Pois é… Mais de uma vez dei de ombros para essa conversa da espionagem americana. Quando não o fiz, tratei Edward Snowden por aquilo que é: um pilantra. Como ele não me deixa mentir, tornou-se um fiel servidor do regime de Vladimir Putin… A grande conspiração que Glenn Greenwald denunciou ao mundo não passa de operação de rotina. A China, até onde sua tecnologia alcança, faz a mesma coisa. A Rússia idem. Todo mundo espiona todo mundo. O equilíbrio que há no mundo — ou, segundo alguns, “desequilíbrio” — se deve também à espionagem. Há, emendo à margem, algo de patético em querer disciplinar esse tipo de coisa. Ainda que se estabeleçam as regras, é próprio da atividade não haver regra nenhuma. Dilma Rousseff fez grande escarcéu — não iria perder a oportunidade, não é? — com a história da suposta espionagem. Cancelou uma visita oficial aos EUA. O Brasil exigiu um pedido de desculpas que nunca veio — e, na forma pretendida ao menos, não virá. A Folha de hoje traz uma reportagem de Lucas Ferraz informando que diplomatas estrangeiros — russos, iranianos e iraquianos — foram espionados no Brasil. Leiam trecho. Volto em seguida.
*
O principal braço de espionagem do governo brasileiro monitorou diplomatas de três países estrangeiros em embaixadas e nas suas residências, de acordo com um relatório produzido pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e obtido pela Folha. O documento oferece detalhes sobre dez operações secretas em andamento entre 2003 e 2004 e mostra que até países dos quais o Brasil procurou se aproximar nos últimos anos, como a Rússia e o Irã, viraram alvos da Abin. Segundo o relatório, que foi elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em suas viagens. O mesmo foi feito com funcionários da embaixada do Irã, vigiados para que a Abin identificasse seus contatos no Brasil. Os agentes seguiram diplomatas iraquianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar suas atividades na embaixada e em suas residências, conforme o relatório. A Folha entrevistou militares da área de inteligência, agentes, ex-funcionários e ex-dirigentes da Abin nas últimas duas semanas para confirmar a veracidade do conteúdo do documento que obteve. Alguns deles participaram diretamente das ações. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a Abin está subordinada, reconheceu que as operações foram executadas e afirmou que todas foram feitas de acordo com a legislação brasileira. Segundo o governo, foram operações de contrainteligência, ou seja, com o objetivo de proteger segredos de interesse do Estado brasileiro. Nos últimos meses, o vazamento de documentos obtidos pelo analista americano Edward Snowden permitiu que o mundo conhecesse detalhes sobre atividades de espionagem dos EUA em vários países, inclusive no Brasil. (…)
O principal braço de espionagem do governo brasileiro monitorou diplomatas de três países estrangeiros em embaixadas e nas suas residências, de acordo com um relatório produzido pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e obtido pela Folha. O documento oferece detalhes sobre dez operações secretas em andamento entre 2003 e 2004 e mostra que até países dos quais o Brasil procurou se aproximar nos últimos anos, como a Rússia e o Irã, viraram alvos da Abin. Segundo o relatório, que foi elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em suas viagens. O mesmo foi feito com funcionários da embaixada do Irã, vigiados para que a Abin identificasse seus contatos no Brasil. Os agentes seguiram diplomatas iraquianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar suas atividades na embaixada e em suas residências, conforme o relatório. A Folha entrevistou militares da área de inteligência, agentes, ex-funcionários e ex-dirigentes da Abin nas últimas duas semanas para confirmar a veracidade do conteúdo do documento que obteve. Alguns deles participaram diretamente das ações. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a Abin está subordinada, reconheceu que as operações foram executadas e afirmou que todas foram feitas de acordo com a legislação brasileira. Segundo o governo, foram operações de contrainteligência, ou seja, com o objetivo de proteger segredos de interesse do Estado brasileiro. Nos últimos meses, o vazamento de documentos obtidos pelo analista americano Edward Snowden permitiu que o mundo conhecesse detalhes sobre atividades de espionagem dos EUA em vários países, inclusive no Brasil. (…)
