sábado, 11 de janeiro de 2014

ECONOMISTAS AVISAM QUE ALTA DA INFLAÇÃO DEVE CONTINUAR A PREOCUPAR EM 2014

Depois de surpreender o mercado ao fechar 2013 acima do esperado, a 5,91%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve continuar preocupante em 2014. O cenário para este ano é de diminuição das medidas de desoneração, o que deve ter reflexo nos preços, e de eleições presidenciais, quando é comum que governos federal e estaduais promovam mais gastos públicos, pressionando os preços. Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, haverá permanência de risco inflacionário porque o ritmo de arrefecimento dos preços ainda é muito lento. "O recuo ainda é muito modesto, embora a tendência dos preços livres seja de continuar a trajetória de desaceleração", afirma. A economista explica ainda que um dos impactos na inflação é a dificuldade que o governo tem de fazer ajuste fiscal. Zeina lembra que, mesmo com a inflação provocando dores de cabeça no governo no ano passado - o IPCA estourou o teto da meta, de 6,5%, em junho - a presidente Dilma Rousseff anunciou programas de estímulo ao consumo, como o Minha Casa Melhor. Programas de estímulo ao consumo ajudam a elevar os preços. A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, classificou o resultado do IPCA como "desastroso", levando em conta o esforço de desonerações feito pelo governo para controlar a alta de preços administrados, como o da energia elétrica. "Não tem nada para comemorar. É muito ruim, em um ano no qual o governo fez de tudo e tomou medidas que custaram caro", disse. Ela lembrou que os preços administrados (ligados a tarifas, e que podem ser controlados pelo governo) fecharam 2013 com alta de apenas 1,5%, influenciados principalmente pela redução do preço da energia elétrica, de cerca de 20%, pela manutenção das tarifas de transporte público em muitas cidades e também pelo controle de preços da gasolina, que ainda estão defasados com relação ao mercado internacional. Segundo Alessandra, esse cenário reforça a expectativa de que o ano que se inicia será de inflação alta, na casa dos 6%, com risco de estouro do teto de 6,5% da meta buscada pelo Banco Central: "Nessa previsão de 6% existe pouco espaço para a acomodação de choques. Se o ano tiver qualquer choque de câmbio ou de alimentos, há risco de a inflação ficar muito próxima do teto ou passar do teto". Para o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, a inflação será a grande preocupação deste ano na economia. Ele lembrou que o governo precisará tirar os estímulos fiscais (desonerações) e diminuir o controle sobre os preços administrados (gasolina, óleo diesel e energia, especialmente). “O que pode pesar positivamente é o quadro de chuvas, que pode reduzir o preço da energia este ano e os preços de alimentos, que devem ser menos desfavoráveis em 2014 – 2013 foi um ano muito ruim”, diz. Contudo, ele explica que o governo já sinaliza que os reajustes de combustíveis, por exemplo, serão feitos de forma gradual, o que suavizaria o impacto do item nos preços. Barbosa comentou ainda que a tendência de câmbio mais desvalorizado também deve pesar no IPCA de 2014. Com o dólar mais alto, fica mais caro comprar produtos importados — o que estimula o consumo interno e, consequentemente, pressiona os preços para cima. Em relatório distribuído ao mercado, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, prevê que a taxa básica de juros, a Selic, encerre o ano em 11% ao ano, acima das estimativas do Boletim Focus, que indicavam até o momento a Selic em 10,5% no final deste ano. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizará a primeira reunião do ano e deve fazer uma nova elevação na taxa básica de juros.

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