terça-feira, 7 de janeiro de 2014

NA VENEZUELA, SALÁRIO MÍNIMO SOBE 10%, MAS PARA COMPRAR O QUE, SE FALTA ATÉ PAPEL HIGIÊNICO NO PAÍS?

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na noite de segunda-feira um aumento de 10% nos benefícios previdenciários e no salário mínimo. Em discurso às redes de rádio e televisão, ele disse que o aumento tem como objetivo "proteger a classe trabalhadora, que é a primeira vítima da inflação". A medida do governo elevou o salário mínimo para 3.270 bolívares, ou 519 dólares (1.230 reais) pela taxa de conversão oficial. A medida, contudo, pode agravar os desequilíbrios econômicos que dilaceram o país. A inflação de 2013 fechou em 56%, a mais alta do continente americano e mais do que o dobro da taxa registrada no país no ano anterior. "Este é um mau sinal", disse Angel Garcia Banchs, diretor da consultoria Econometrica, de Caracas: "Isso significa que as pessoas terão mais bolívares em seus bolsos, que não serão convertidos em mais bens e serviços na economia". O aumento do salário mínimo ocorre no momento em que o país enfrenta falta de bens que vão de carros a produtos básicos, como papel higiênico. O índice de escassez do banco central do país, que mede o porcentual de bens que faltam nas prateleiras do comércio, subiu para 22,4% em outubro, o mais alto em quatro anos. Os dados de outubro são os últimos disponíveis. O indicador mostrou piora em razão dos absurdos controles de preços impostos pelo governo e que penalizam a produção. Além disso, a falta de capital para as empresas locais investirem é agravada com a impossibilidade de acesso ao dólar. Maduro costuma responsabilizar a ganância do setor privado como responsável pelos problemas do país. Segundo ele, as empresas 'trabalham' para elevar a inflação e desestabilizar o regime. O ditador não diz que a alta da inflação é provocada pelos altos gastos do governo nos últimos anos. Analistas de Wall Street dizem esperar a desvalorização do bolívar por Maduro nos próximos meses, já que a medida ajudaria o Estado a ganhar mais em moeda local quando converter os dólares da venda de petróleo.

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