sexta-feira, 29 de novembro de 2013

POR QUE O MINISTRO JOSÉ EDUARDO CARDOZO, O GARBOSO, ESTÁ TÃO NERVOSO, O QUE RIMA, SIM, MAS NÃO É SOLUÇÃO? OU: PEDE PRA SAIR, CARDOZO!

Em tese, numa primeira mirada, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, está acima da carne-seca. É o Fortão do Bairro Peixoto. Leio aqui e ali que recebeu aval da presidente Dilma para “reagir aos tucanos”. Entendo. Estimulado, então, ele decidiu ameaçar Deus e o mundo com ações judiciais. Disse que vai processar todos os que o caluniaram. Engraçado: até agora não li “calúnia” nenhuma contra o ministro. “Calúnia” é acusar alguém, injustamente — ou sem provas — de um crime. Não me lembro, até agora ao menos, de alguém ter feito isso. Leio na Folha que ele disse o seguinte:

“Eu sempre fui muito tolerante no debate político em relação àqueles que me acusaram. [...] No entanto, hoje sou ministro de Estado da Justiça e o ministro da Justiça não pode jamais aceitar, pelo cargo que ocupa, pela função que ocupa, receber injúrias como as que tem acontecido”.
Huuummm… Eu, por exemplo, acho que Cardozo é um péssimo ministro da Justiça. Avalio que, mais de uma vez, teve uma atuação deletéria contra São Paulo e já expus aqui os motivos. Espero que o ministro não queira me processar porque acho que ele fez muito mal, por exemplo, quando, diante de um ataque do crime organizado ao Estado, no ano passado, elegeu como alvos o governador e a Polícia, não os bandidos. Ou ainda: quando, diante do vandalismo nas ruas, ele, mais uma vez, preferiu atacar o governador e a Polícia a atacar os vândalos. Isso tudo é muito feio. É coisa que não se faz. Nesse episódio envolvendo a investigação que o Cade faz sobre a formação de cartel em São Paulo, sua atuação não é menos lamentável. Eu exponho, mais uma vez, os motivos. Não é ataque ao Ministério da Justiça, não! Ao contrário! É uma defesa da Pasta. Penso que Cardozo, o Garboso, não está à altura do cargo. Será que ele me dá esse direito ou tentará me levar aos tribunais? Acusação: “Esse Reinaldo aí me acha incompetente para o cargo; cortem-lhe a língua…”.
Mas volto. No caso do Cade:
- Cardozo não disse uma vírgula, até agora, sobre o fato de o Cade ter se transformado numa central de vazamentos de uma apuração que, em tese, é sigilosa;
- Cardozo assumiu ter sido ele a entregar papelório anônimo à Superintendência da Polícia Federal quando a própria Polícia Federal, em duas manifestações, diz ter recebido o material do próprio Cade;
- Cardozo acha que “só cumpre a sua função” quando se torna, então, segundo a versão assumida, despachante de material acusatório que um deputado petista — Simão Pedro, ex-chefe do atual manda-chuva do Cade — larga em sua casa. Dadas as autoridades que estavam sendo acusadas, quando menos, o material deveria ter sido remetido à Procuradoria-Geral da República.
Diz ainda o ministro:
“Aquele que pede a investigação, na lógica deles, tem que se defender. É a investigação do mensageiro e não da mensagem. É isso? [...] Isso é um vil pretexto para criar uma cortina de fumaça sobre o fato de que o ministro tinha os documentos e os encaminhou para a PF. A PF é que vai apurar. É só isso. Não há mais nada além disso.”
É… Há, sim, muita coisa além disso. Quem está a dever explicações é o Ministério da Justiça, pasta à qual o Cade é subordinado. Como é possível que, num dos documentos enviados à PF (pouco importa, nesse particular, se por Cardozo ou não), o denunciante — Éverton Rheinheimer — admita ter marcado reuniões prévias com Vinicius Carvalho, o chefe do Cade, para, digamos, organizar a operação? Na mesma carta, diz esperar a proteção “do partido”, deixando claro que os alvos da operação são o PSDB e o DEM. Ora, a Siemens é uma das maiores fornecedoras do governo federal na área de energia. Nesse caso, sua política era outra? Um acordo de leniência só abrange São Paulo e Distrito Federal pré-governo do PT, e Cardozo, o Nervoso, quer que os seres lógicos considerem isso normal?
Encerro
Quando Cardozo resolveu matar a bola no peito para preservar o Cade, perdeu a condição de continuar ministro da Justiça. Melhor do que ficar tão bravo, seria pedir demissão nesta sexta mesmo. Eu acho. Esse nervosismo e essa braveza são incompatíveis com quem se considera tão isento e técnico nesse imbróglio todo. Um homem público deve ser um fortalecedor de instituições. De dia e de noite. Pede pra sair, Cardozo, pede! Antes que seja sábado — quero dizer, antes que seja tarde. Por Reinaldo Azevedo

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