de Clóvis Rossi, Mainardi, Reinaldo Azevedo, Civita, famiglia Marinho, Jabor, Leitão, Noblat… Um infinito de jornalistas medíocres…”
Escrevi a respeito. Miriam Leitão, claro!, não disse nada! Não disse porque, tudo indica, no fundo, ela concorda que pelo menos parte dessa lista merece mesmo levar um tiro na cara.
E esse foi um dos 29 posts — dos 40.066 que já publiquei — em que citei Miriam. Sinto, ao ler o seu texto, a vergonha que ela certamente não sentiu ao escrevê-lo. Há 11 anos o PT recorre ao dinheiro público para criar sites e blogs que patrulham a imprensa e demonizam pessoas  — inclusive ela própria. Nunca se ouviu um pio de Miriam.  Só teve a coragem de tocar no assunto quando viu a oportunidade de atacar também “a direita”. Vergonhoso!
*
PS – Ainda que a coluna de Miriam Leitão seja de uma indignidade escandalosa, aviso que não serão publicados comentários com agressões pessoais a esta senhora. Miriam Leitão chame de cachorro quem ela bem entender. Ninguém precisa nem deve tomá-la como padrão.
Por Reinaldo Azevedo

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