sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MORRE AOS 75 ANOS O DIRETOR DE TEATRO E DRAMATURGO FAUZI ARAP

Morreu na madrugada desta quinta-feira, em sua casa, em São Paulo, o diretor, ator e dramaturgo Fauzi Arap. Um dos nomes mais relevantes do teatro brasileiro, Arap tinha 75 anos e sofria de câncer na bexiga. Nascido em São Paulo, em 1938, Fauzi Arap estudou engenharia civil, profissão que teria seguido, não fosse atraído para o teatro no fim dos anos 1950. Começou carreira como ator no Teatro Oficina, que ainda estava em sua fase amadora, e participou da primeira montagem profissional do grupo, em 1961, A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odetts. A peça, já com direção de José Celso Martinez Corrêa, rendeu a Arap os prêmios Saci e Governador do Estado de melhor ator coadjuvante, confirmando que a sua aposta no teatro era certeira. A consolidação da carreira de ator viria já nos anos seguintes, em peças tanto do Oficina como do Teatro de Arena. Entre elas, José do Parto à Sepultura (1961), de Augusto Boal, com direção de Antônio Abujamra, no Oficina; A Mandrágora (1962), de Maquiavel, com direção de Boal, no Arena; Pequenos Burgueses (1963), de Máximo Gorki, em que substituiu Raul Cortez no papel do bêbado Teteriev, pelo qual foi muito elogiado; e O Inoportuno, de Harold Pinter, que rendeu uma crítica positiva de Décio de Almeida Prado. Da atuação para a direção, foi um pulo. A estréia como diretor aconteceu em 1965, com Perto do Coração Selvagem, adaptação da obra de Clarice Lispector (1925-1977) assinada por ele mesmo. Em 1967, Arap dirige e estrela, ao lado de Nelson Xavier, Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos. Em 1968, a convite da atriz, dirige Tônia Carrero em Navalha na Carne, também de Plínio Marcos. O espetáculo se torna um sucesso e se converte em um dos clássicos do teatro nacional. Apesar da adaptação do romance de Clarice, é com Pano de Boca, de 1975, que Arap se lança como autor. Na peça, faz um balanço dos caminhos e descaminhos do teatro brasileiro nos anos 1960 e 1970, a partir dos fatos que sacudiram o Teatro Oficina, de acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro. Também na década de 1970, Arap flertou com a MPB. Dirigiu Maria Bethânia no antológico show Rosa dos Ventos, de 1971, em que a cantora baiana expôs sua veia dramática e seu amor pela poesia.

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