segunda-feira, 25 de novembro de 2013

CONTRARIADOS, BANCOS ESTATAIS ESTÃO PESSIMISTAS COM CRÉDITO EM 2014

Pela primeira vez em cinco anos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estão pessimistas. Os dois bancos públicos trabalham com cenário de desaceleração do crédito em 2014 e moderação nos planos de aquisições, no momento em que se preparam para uma nova fase do sistema financeiro mundial, a Basiléia 3. O calendário estabelece que, de 2016 a 2019, uma série de reformas de regulamentação bancária serão implementadas, como, por exemplo, o aumento gradual da exigência do índice mínimo de alocação de capital até 13%. Hoje o Banco Central brasileiro exige 11%. No ano passado o Banco Central divulgou um cronograma de adequação dos bancos nacionais às novas regras, baseado nas recomendações do Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia, com sede na Suíça. Uma das principais ferramentas dos bancos para reforçar o patrimônio líquido é a retenção de lucros. Contudo, a pressão do governo federal desde o ano passado para baixar os spreads bancários (diferença do custo de captação pelo banco e do valor cobrado por ele nos empréstimos) tem pressionado as margens. A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) do setor, historicamente superior a 20%, vem caindo no Brasil e a previsão de executivos dos bancos é de continuidade da queda nos próximos anos. A Caixa Econômica Federal tem conseguido manter níveis maiores: no terceiro trimestre, seu ROE foi de 27%. Contudo, a retenção de lucro tem sido menor, dada a necessidade do governo de receber dividendos para ajudar a reforçar o superávit primário. Em setembro, o índice de Basiléia da Caixa Econômica Federal era de 17,7% e o do Banco do Brasil estava em 15,2%. Em relação ao piso atual de 11%, ambos poderiam ampliar a oferta de crédito sem se preocupar com as necessidades de capital. O problema é que as condições para reforçar o capital pioraram e os bancos querem ter alguma folga, por isso a saída é pisar no freio. Ambas as instituições estatais agora acusam o esgotamento da política anticíclica adotada no fim de 2008 e que nunca foi completamente desmontada. De lá para cá, a participação da Caixa Econômica Federal no crédito do sistema financeiro nacional quase triplicou, passando para 18%. Executivos dos dois bancos atribuem parte da piora de expectativas à deterioração fiscal do governo, somada a comunicação errática sobre o que pretende fazer para corrigí-la, levantando temores crescentes de rebaixamento da classificação de risco do País.

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