Retomo
Vejam bem… A “nossa” espionagem parece ser uma pouco mais rudimentar, não é? Lembro-me de um quadro do infelizmente extinto “Casseta & Planeta” em que apareciam os “homens do saco” — espiões que se apresentavam com saco pardo enfiado na cabeça, com dois buracos no lugar dos olhos. Comparado o que se deu aqui com a operação da NSA, a da Abin está mais para a caricatura. Pouco importa a qualidade do serviço; a questão é de princípio. A espionagem é parte do jogo. É claro que a Abin vai tentar saber quem passou a informação à Folha para punir os agentes. É o seu papel. Imaginem se fosse o contrário; imaginem uma agência de Inteligência, que é braço do estado brasileiro, a incentivar o vazamento de informações…
Vejam bem… A “nossa” espionagem parece ser uma pouco mais rudimentar, não é? Lembro-me de um quadro do infelizmente extinto “Casseta & Planeta” em que apareciam os “homens do saco” — espiões que se apresentavam com saco pardo enfiado na cabeça, com dois buracos no lugar dos olhos. Comparado o que se deu aqui com a operação da NSA, a da Abin está mais para a caricatura. Pouco importa a qualidade do serviço; a questão é de princípio. A espionagem é parte do jogo. É claro que a Abin vai tentar saber quem passou a informação à Folha para punir os agentes. É o seu papel. Imaginem se fosse o contrário; imaginem uma agência de Inteligência, que é braço do estado brasileiro, a incentivar o vazamento de informações…
Outra informação de Ferraz:
“A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitorou um conjunto de salas alugadas pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília por suspeitar que eram usadas como estações de espionagem. A operação ‘Escritório’ é descrita em relatório elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin e obtido pela Folha. Segundo o documento, os agentes brasileiros concluíram que os americanos tinham ali equipamentos de comunicação, rádios e computadores. ‘Funcionando diariamente, com as portas fechadas e com as luzes apagadas, e sem ninguém trabalhando no local’, diz o relatório. ‘Esporadicamente a sala é visitada por alguém da embaixada.’ Como as outras operações descritas no documento da Abin, a ‘Escritório’ foi classificada pela agência como uma ação de contraespionagem.”
“A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitorou um conjunto de salas alugadas pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília por suspeitar que eram usadas como estações de espionagem. A operação ‘Escritório’ é descrita em relatório elaborado pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin e obtido pela Folha. Segundo o documento, os agentes brasileiros concluíram que os americanos tinham ali equipamentos de comunicação, rádios e computadores. ‘Funcionando diariamente, com as portas fechadas e com as luzes apagadas, e sem ninguém trabalhando no local’, diz o relatório. ‘Esporadicamente a sala é visitada por alguém da embaixada.’ Como as outras operações descritas no documento da Abin, a ‘Escritório’ foi classificada pela agência como uma ação de contraespionagem.”
E aí?
O que farão os países “espionados”? Muito provavelmente, nada! Tudo está dentro do jogo. O mínimo que se espera da Abin é que faça isso mesmo. O que não é parte do jogo é haver vazamento de uma operação como essa. É um sinal de que o serviço precisa ser aprimorado. Snowden, no entanto, é a evidência de que não é a sofisticação do aparato que faz a segurança. Por Reinaldo Azevedo
O que farão os países “espionados”? Muito provavelmente, nada! Tudo está dentro do jogo. O mínimo que se espera da Abin é que faça isso mesmo. O que não é parte do jogo é haver vazamento de uma operação como essa. É um sinal de que o serviço precisa ser aprimorado. Snowden, no entanto, é a evidência de que não é a sofisticação do aparato que faz a segurança. Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário