segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

HADDAD, O "LOUCO" DO TARÔ, ACHA QUE OS POBRES NÃO TÊM MESMO CONDIÇÕES DE COMPREENDÊ-LO. POIS É....


Louco - Tarô
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, concedeu duas longas entrevistas, uma a Cristiane Agostine, publicada no “Valor”, na quinta-feira, e outra a Elvis Pereira e Ivan Finotti, da Folha, no domingo. Os repórteres foram generosos com o prefeito, poupando-o de lhes contar — e ouvi-lo sobre o assunto — o que os próprios petistas dizem a seu respeito nos bastidores, especialmente os vereadores e alguns secretários. O adjetivo mais repetido é “incompetente”. A avaliação mais corriqueira é que “não é do ramo”. É incomum, eu sei, mas é assim: os seus correligionários estão mais irritados com ele do que os adversários. Alguém poderia dizer: “Em se tratando de petismo, pode ser bom sinal: talvez, então, ele esteja fazendo coisas boas”. Não é o caso. Ocorre que a impopularidade do prefeito — só 18% de “ótimo” e “bom” e 39% de “ruim” e “péssimo”, segundo o Datafolha — tem impacto também no partido, especialmente no trabalho dos vereadores, que não são recebidos pelo prefeito, junto às suas bases. Haddad, vocês sabem, se considera um pensador, um homem de grandes vôos teóricos (ao menos ele tem essa impressão sobre si mesmo), e odeia o que considera as miudezas do dia a dia. Também não foi indagado sobre seu fabuloso projeto — de fato, uma fábula! — apelidado de “Arco do Futuro”, do qual nunca mais ninguém ouviu falar. Ele, no entanto, parece convicto de que está no rumo certo. Lembra “O Louco” do Tarô, que segue feliz para o abismo. Há uma leitura virtuosa da carta… Quem sabe, né? Se depender dos paulistanos, no entanto…São Paulo já estava intransitável. Haddad resolveu transformar a vida dos paulistanos num verdadeiro inferno, com as suas faixas exclusivas de ônibus. Inicialmente, a idéia parecia boa — afinal, se os usuários chegarão com mais rapidez a seu destino, por que não? Ocorre que a medida conseguiu desagradar a gregos e troianos e ainda atingir outros “povos” que não estavam na contenda. E o prefeito promete aumentar a dose do remédio para ver se minimiza os efeitos colaterais. Ninguém discute com o Louco. Vejam a carta. O cãozinho bem que tenta adverti-lo… Ele, no entanto, segue em frente.
Faixas da discórdiaCom as faixas, os ônibus ficaram mais rápidos, claro!, e as empresas aproveitaram para diminuir o número de veículos — logo, eles estão, agora, lotados a qualquer hora do dia. Como se tornou virtualmente impossível mexer nessa equação por falta de recursos, não há o que possa ser feito. Os usuários, que poderiam ser os maiores beneficiários da medida, estão furiosos. As faixas estrangularam o espaço dos carros, provocando a paralisia de determinados pontos da cidade que tinham, até outro dia, um trânsito fluente. Em algumas avenidas — cito o caso da Sumaré, na Zona Oeste, onde circulam poucos ônibus — as faixas ficam desertas, sem ver um único coletivo por muitos minutos, enquanto os motoristas de carros amargam congestionamentos imensos. Estão descontentes os usuários de transporte coletivo e também os donos de automóveis. Os comerciantes das avenidas que ganharam a faixa viram minguar o seu faturamento porque, evidentemente, não vendem só a pedestres. Fernando Haddad conseguiu o milagre de desagradar a todos ao mesmo tempo. Nas entrevistas, no entanto, o Louco parece ver aí uma espécie de medida do seu sucesso. Indagado a respeito, disse à Folha:
“Se fosse fácil [implementar as faixas], teriam feito antes. É que não é fácil você tomar uma medida como essa e privilegiar o transporte coletivo numa cidade caótica do ponto de vista da mobilidade. É uma decisão difícil. Agora, está correta? Na minha opinião, está. É a tendência mundial. São Paulo é criticada por ter demorado tanto tempo para tomar essa decisão. Agora, a resistência vai se organizando. As pessoas vão começar a contestar, é natural. Mas duvido que perca a aprovação da maioria.”
Os xiitas de Haddad e os táxis
E o mais comovente é que o prefeito pensa em radicalizar a experiência, tornando a vida dos paulistanos ainda mais difícil. A que me refiro? Os “especialistas” do prefeito querem proibir os táxis de usar os corredores, o que hoje é permitido se estiverem com passageiros. Essa exigência, note-se, é um erro — e este não motorista dirá em breve por quê. Nas faixas exclusivas, os taxistas já não podem transitar. Muito bem! Basta circular pela cidade para perceber que os táxis não atrapalham os coletivos. Até porque, nos corredores de alta demanda — avenidas Rebouças e Santo Amaro, por exemplo —, com alguma frequência, melhor é fugir deles para não pegar uma fila interminável de ônibus. Acontece que os esquerdinhas do miolo mole que ficam soprando ao ouvido do prefeito soluções fáceis e erradas para problemas difíceis são chegaditos  a um arranca-rabo de classes. Nas entrevistas que concedem, demonizam o transporte individual e tratam os motoristas de carros particulares como se fossem criminosos e sabotadores da cidade. Eis que, de súbito, o usuário de táxi entrou na dança. Afinal, também essa modalidade seria nada menos do que “transporte individual”. É? PERGUNTA RÁPIDA: AS CICLOVIAS, POR ACASO, PRIVILEGIAM O TRANSPORTE COLETIVO, SENHOR FERNANDO HADDAD?
Há uma questão de lógica elementar que precisa ser levada em conta: a esmagadora maioria dos usuários de ônibus não tem carro. Assim, tornar mais rápidos os coletivos não tira necessariamente automóveis da rua. Não ainda. Para que isso venha a ocorrer em volume significativo, o serviço tem de melhorar brutalmente. Com o táxi, é diferente. SE PUDEREM TRANSITAR NOS CORREDORES E NAS FAIXAS, muita gente deixará seu carro em casa. Pode até gastar um pouco mais, mas vai escolher perder menos tempo. O carro particular costuma, de fato, carregar apenas uma pessoa; um táxi transporta por dia mais de 30 passageiros. Assim, em vez de proibir os táxis de circular nos corredores, o correto seria permitir que circulassem também nas faixas — COM OU SEM PASSAGEIROS! Por quê? Para que cheguem mais depressa a seu destino e atendam com mais rapidez o cliente. Se o objetivo é tirar carros de circulação, quanto mais houver estacionados em suas respectivas garagens, melhor!  Ora, por que o dono de um automóvel escolheria enfrentar o congestionamento num táxi a fazê-lo em seu próprio veículo, ouvindo a música ou a estação de rádio de que gosta?
O sabichão e o povo desprezível
Mas quê… Haddad não está nem aí. Ele é sabido demais. E deixa claro que o problema é o “conservadorismo”… O prefeito confunde a sua incompetência com progressismo. E parece desconfiar bastante da sabedoria do povo… Ao “Valor”, afirmou: “Não digo que São Paulo é conservadora, mas atuam na cidade forças muito conservadoras, um poder econômico muito conservador.”Huuummm. Digam-me em que os “conservadores” andam a prejudicar o seu trabalho. Numa fala um tanto oblíqua, sugere que a avaliação negativa que dele têm os paulistanos é coisa de gente ignorante, entenderam? Especialmente os pobres. Leiam o que ele disse ao “Valor”: “Estamos fazendo um Plano Diretor depois de 11 anos, que é revolucionário. Repactuando a dívida com a União. Mas isso tudo como é que a população do Itaim Paulista vai compreender? Não vai. Não existe possibilidade de conseguir explicar reformas estruturais para uma pessoa que passava até outro dia quatro, cinco horas dentro de um ônibus. A pessoa não tem essa possibilidade de se informar". Entendi. Os pobres não têm competência intelectual para compreender o prefeito… O mais impressionante é que o prefeito venceu a eleição justamente em razão da maioria que obteve nessas áreas pobres. Assim, parece que ele só é prefeito por obra da desinformação. Querem saber? Isso faz sentido! Por Reinaldo Azevedo

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